quarta-feira, 19 de junho de 2013

Passe Livre Para Todos


O Protesto

 E tudo começou por causa do aumento de 0,20 centavos na tarifa dos ônibus do transporte público da cidade de São Paulo.
Hoje, 19.06.13, dia de futebol do Galvão na globo,  fica uma dúvida se todas as pessoas que estão nas ruas nas manifestações, lá estão por causa do aumento das passagens do transporte público. Certamente que não.

A Polícia

O mundaréu que se vê nas ruas ultrapassou, em muito, os vinte centavos de aumento.
Por outro lado, todo esse povo é um retrato da sociedade.
Em uma sociedade, uma pequena parcela desta, apenas uma pequena parcela, vive à margem dessa sociedade. E por viverem à margem, são os marginais, delinquentes ou  não.
Nos estádios de futebol o mesmo acontece com o público.
Nas manifestações que acontecem também se vê o mesmo.
A sociedade perfeita não existe, é uma utopia.
Logo se conclui que os 100 mil que estão nas ruas, motivados por uma causa que não necessáriamente é única,   pode ser considerado como uma amostra da sociedade.
Em sendo assim, uma minoria  destoa do objetivo da manifestação. Sempre foi assim ao longo do tempo, é assim atualmente, e sempre será assim.
Até aí nada de novo.
É dever dos ógãos de segurança pública zelar pela segurança da população que expressa seu direito de se manifestar.
Infelizmente não é o que se vê.
Ou a polícia se apresenta para bater no povo, ou ela se ausenta das ruas.
Tudo isso é sintomático. Revela uma polícia  que não evoluiu , um aparato policial dos tempos da ditadura militar, onde reprimir o povo em seus direitos era a regra. Revela mais ainda, a politização dos governos estaduais, principalmente do estado de São Paulo, que parece desejar o caos total para capitalizar dividendos políticos nas próximas eleições.
Retirar praticamente todo o efetivo policial das ruas de uma cidade, é de uma irresponsabilidade gigantesca.
Esse é um aspecto que pôde ser observado nas manifestações do Rio de Janeiro e de São Paulo e remete a todos a refletir sobre a necessidade de uma nova polícia e de novos órgãos de segurança pública que sejam voltados para a maioria da população  e não como  a policia atual, corrupta, marginal, aliada do crime organizado, que para justificar sua existência perante a sociedade apenas prende e mata pobres.

A Imprensa Mutante

Um outro aspecto foi a mudança radical na cobertura dos protestos pelos grandes veículos da imprensa e da mídia em geral.
No início, toda a grande imprensa e seu apararto midiático liderado por fascistas como Datena e Jabor , exigia , com toda a encenação teatral , que os órgãos de segurança pública agissem com força e violência contra os manifestantes , que em sua maioria eram chamados de vândalos e bandidos pelos veículos da grande imprensa.
Os protestos cresceram e a imprensa recuou.
Esse recuo nada mais foi que um ajuste para o que , agora, assistimos na cobertura dos grandes meios de comunicação.
Antes contrários aos manifestantes, hoje a grande imprensa e seu aparato midiático se coloca cínicamente ao lado deles, enaltecendo  a liberdade, a democracia e o direito de se expressar livremente. 

Passe Livre e Justiça Social
 
E aí entra um outro aspecto das manifestações.
Mergulhada em um transtorno obsessivo e compulsivo na tentativa de desgastar e até mesmo derrubar os governos de Lula e Dilma, independente dos erros e acertos destes governos, a grande imprensa vê nos protestos uma excelente oportunidade de mais uma vez manipular a opinião pública, distorcer os fatos e até mesmo, em parceria com governos politicamente afins, propagar a violência e o caos nas ruas das grandes cidades.
Foram raras as ocasiões, se é que existiram, que o noticiário da grande imprensa abordou  a questão da redução do valor das passagens do transporte público. 
Tarifas de transporte  público gratuitas, ou mesmo com valores bem abaixo dos atuais, significa uma discussão sobre elementos inseridos em uma lógica de  justiça social.
O transporte, a educação e a saúde públicas de qualidade são direitos de todos, conforme contemplado na constituição cidadã do Brasil, de 1988.
Esse aspecto não é debatido nos meios de comunicação, já que a maioria dos veículos de mídia  é alinhada e  defensora de uma lógica em que esses serviços devem ser tratados como mercadoria, motivo de lucro e acumulação incessante.

Política e Políticos 

Assim sendo, pois é assim que se apresenta, a grande imprensa hoje posando ao lado dos manifestantes traz em seus panfletos políticos impressos, também conhecidos como jornais diários, notícias de que a motivação principal dos manifestantes seriam os políticos e os partidos políticos, ignorando a legitimidade da demanda do passe livre e, com isso, tentando embolsar a manifestação para atender seus interesses políticos. Não faltam artigos, demonizando os políticos e principalmente os partidos políticos presentes  com bandeiras nas manifestações.
Cabe ressaltar, que independente do caráter apartidário da manifestação, o que os manifestantes fazem nas ruas é política e, mais ainda, toda a pauta de reivindicações do movimento será apresentada e discutida com as autoridades e a decisão será sempre política.
A sociedade sem política não existe, é uma utopia e, mesmo as utopias mais avançadas como o auto governo exigem o exercício diário da política.
Talvez os manifestantes estejam insatisfeitos com  os políticos e a forma de fazer política atuais. De fato , muito deve ser melhorado neste campo, a começar pelo financiamento de campanhas, onde políticos recebem fortunas de empresas privadas para se elegerem e , quando eleitos, defenderem os interesses dessas empresas. Tudo isso é uma caixa preta para o cidadão, que a grande mídia também oculta pois é , enquanto um segmento endinheirado , grande beneficiária desse modelo. Com esse modelo, as assembléias legislativas são espaços para grandes lobbies conduzidos e defendidos por políticos eleitos pelo povo, que durante suas campanhas obviamente não apresentam e muito menos dizem quem os financia. Pelo contrário, ainda se apresentam com um discurso em favor dos mais pobres e etc...
Logo a política é essencial assim como os partidos políticos. O que está em jogo é o fazer política, que entendo deve ser transparente, com a pariticipação direta da sociedade na discussão da aplicação dos recursos públicos e na fiscalização da aplicação desses recursos.

Democracia Participativa

Estamos falando de mais Democracia, precisamente de Democracia Participativa em lugar da Democracia Representativa atual, que parece que esgotou seu repertório.
Por outro lado é importante citar, que a democracia participativa exige a organização da sociedade em comitês e grupos com atuação responsável e direta nos assuntos referentes aos bairros, vilas, cidades , estados e mesmo em assuntos em interesses nacional.
Nada disso interessa aos veículos da grande imprensa, pois sabidamente são avessos a participação popular na discussão dos principais temas da sociedade, e ainda trabalham diariamente para despolitizar a população e a política.
Ainda sobre os partidos políticos, independente do caráter apartidário das manifestações, os partidos que participam das manifestações - PSol e PSTU - são historicamente partidos de luta ao lado do povo. Não se vê bandeiras desses dois partidos em campanhas organizadas por governos, como foi o caso da campanha dos royalties do petróleo aqui no Rio e também nas palhaçadas de movimentos como Cansei, organizada pela imprensa. Estranho seria encontrar bandeiras de PSDB, por exemplo, nas manifestações atuais. Aí, sim, poderíamos chamar de oportunismo. Quero ainda citar que não sou eleitor desses dois partidos , apenas reconheço que estão sempre presentes nas lutas do povo.

Construção de um Golpe 

Voltando ao nosso tema, sem  que jamais tenha sido deixado de lado, podemos afirmar sem medo de acertar que a grande imprensa e todo o seu aparato midiático mergulhou no movimento do Passe Livre carregada com uma lógica de manipulação. Ontem, 18.06.13, proliferaram nas emissoras de tv, imagens e reportagens de manifestantes que em nada representavam a principal pauta do movimento. Na tv bandeirantes, sempre sob o comando do manipulador Datena, uma faixa portada por um manifestante com dizeres contrários a corrupção, mereceu generosos minutos de exposição da emissora e comentário do apresentador em apoio aos dizeres da faixa e , claro, críticas aos políticos. Passe  Livre ? Nada
Justiça Social ? Nada
Nas outras emissoras, globo, sbt, rede tv e record, a estratégia foi a mesma. Os repórteres dessas emissoras deram  generosos destaques as entrevistas com manifestantes que tivessem um discurso contrário ao governo federal, a ponto de a emissora Record News apresentar uma manifestante que vive há décadas em Portugal, dizer que a culpa é da Presidenta Dilma. Como se sabe as entrevistas com manifestantes não vão ao ar ao vivo, são escolhidas a dedo.
Ŧambém foram divulgadas , com generosidade, fotos e imagens de artistas de tv presentes nas manifestações. Na maioria dos casos, os artistas reproduziam o discurso de seus patrões. E ainda, sem querer esgotar o assunto mas revelando um sintoma altamente conservador e aliado dos meios de comunicação,  Caetano Veloso disse apoiar os manifestantes.
É sabido que quanto mais as manifestações durem, maiores serão as infiltrações cada vez mais organizadas de grupos interessados em ações de caráter político, que venham a produzir conteúdos de interesse, prévio ou não, dos grandes meios de comunicação.
Que fique bem claro, os manifestantes não são bandidos, mas também não são membros de Opus Dei ou da TFP ( Tradição Família e Propriedade).

A Pauta de Reivindicações

Certamente as lideranças do movimento irão apresentar às autoridades uma pauta com as reivindicações. Interessante seria  como também desejável, que a justiça social norteasse toda a pauta. Assim não só o transporte coletivo de qualidade com tarifa justa, mas a educação, a saúde gratuita e de qualidade sejam inseridos. Ainda mais, uma reforma política parece inadiável, assim como uma reforma agrária que permita garantir trabalho, renda e dignidade no campo para as pessoas , contribuindo não apenas no crescimento da agricultura familiar ( aquela que produz o que vocẽ come) mas na produção de alimentos saudáveis.
Neste momento, de consolidação e avanços, importante também a democratização dos meios de comunicação com uma nova lei e regras para o setor.
Uma mídia plural e democrática, onde exista espaço para livre expressão de todos os segmentos da sociedade, também parece inadiável.
Espaço esse onde os jovens também poderão falar de si mesmos , produzindo e divulgando seus conteúdos com seu próprio olhar, e não como acontece hoje no oligopólio midiático, onde o jovem é retratado por um olhar que não é o seu, e mais, carregado de esteriótipos e propostas para uma cidadania alienante.
Talvez um dos recados das ruas seja:
"Não somos autômatos consumistas"






































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