quarta-feira, 29 de maio de 2013

Passado, Presente e Futuro

O QUE SERÁ DA IMPRENSA

Quem sobrevive ao futuro

Por Luciano Martins Costa em 29/05/2013 na edição 748
Comentário para o programa radiofônico do Observatório, 29/5/2013
Uma nota publicada pela Folha de S.Paulo na edição de quarta-feira (29/5) informa que a venda de computadores pessoais deve diminuir 7,8% neste ano em todo o mundo, uma queda maior do que a esperada pela empresa de pesquisas IDC, que acompanha o desenvolvimento da tecnologia digital. No texto original, distribuído na véspera, a empresa registra que os computadores de mesa e mesmo os portáteis tipo laptop estão sendo substituídos muito rapidamente pelos tablets, cujas vendas devem crescer 58,7% em relação ao ano passado, chegando a 229,3 milhões de novas unidades até o final de 2013.
Os dados apontam a consolidação de um novo paradigma no setor de informações e comunicação, com a predominância de equipamentos com múltiplas funções e completo acesso à internet em qualquer lugar e em pleno movimento. A novidade é a aceleração desse processo, que indica a preferência por aparelhos com telas de até 8 polegadas, cerca de 20 centímetros, que devem dominar o mercado até 2017. Um dos principais estímulos a essa tendência é a adoção de tablets na educação, que impulsiona a multiplicação dos aparelhos em larga escala e pressiona os preços para baixo.
É aqui que a questão tecnológica se cruza com a observação da imprensa. O ponto central é: como a imprensa tradicional vê as mudanças tecnológicas e as rupturas provocadas por elas no ambiente social. Para resumir a ópera, o que se pode afirmar é que as empresas tradicionais de mídia sempre trataram essas tecnologias como risco, não como oportunidade.
No Brasil, com exceção do Grupo Folha, que edita a Folha de S.Paulo, todas as demais organizações relutam a admitir que, em algum momento, aquilo que chamamos de jornal possa vir a desaparecer. Embora os números não sejam públicos, sabe-se que o complexo de serviços digitais chamado UOL jáse consolidou como a cabeça do grupo empresarial, e a Folha de S. Paulo sobrevive como uma marca de transição.
Para os brasileiros que se alfabetizaram nos anos 1990, chamados de nativos digitais, a Folha é uma referência do passado, assim como outras denominações da mídia física, como os jornais o Estado de S.Paulo, o Globo, e revistas como Veja e Época. Mesmo o presidente do conselho de administração do Grupo Abril, Roberto Civita, recentemente falecido, se dizia conformado com a ideia do fim da versão impressa de Veja.
A ilusão do controle
No entanto, aceitação não significa adequação, e a atitude predominante entre os controladores da mídia tradicional tem sido apenas de observar e aceitar ou não o desenvolvimento da tecnologia que, essencialmente, coloca em xeque o conceito clássico de mídia e mediação.
O artigo publicado na quarta-feira por Rodrigo Mesquita, na seção de opinião do Estado de S.Paulo, tem exatamente esse sentido: o de afirmar que redes sociais sempre existiram e que o mundo sempre irá precisar de quem organize as informações para o cidadão. A ideia central de seu artigo é que o antigo papel do mediador muda de nome: agora o jornalista será o “curador” que irá monitorar os fatos do mundo contemporâneo, “mais fragmentado, complexo e rico”, dando-lhes contexto e perspectiva. Ao afirmar que “nada mudou” nessa relação, o autor apenas repete o mantra mágico que tem reduzido as chances de sobrevivência do jornal.
No mundo real, as redes sociais que têm como suporte a tecnologia digital são muito diferentes do sistema de comunidades em que a indústria da imprensa construiu seu papel histórico. Os princípios organizadores da cultura nesse novo contexto se caracterizam, entre outros elementos, por uma relação de reciprocidade entre as partes e o todo, o que torna problemática a presença de uma autoridade mediadora. Mesmo o conceito de cultura, antes uma “cultura de elite”, se dilui e se configura como movimento e dinâmica de trocas sociais.
O autor do artigo publicado no Estado tem suas razões, sonha com a hipótese de que o jornal seja como “a Ágora da pólis” no mundo contemporâneo, e está defendendo seu patrimônio. Por outro lado, a observação crítica da imprensa não significa uma torcida pelo desaparecimento da mídia, mas um exercício de reflexão independente que ajude a entender essa transição para uma realidade ainda mal compreendida.
A questão central é: como os pensadores da mídia tradicional encaram o futuro. A diferença básica entre os formuladores da visão de um mundo futuro, como o visionário empreendedor Steve Jobs, criador da Apple, e os gestores da mídia tradicional, é que estes tentam adivinhar o futuro e aqueles, como Jobs, tratam de construí-lo.
Há uma diferença crucial entre a perspectiva das mudanças e uma atitude prospectiva, que interfere nas mudanças. Abandonar a ilusão do controle sobre a crescente autonomia dos indivíduos seria um bom começo. Ainda que tardio.


Nas lembranças da velha e ultrapassada mídia o presente se transforma em um problema.

O futuro passa a ser assustador, e deve ser contido.
 
Na excelente análise de Luciano, que se encontra anos -luz a frente de seu homônimo da velha e ultrapassada globo, vários temas são abordados na questão presente e futuro:

a cultura, a imprensa, as mídias, as artes, o entretenimento, dentre outros que necessariamente formam uma teia interdependente da realidade atual ,e como tal, não podem ser entendidos em separado.

Como bem descreveu o autor, essa realidade atual sempre que apresentada pela velha mídia aparece como algo  que nada tem de novo, transformador.
 .
Para os tink thanks da direita encastelada no passado a televisão é o ponto central do entretenimento, o pannis circense para um público adorador de uma arte superficial, descartável, onde a reflexão do espectador consiste em sorrisos quase sempre atrapalhados pelas formas caóticas dos grãos de milho, pós aquecimento ,que entopem suas bocas.

No artigo do jornal o estado de SP , citado pelo autor, a afirmação de que as redes socias sempre existiram  é verdadeira.

O diferencial,como sempre, está na qualidade , no passado , no presente, na televisão e nos tablets, na revista O Cruzeiro e na revista Fórum, em Tom Jobim e em Amado Batista, no mimeógrafo e na internete, na farinha de mandioca e no sanduiche amorfo, no mediador de opinião e na opinião livre compartilhada, etc...

O que a velha imprensa não consegue entender, ou omite em suas superciais reflexões, é que o presente não necessariamente é uma eliminação total do passado , ou mesmo sua manutenção.

Já o futuro será sempre o próximo passo, somente para aqueles que ousam caminhar.

Na visão estagnada  do caminhar da velha imprensa, o presente é aquilo que atende aos interesses mais retrógrados do passado mesmo que em uma embalagem atual, mas em  constante rejeição as novas formas de arte, cultura, entretenimento e até mesmo , do conhecimento científico.

Isso é um comportamento histórico do conservadorismo , local onde sempre se situaram os grandes meios de comunicação.

No momento atual, mais precisamente nos últimos 25 anos, assistimos, participamos e construimos uma nova modalidade de redes sociais, onde a internete tem um papel central na disseminação de informações, das artes, no entretenimento, na cultura.

No campo da imprensa a internete substitui o velho jornal impresso por um nova estética digital e, ainda modifica o conceito de notícia, pois a função de mediador fica diluída nas redes sociais ativas em tempo real.

Ativas e em tempo real, assim são as redes sociais do presente e do futuro, bem diferentes daquelas do passado que necessitavam de um mediador para organizar as informações.

A notícia e a  informação passam a ser aquilo que a maioria compartilha, deseja, independente de mediadores que cada vez mais são vistos com ressalvas e mesmo  rejeitados totalmente.

O suposto  novo papel de curador de notícias,em substituição ao mediador,  como sugere o artigo do estado de SP, já existe nas redes sociais, não por profissioanais da imprensa mas pela própria dinâmica das redes e de suas formas de manifestação.

Há um descolamento natural, por parte dos usuários da internete, da figura dos antigos e ultrapassados mediadores.

A participação ativa, em todas as esferas da vida social, está presente em todas as manifestações dos povos.

Vivemos em uma sociedade em rede ainda dominada por estruturas hierárquicas ultrapassadas que fazem de tudo um tudo para não alterar o satatus quo.

O novo consumidor da teia ( informação, notícia, arte, entretenimento, cultura), não espera e também não necessita de um curador da velha imprensa.

Neste cenário, onde sofá  para assistir tv fica no passado, a televisão, o computador, o rádio estarão, cada vez mais,  disponíveis durante todo o dia, todos os dias do ano, para as pessoas em qualquer hora, em qualquer lugar.

O antigo jornal passa a ser um exercício diário, que se atualiza a cada minuto, aliás como sempre foi, mas com o diferencial de estar disponível a cada atualização.

O impresso do dia seguinte não oferece o novo, salvo por coberturas de grandes acontecimentos, que mesmo assim, ganham mais destaque nas mídias digitais.

O impresso morreu, e deve se reinventar desde o  início, do zero,   buscando espaços e nichos específicos para sobrevivência.

O passado, o presente e o futuro por vezes  se apresentam juntos ( a característica mais marcante de uma nova compreensão da realidade, na ciência, nas artes, na cultura, etc..) o que nem sempre é compreensível para os setores limitados da velha imprensa.

Um bom exemplo foi a decisão do governo colombiano de implementar uma reforma agrária integral no país, em um processo de negociação com a guerrilha colombiana das FARC's. 

Cabe lembrar que tal reforma, como citou Leblon ontem em CARTA MAIOR, foi proposta por Jango em 1963, a mesma reforma é rejeitada pelo conservadorismo  apoiado pela imprensa desde o início da década de 1990, e é apresentada atualmente, em 2013, como solução de vanguarda para um país da Pátria Grande.

Cabe ainda lembrar que a velha imprensa e o conservadorismo de direita, são aliados e alinhados com os governos de direita da Colômbia, sempre enaltecendo seus feitos e rejeitando o visonário processo de integração da América do Sul.

Passado, presente e futuro, unidos em um só momento o que permite uma análise profunda com desdobramentos na forma de organização social, na economia, na democracia.

Muito conteúdo para uma velha imprensa atrelada em dogmas e conceitos ultrapassados, já que pouco tem  sido noticiado nos grandes meios de comunicação.

No campo do entretenimento o que se apresenta , dominante, é uma arte embalada, descartável, seja na música ou em outras manifestações, onde a idiotice e o erotismo comandam o "conteúdo".

Tudo é visual e performático.

A cultura deve ser restrita a uma  academia, retrógrada, tal qual a imprensa.


As arenas multiuso proliferam em todo o mundo, em um desenho do futuro de distração e alienação para o povo , não muito diferente dos espetáculos com leões do passado.

A indústria do entretenimento impõe o "conteúdo" e em países como Brasil, em que um oligopólio dos meios de comunicação ainda existe, resta ao espectador ainda no sofá apreciar e consumir esses produtos.

Na teia a realidade é bem diferente, pois é possível viajar em todas as manifestações artísticas, em qualquer lugar do planeta e, o melhor, o consumidor é quem escolhe.

A melhor e maior biblioteca está ao alcance das mãos , assim como museus, filmes, conteúdos científicos.

Na nova realidade o desenho tem um contorno tecnológico enquanto o pensamento ocupa o centro.

Na heurística pensamentosfera, mesmo com os riscos associados, novos conceitos e conteúdos de vanguarda proliferam.

De fato, é muito dífícl para setores retrógrados incorporar os novos conhecimentos.

O passado, o presente e o futuro , juntos no agora em uma tendência clara de participação dos povos em todas as esferas do poder , do conhecimento, das artes, da cultura, tal qual o novo caminho que vem sendo trilhado pela ciência onde a interdisciplinaridade do saber comanda o espetáculo.

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