domingo, 23 de junho de 2013

Good Morning, Brazil

A TV organiza a massa

A mudança da grade de programação, com a troca da novela pelas manifestações “ao vivo”, na última quinta (20), é ainda mais emblemática. Sinalizou para o telespectador que algo de muito grave estava ocorrendo e ele deveria ficar “ligado na Globo” para “entender” a situação.



19 jun 2013            
(*) Artigo publicado originalmente na Rede Brasil Atual.

"Este não foi um movimento partidário. Dele participaram os setores conscientes da vida política brasileira". (Editorial de O Globo, 2/4/1964)

A TV, chamada de “Príncipe Eletrônico” pelo sociólogo Octavio Ianni, está conduzindo as massa pelas ruas brasileiras. À internet coube o papel de convocar, à TV de conduzir.

Ao perceber que o movimento não tinha direção e poderia assumir bandeiras progressistas, as emissoras de TV, com a Globo à frente, passaram a conduzi-lo.

Nos primeiros dias, para as TVs, eram vândalos que estavam nas ruas e precisavam ser reprimidos. Reproduziam em linguagem popular o que pediam os editoriais da mídia impressa.

Não esperavam, no entanto, que o movimento ganhasse as proporções que ganhou. Longos anos de neoliberalismo exaltando o consumo e o individualismo tiraram de algumas gerações o prazer de fazer política voltada para a solidariedade e a transformação social.

Os partidos que poderiam ser eficientes canais de participação passaram a se preocupar mais com o jogo do poder do que com debate e o esclarecimento político, tão necessário na formação dos jovens.

Tudo isso estava engasgado. O movimento do passe livre serviu de destape. Reprimido com violência como queria a mídia, ele cresceu. Milhões foram às ruas em repúdio ao vandalismo policial daquela quinta-feira (13).

As bandeiras, ao se multiplicarem, diluíram. A história registra o surgimento, nesses momentos, de líderes carismáticos ou de militares bem armados para levar as massas à trágicas aventuras. Alemanha nos anos 1930 e o Brasil em 1964 são apenas dois exemplos.

Em 2013, quem assumiu esse papel foi a TV. Percebendo a grandeza física do movimento, mudou o discurso e passou a exaltar a “beleza” das manifestações. Ofereceu para elas as suas bandeiras voltadas para assediar o poder central.

O grito genérico contra a corrupção ecoa a tentativa de golpe contra o governo Lula em 2005, ensaiado pelos mesmos agentes de hoje. Naquela época o esforço era maior. A TV tinha de convencer a massa a ir para a rua. Em 2013 ela já estava caminhando, era só entregar as bandeiras.

É o que estão fazendo com todo empenho. A exaltação ao povo que “acordou” foi só o começo. O JN, na sexta-feira (14), censurou uma entrevista dada no Rio por uma integrante do Movimento do Passe Livre, Mayara Vivian.

Enquanto ela falava dos ônibus, tudo bem. Mas a parte em que ela defendia a reforma agrária, a reforma política e o fim do latifúndio no Brasil foi cortada pela censura global. Esses temas não fazem parte das bandeiras da família Marinho.

A mudança da grade de programação, com a troca da novela pelas manifestações “ao vivo”, na última quinta (20), é ainda mais emblemática. Sinalizou para o telespectador que algo de muito grave estava ocorrendo e ele deveria ficar “ligado na Globo” para “entender” a situação.

Tanto entenderam que às 20h30 centenas, se não milhares de pessoas, continuavam a sair das estações do Metrô na Avenida Paulista. Iam se juntar aos “apolíticos” que hostilizavam os militantes partidários insuflados por “pitbulls” (jovens parrudos) estrategicamente postados ao longo da avenida. Pela minha cabeça passaram imagens das brigadas nazistas vistas no cinema.

Os cartazes tinham de tudo. Alguém disse que era um “facebook” real. Cada um “postava” na cartolina a sua reivindicação. E a TV até disso se aproveitou.

Na sexta pela manhã, Ana Maria Braga ensinava como as mães deveriam orientar seus filhos na confecção desses cartazes. Como o Movimento pelo Passe Livre já disse que não iria mais convocar novas manifestações, parece que a Globo assumiu o comando. Quando será o próximo ato? Saiba na Globo.

Fustigado nas ruas e nas telas, o governo para responder, tem de se valer da mesma TV que o ataca. Julgou, como julgaram outros governos, que isso seria possível e por isso não constituiu canais alternativos de rádio e TV capazes de equilibrar a disputa informativa (a presidente Cristina Kirchner não entrou nessa).

Sem falar na regulamentação dos meios eletrônicos cujo projeto formulado ao final do governo Lula está engavetado. Se houvesse sido enviado ao Congresso e aprovado, outras vozes estariam no ar. Teríamos mais chance de evitar o golpe anunciado.


Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo e jornalista, é professor de Jornalismo da ECA-USP. É autor, entre outros, de “A TV sob controle – A resposta da sociedade ao poder da televisão” (Summus Editorial). Twitter: @lalolealfilho.
 
 
Hoje, domingo 23.06.13, o jornal o globo destaca em  manchete de primeira página o seguinte:
" Juventude Desiludida"
De fato, globo acertou na manchete.
 
A juventude  em todo o mundo está desiludida e essa onda chegou aqui no Brasil.
 
Na Europa, nos EUA, nos países árabes, a juventude nas ruas demonstrou sua insatisfação.
 
Insatisfação com o que, especificamente ?
 
Em comum , independente se no Brasil, nos EUA, na Europa, na África e até mesmo na estação espacial em órbita da terra, todos os jovens estão desiludidos com a maneira de fazer política dos políticos atuais, com a destruição da natureza, com a falta de perspectiva no futuro, com a privatização de todos os serviços que transformam a vida em uma mercadoria, com o modelo político econômico hegemônico mundial, com o poder econômico representado pelas grandes corporações que orbitam  os governos e até mesmo dirigem os países  e em  essência são a  fonte da roubalheira e da corrupção em todos os cantos, com a democracia representativa que poucas possibilidades oferece para a participação direta do cidadão nas questões de interesse coletivo, etc..
.
Todas essas insatisfações, em maior ou menor grau dependendo do país ou região do planeta, estão presentes em todas as grandes manifestações pelo mundo.
 
O maio de 68 pós- moderno, como se refere o globo hoje em um de seus artigos, começou com o colapso do sistema mundo atual com a grave crise financeira de 2008 que continua nos dias atuais ceifando vidas em todos os continentes.
 
Os jovens nas ruas em todos os países mandam uma mensagem bem clara de rejeição ao mundo atual, claro, com as especificidades de cada país.
 
O jornal o globo, assim como toda a velha e ultrapassada mídia brasileira e mundial ,é defensor incondicional do sistema mundo atual, com seu modelo político corrupto ( que favorece grandes corporações com as de mídia, por exemplo) .
 
Assim sendo, o globo finge estar ao lado dos manifestantes com a intenção clara de redirecionar as manifestações.
 
Ao fazê-lo, o globo e toda a  velha mídia brasileira e mundial desejam o  oposto daquilo que os manifestantes reivindicam.
 
Para as grandes e ultrapassadas corporações de mídia o avanço da democracia, como desejam os manifestantes, é intolerável.
 
A mudança do modelo político econômico só é desejável para essas corporações se esse modelo aprofundar o ideário ortodoxo do neoliberalismo, ou seja, produzir mais e mais privatizações de todo o patrimônio do povo , como desejam com os recursos do pré-sal, com a saúde pública e com a educação.
 
A corrupção e a roubalheira, tão alardeada pela velha mídia como problemas graves do país, é fonte de enriquecimento e maior acumulação por parte das grandes corporações e de políticos em uma simbiose com  um fazer político eclipsado do povo.
 
A corrupção existe porque existem corruptores e corruptos, em uma ambiente onde a prática possa acontecer livremente.
 
Cabe lembrar que os grande ladrões corruptos  são protegidos pela velha mídia e enaltecidos como grandes inteligências , e ainda , quando acusados de seus crimes, são favorecidos com habeas corpus velozes produzidos por membros da suprema corte, o que nos leva a crer que o judiciário não é imaculado como se apresenta diante das generosas câmeras de tv  quando por ocasião de espetáculos jurídicos.
 
Possíveis salvadores da pátria togados se alimentam ,  e muito da corrupção, apesar das aparências.
 
O Poder hegemônico mundial, tanto o  econômico como o político, atua para conter todo e qualquer avanço da democracia e das liberdades e direitos do cidadão .
 
Isso pode ser visto, provado e comprovado nos países que buscam caminhos alternativos na política, na economia e na liberdade dos povos.
 
Falo dos países da América  Latina, laboratório progressista e de vanguarda do mundo decadente atual.
 
Assim sendo é de suma importância não se deixar confundir com as manifestações legítimas do povo ( que a velha mídia não apoia)  com as manifestações  que visam conter os avanços na América Latina, apesar das aparências.
 
A massa que a tv globo organiza, não passa pelo futuro que as massas do mundo desejam. 
 
Os jovens do Brasil  estão desiludidos e assim como os jovens de todo o mundo gritam que desejam um outro mundo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário