segunda-feira, 6 de maio de 2013

Globo Bocão

De onde saem as propinas?   E os outros?

Por Luciano Martins Costa em 01/05/2013 no programa nº 2052. Observatoriodaimprensa.com.br

De onde saem as propinas
Os jornais desta quarta-feira (01/05) publicam alentadas reportagens informando que, no dia 18 de abril, o presidente de honra da Fifa - Federação Internacional de Futebol - João Havelange, renunciou ao cargo honorífico para não ser punido em uma investigação sobre pagamento de propinas.
Juntamente com Ricardo Teixeira, seu ex-genro e ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol, e do paraguaio Nicolás Leoz, presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol e do comitê executivo da Fifa, ele é  acusado de receber propinas da agência de marketing esportivo ISL.
O caso vinha se arrastando desde a falência da ISL, ocorrida em 2001, com a descoberta, pela Justiça da Suíça, onde fica a sede da Fifa, de que a empresa havia mantido uma longa relação de negócios paralelos com a entidade, pagando propina para influenciar em decisões importantes na organização de competições internacionais de futebol.
Embora os nomes dos envolvidos tivessem sido mantidos em sigilo, a imprensa brasileira tinha informações consistentes sobre o esquema, principalmente por conta do trabalho do colunista Juca Kfouri.
O noticiário dos jornais dando conta de que Havelange havia se desvinculado oficialmente da Fifa há quase duas semanas revela pouco, muito pouco.
Revela principalmente que a entidade segue sendo uma caixa-preta a cujo conteúdo a imprensa não tem acesso.
Aquilo que é apontado como o epílogo de um processo criminal é apenas uma formalidade para colocar panos quentes em um esquema que certamente vai ter continuidade, com outros nomes na fachada.
João Havelange reinou sobre o futebol mundial por quase 25 anos, período em que o esporte se transformou em um negócio planetário de muitos bilhões.
Boa parte de seu poder se baseou na relação com a ISL, cujos proprietários são ligados à empresa de materiais esportivos Adidas.
Foi uma longa parceria, iniciada ainda nos anos 1970, e que rendeu grandes lucros para ambas as partes.
Mas junto com a grande influência, inclusive sobre as relações entre países, a Fifa também se tornou mais exposta, e as negociatas vieram à tona.
E os outros?
As reportagens publicadas nesta quarta-feira pela imprensa brasileira passam a impressão de que o futebol mundial entra agora em nova etapa, livre de trambiques.
Mas há muitas perguntas sem resposta, e o fato de a entidade se localizar no espaço nebuloso entre os negócios privados e o ambiente do Estado facilita o acobertamento de irregularidades.
Observe-se, por exemplo, que o maior volume de subornos foi pago entre 1992 e 2000, mas, como na época a Fifa não tinha um código de conduta, os pagamentos da ISL aos dirigentes eram considerados comissão por intermediação de negócios.
Estado de S. Paulo opina diretamente, afirmando que "a prometida ação para punir os responsáveis no futebol e adotar medidas exemplares contra Havelange, Teixeira e Leoz terminou em uma grande pizza".
Com as renúncias, os três dirigentes não sofrerão punição e o caso foi encerrado.
Muito provavelmente, nos próximos dias também a imprensa deixará o assunto no esquecimento, mesmo porque muitos ganham muito com a intensa movimentação financeira em torno dos campeonatos de futebol.
A análise cuidadosa dos relatos feitos pelo Estado, a Folha de S. Paulo e o Globo pode deixar o leitor curioso, por exemplo, com a falta de informações sobre o tipo de vantagens que a ISL negociou com os ex-dirigentes do futebol mundial durante todos esses anos.
Segundo a investigação, os três principais acusados receberam subornos que totalizaram entre R$ 40 milhões e R$ 45 milhões.
O que foi dado em troca?
Essa é uma informação que falta nos jornais.
Num parágrafo discretamente posicionado no meio do texto, o Estado registra: "o documento confirma que Havelange teria recebido milhões de dólares, entre 1992 e 2000, em propinas relacionadas à venda de direitos de transmissão para as Copas de 2002 e de 2006".
Ora, não é preciso ser diplomado em jornalismo investigativo para adivinhar quem pagou a propina, direta ou indiretamente.
No Brasil, até as freiras reclusas sabem quem transmite os principais eventos da Fifa e quais têm sido seus patrocinadores.
Mas isso não vai sair nos jornais.

Paulo Nogueira: STF paga viagem de jornalista do Globo à Costa Rica

publicado em 5 de maio de 2013 às 22:18


Barbosa na Costa Rica
por Paulo Nogueira, no Diário do Centro do Mundo
Eis um caso inaceitável de infração de ética de mão dupla.
Um asterisco aparece no nome da jornalista do Globo que escreve textos sobre Joaquim Barbosa em falas na Costa Rica.
Vou ver o que é o asterisco.
E dou numa infração ética que jamais poderia acontecer no Brasil de 2013.
A repórter viaja a convite do Supremo.
É um dado que mostra várias coisas ao mesmo tempo.
Primeiro, a ausência de noção de ética do Supremo e do Globo.
Viagens pagas já faz tempo, no ambiente editorial mundial e mesmo brasileiro, são consensualmente julgadas inaceitáveis eticamente.
Por razões óbvias: o conteúdo é viciado por natureza. As contas do jornalista estão sendo bancadas pela pessoa ou organização que é central nas reportagens.
Na Abril, onde me formei, viagens pagas há mais de vinte anos são proibidas pelo código de ética da empresa.
Quando fui para a Editora Globo, em 2006, não havia código de ética lá. Tentei montar um, mas não tive nem apoio e nem tempo.
Tive um problema sério, na Globo, em torno de uma viagem paga que um editor aceitou.
Era uma boca-livre promovida por João Dória, e o editor voltou dela repleto de brindes caros, outro foco pernicioso de corrupção nas redações.
Fiquei absolutamente indignado quando soube, e isso me motivou a fazer de imediato um código de ética na editora.
Surgiu um conflito do qual resultaria minha saída. Dias depois de meu desligamento, o editor voltou a fazer outra viagem bancada por Dória, e desta vez internacional.
Bem, na companhia do editor foi o diretor geral da editora, Fred Kachar, um dos maiores frequentadores de boca livre do circuito da mídia brasileira.
Isto é Globo.
De volta à viagem de Costa Rica.
Quando ficou claro que viagens pagas não podiam ser aceitas eticamente, foi a Folha que trouxe uma gambiarra ridícula.
A Folha passou a adotar o expediente que se viu agora no Globo: avisar que estava precaricando, como se isso resolvesse o caso da prevaricação.
A transparência, nesta situação, apenas amplia a indecência.
A Globo sabe disso. Mas quando se trata de dinheiro seus limites morais são indescritivelmente frouxos.
Durante muito tempo, as empresas jornalísticas justificaram este pecado com a alegação de que não tinham dinheiro suficiente para bancar viagens.
Quem acredita nisso acredita em tudo, como disse Wellington. Veja o patrimônio pessoal dos donos da Globo, caso tenha alguma dúvida.
É ganância e despudor misturados – e o sentimento cínico de que o leitor brasileiro não repara em nada a engole tudo.
Então a Globo sabe que não deveria fazer o que fez.
E o Supremo, não tem noção disso?
É o dinheiro público torrado numa cobertura jornalística que será torta moralmente, é uma relação promíscua – mídia e judiciário – alimentada na sombra.
Para usar a teoria do domínio dos fatos, minha presunção é que o Supremo não imaginava que viesse à luz, num asterisco, a informação de que dinheiro do contribuinte estava sendo usado para bancar a viagem da jornalista do Globo.
Como dizia meu professor de jornalismo nas madrugadas de fechamento de revista, quando um texto capital chegava a ele e tinha que ser reescrito contra o relógio da gráfica, a quem apelar?

Onde está o dinheiro ?

O gato comeu e ninguém viu.

Cadê o gato?

O seu paradeiro está no estrangeiro, o paradeiro do dinheiro, não do gato, em paraísos fiscais.

Pois é, meu caro e atento leitor, hoje temos nos sites da internete uma notícia que flagra o presidente do STF pagando as despesas de viagens para a Costa Rica , para uma jornalista de uma das empresas da organizações globo.

O caro leitor deve estar imaginando que tipo de cobertura jornalística essa jornalista fará sobre a passagem do presidente do STF no país dos vulcões.

O quão isenta será essa cobertura na ciudad de San josé  ?

Na Costa Rica a globo teve as costas quentes, e de graça.

É ético essa postura do STF ?

E no caso das organizações globo, se é boca livre vale aceitar qualquer coisa ?

De onde saem os recursos do STF ?

Creio que dos impostos pagos pelos contribuintes.

Então o caro leitor está pagando as despesas de viagem de uma jornalista da bilionária globo  à Costa Rica.

Será que ela ficou hospedada em alguns daqueles resorts do balneário de Punta Cana ?

Certamente ficou  em hotéis de cinco estrelas, com muita festa, boca livre e sabe-se lá mais o  quê nas "horas vagas", afinal de contas o risco de uma erupção vulcânica de destruição em massa justifica todo e qualquer ôba -ôba, bunda lê, lê e salve-se quem puder.

Essa é apenas uma face das práticas estranhas que alimentam todo tipo de corrupção no país.

São muitas, as faces estranhas.

Uma outra é tratada no artigo acima do observatório da imprensa, que questiona a origem de propinas pagas a políticos e pessoas da administração pública e mesmo empresas privadas envolvidas em eventos de grande alcance.

O caro leitor sabe que as propinas são pagas pelas corporações em vários esquemas de lobby, apoios, financiamento de campanhas, interesses em matérias em pauta no congresso  e uma infinidade mais de armações.

No caso da FIFA, todos sabem qual a emissora de tv que detém a exclusividade no Brasil na transmissão dos eventos de futebol.

E essa exclusividade, com o apoio das empresas patrocinadoras envolvidas, pelo que se apresenta no artigo, foi conseguida e construída com práticas ilícitas de propina, que engordaram , e muito, as contas bancárias dos principais executivos da FIFA, CBF e outros.

O caro leitor já percebeu  que as empresas globo no primeiro caso aceitam as facilidades, e no segundo pagam para obter facilidades.

É a emissora gillete, ou barca Rio- Niterói.

O que explode para a compreensão de todos que trata-se de um comglomeado empresarial onde o vale tudo comanda as decisões, desde que vantagens financeiras sejam auferidas.

É o perfil perfeito de um predador selvagem, sem nenhum compromisso com a ética, com a informação , com o entretenimento e, mais ainda, sem compromisso com eles mesmos, pois a única direção é o lucro, independente de prejuízos que possam advir a médio e longo prazo.

Se não bastassem as incursões antiéticas em tierras calientes de centroamérica e também as armações que garantem pura emoção aos amigos da rede globo, ainda circula pela internete a notícia sobre o tal " bônus por volume", que nada mais é  do que uma expressão elegante que tem por significado a velha e surrada propina.

O elegante termo é usado pela rede globo para justificar o pagamento às agências de publicidade para que veiculem sempre mais os anúncios na emissora.

Pode ser comparado as relações de aquisição de materiais e equipamentos entre empresas, por exemplo, onde sempre rola alguma propina para privilegiar um determinado fornecedor.

Mas que o nome bônus por volume é bonito e elegante, isso  é, não é caro leitor ?

O caro leitor já pagou algum bônus por volume para algum guarda de trânsito esquecer da multinha, por exemplo ?

E assim caminham as organizações globo, com uma voracidade volumosa que abocanha tudo que encontra pela frente, por quaisquer meios, métodos e práticas, desde que, claro, o lucro esteja garantido.


 

Nenhum comentário:

Postar um comentário