sábado, 6 de julho de 2013

Ecos dos Protestos - XIII

- o avião presidencial do presidente Evo Morales, da Bolívia, foi impedido de pousar em vários países europeus sob a alegação de que estaria a bordo da aeronave o espião da CIA Edward Snowden, caçado vivo ou morto pelo governo dos EUA.

- desde 2010 os povos , em diferentes países, saem às ruas aos milhares para protestar contra os governos.

- Julian Assange, Bradley Mannig e Edward Snowden são declarados inimigos mortais dos EUA por terem trazido ao mundo informações úteis e relevantes.

O caro leitor deve estar se perguntando o que esses assuntos tem em comum.
Na realidade eles são um só, diferentes manifestações da realidade atual.
Desde a primavera árabe, em 2010, e os movimentos occupy , na europa e nos EUA, que os povos do mundo mandam um recado bem claro. Reforçando a mensagem das ruas, as ações da maioria dos governos caminham em sentido contrário. O povo nas ruas , independente do país, rejeita a atual democracia representativa, quando ela existe, e pede democracia , onde ela não existe. A mensagem é clara, ou seja, o povo quer participar na tomada de decisões dos governos, por um lado, e também deseja eleger seus representantes, por outro lado. O avanço da democracia com maior participação popular é um desejo mundial. A resposta da maioria dos governos envolvidos em manifestações tem sido desastrosa, quando não, arrogante, ao ignorar a vontade das ruas. Assim aconteceu nos EUA e europa , que seguem com seu mantra político econômico de maldades e violência contra os povos. O cenário que se desenha nesses anos mostra um mundo que rejeita a si próprio, mas que se mantém inalterado em seu curso por conta da violência do poder do sistema mundo, ou seja, uma reduzida minoria que se benefica da realidade atual. O lema 'We are the 99%', do movimento occupy wall street foi perfeito. Diante dessa realidade, que em outros momentos da história também existiu mas sem a peculiaridade do momento (que é a adesão de toda a imprensa mundial ao poder atuando como megafone dos interesses desse poder ), restou aos povos de todo mundo apenas, o que não é pouco, a sua força . Em outros tempos a imprensa atuou como um fiscal dos poderes ( watergate, ditaduras na América do Sul, como exemplo de resistência da imprensa ), aliada do povo. defensora do estado de direito. A partitr da década de 1990, tudo isso mudou radicalmente, tanto no posicionamento da imprensa como aliada do poder em detrimento das necessidades do povo, como na ascensão das novas tecnologias da informação. E essas novas tecnologias, que desenharam uma sociedade em rede, permitem uma troca instantânea de informações , conhecimento, culturas. Não por acaso, os povos, independente de seus países, se aproximam e "falam a mesma língua". A informação prestada pelo soldado Bradlley Mannig ( preso e torturado) desmascara a vitória da democracia e de um mundo civilizado, cantada em verso e prosa a partir de 1990. As informações de Edward Snowden( caçado vivo ou morto pelos EUA) sobre um sistema de espionagem mundial de pessoas, órgãos diplomáticos e governantes, desmascara a vitória de um mundo livre e democrático. O pós-jornalismo de Julian Assange, em sintonia com as novas tecnologias de informação que emergiram nos últimos anos, trouxe relevantes informações sobre os jogos de poder e a maneira como decisões são tomadas para beneficiar uma minoria, de pessoas e corporações pelo mundo. Assange, Sonwden e Mannig, não se situam nos princiapis poderes e nem na imprensa e, ao revelarem verdades que são diariamente omitidas e ocultadas das pessoas sofrem violenta perseguição. Eles representam todas as pessoas nas ruas em manifestações,todos os povos do mundo atual. A velha imprensa mundial não atende mais aos povos, assim como a democracia de fachada também é rejeitada. O que vem a tona por conta das trocas e informações com as novas tecnologias de informações , e também por conta das evidências sobre a farsa do sistema mundo, é a tomada de consciência das pessoas de que só resta a força do povo, daí a proliferação de manifestações em todo o mundo. Ignorar as reivindicações das ruas, como tem ocorrido na maioria esmagadora dos países, é alimentar a insatisfação e o mal estar geral com o mundo atual.
O impedimento de pouso para o avião de Morales, por supostamente ter a bordo Snowden que contribui com suas informações para um mundo democrático e civilizado, revela a contramão dos governos e do poder mundial com a vontade dos povos e também o desprezo pela verdade e pela democracia. As manifestações populares que começaram em 2010 com a primavera árabe, talvez estejam apenas começando e podem revelar algo bem maior ainda por vir.

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