quarta-feira, 12 de junho de 2013

Passarinhos Obscuros

 'MENSALÃO' TORTUROU A REALIDADE PARA EXTRAIR A 'PROVA' DO CRIME 
 Maria Inês Nassif 

Para justificar a denúncia de que o chamado Mensalão foi um
esquema do PT para comprar apoio de outros partidos no Congresso, para assuntos de interesse do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o então procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, partiu da tese de que o dinheiro do Fundo de Incentivo Visanet (FIV), que era usado pelo BB para promover a marca Ourocard e o uso dos cartões de débito Eléctron, financiou este esquema. Fazia as campanhas para o Banco do Brasil a agência de publicidade DNA, do empresário Marcos Valério, por força de uma licitação que datava do ano 2000. O então procurador-geral, Fernando de Souza, incluiu apenas o nome do diretor de Marketing do BB, Henrique Pizzolato, ligado ao PT, na denúncia apresentada ao STF e excluiu os outros três executivos da mesma área. Um deles era Claudio Vasconcelos. Se fosse aceita a tese de coautoria, os quatro teriam que ser denunciados - e, neste caso, a narrativa do 'mensalão' enfrentaria um grande complicador: três deles, os excluídos, estavam no BB antes do governo Lula, nomeados na gestão Fernando Henrique Cardoso. Pior, os procedimentos contábeis  considerados irregulares, reiterados pela denúncia de Souza ao STF, datavam de 2001, dois anos antes de Pizzolato assumir a direção de Marketing do banco.

(Leia a íntegra da quarta reportagem de Maria Inês Nassif, que desmonta a narrativa criada para sustentar o processo do chamado ‘mensalão em CARTA MAIOR)
(Carta Maior;4ª feira, 12/06/2013)



Ponto fora da curva


Celso Antonio Bandeira de Mello



Celso Antonio Bandeira de Mello
Celso Antonio Bandeira de Mello
Não houve até agora, nem parece que possa haver, uma crítica mais sintética, mais precisa e mais equilibrada do que esta. É pelo menos, a interpretação que dou ao comentário do Ministro. Creio, de todo modo, que ali se resumiu modelarmente o pensamento das pessoas especializadas em Direito. O que delas se escuta, na maior parte das vezes à boca pequena, porque os que militam nesta área compreensivelmente não desejam se indispor com os membros do Tribunal mais alto do País, é que se sentem escandalizados com a forma como foi conduzido o julgamento, com o desprezo em relação ao princípio da inocência até prova em contrário, com a aceitação da responsabilidade objetiva sem apoio em prova alguma e com a escandalosa desproporção das penas aplicadas em comparação com as que são impostas no País inclusive para crimes hediondos.
O fato da Grande Imprensa estar eufórica com o que ocorreu, não é de surpreender, até porque ela teve, como tudo indica, um papel preponderante no encaminhamento destes resultados. Resta agora esperar que a opinião otimista do Ministro Barroso sobre o possível caráter singular e episódico do ocorrido seja verdadeira para que o País não enverede pelo obscurantismo.
Celso Antônio Bandeira de Mello é professor emérito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Jornal do Brasil, quarta-feira, 12.06.2013


O julgamento do "mensalão", com todo o repertório de "provas" associado ao espetáculo midiático, foi a maior farsa da história do país.

Aquele que a imprensa apresentava como o maior julgamento da história, revela-se não o maior, muito menos o menor, em hipótese alguma o mais importante, mas o mais criminoso e vergonhoso para a jovem democracia brasileira.

Independente das sucessivas trocas de gravatas pelos membros da alta corte, o que deve ter  causado arrepios nos profissionais das tv's com função de continuístas , o  julgamento foi uma mini série, uma novela, cuidadosamente apresentada como tal pelas emissoras de tv e pela grande imprensa com início, meio e fim bem definidos préviamente, onde o governo bem sucedido e democrático do PT e muitos quadros do partido seriam condenados.

Com uma cobertura midiática que tinha por objetivo sufocar o público, através da repetição ad nauseun de palavras chaves e conceitos que tinham sempre por objetivo apresentar os réus como criminosos, a imprensa , mais uma vez, atropelou a democracia, torturou a realidade e impôs, com o auxílio da suprema corte, sua agenda política para golpear e até mesmo derubar  um governo legítimo e democrático.

Para tanto toda a história do "mensalão" assim como sua narrativa foi cuidadosamente construída para atingir os fins previamente desejados e estabelecidos .

Fatos foram ignorados para que "provas supostamente irrefutáveis" fossem  apresentadas .

O distanciamento no tempo, mesmo que ainda bem próximo das inúmeras cenas de magistrados em discursos , sempre é um fator decisivo para que a verdade seja reestabelecida. 

Contribui para isso a violenta e massiva cobertura midiática que uma vez encerrada, mesmo que poucos dias após pois o barulho foi intenso, possibilita às pessoas o reestabelecimento da razão e a compreensão precisa e exata dos acontecimento, já que reflexões críticas e análises surgem de forma civilizada e esclarecedora.

Entretanto, um fato de extrema gravidade pode ser notado no noticiário.

Na grande imprensa, principalmente,  o globo, folha de SP, estado de SP, revistas veja, época , isto É , nas emissoras de tv, globo, bandeirantes, rede tv, record, sbt  e na maioria das emissoras de rádio como ou sem o dna dos veículos impressos e de tv, nada sobre as fraudes no processo do julgamento é apresentado e menos ainda debatido.

Quando o assunto é citado , nem de longe se assemelha ao tom , a eloquência  e também ao tempo disponível,  dedicado por essa imprensa quando do julgamento .

Pior do que isso  foi ainda a matéria  de capa da revista veja, da última semana, em uma tentativa de corroborar a farsa do julgamento  ao apresentar um dos condenados em uma matéria que a própria revista acenou não ser verdadeira.

Talvez a crescente repercussão na sociedade sobre a farsa tenha justificado a matéria de capa de veja.

Em suma, a sociedade que durante semanas, diariamente, foi metralhada com "informações" sobre o julgamento, hoje, se vê orfã das informações que apontam para a verdade dos fatos. 

Para uma parcela da população mais atenta aos desdobramentos do julgamento, fica a nítida impressão de  que a grande imprensa cumpriu o seu papel e dá como encerrado o julgamento, mesmo que a realidade aponta o contrário.

Em um passado que começa a ficar distante, porém em nada resolvido, um ministro do estado brasileiro, em uma reunião com o presidente e todos os demais ministros, assim se referiu quanto a decisão que deveria ser tomada e que naquele momento estava sendo discutida:

" às favas com a democracia, com os direitos e com a verdade"

O julgamento do mensalão é o obscurantismo mostrando sua face.
 

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