sábado, 4 de maio de 2013

Giuliana no Reservatório

Com boa situação dos reservatórios, térmicas podem ser desligadas


Com a melhora da situação dos reservatórios do país, o Operador Nacional do Sistema (ONS) considera cada vez mais provável o desligamento das usinas térmicas mais caras, que geram energia a partir de óleo diesel. A decisão deverá ser tomada na reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, prevista para a próxima quinta-feira (9).


Levantamento mais recente do ONS, divulgado nessa quinta-feira (2), informa que os reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste – usadas como referência concentrarem mais de 70% dos reservatórios do país – estavam com 62,6% da capacidade.

Apesar de o percentual estar abaixo do registrado no mesmo período do ano passado (76,09%), ele está bem acima do registrado em 2001, pior ano da série histórica (32,18%).


Segundo a entidade, as perspectivas são boas porque, historicamente, em situações como a atual, a demora do início do período de chuvas (em geral previsto para novembro) resulta também em atraso para o final do período (abril). Portanto, argumentam os técnicos do ONS, há boas possibilidades de as chuvas continuarem neste mês de maio.

Fonte: Agência Brasil




O caro leitor deve lembrar do barulho produzido pela grande imprensa e seu aparato midiático, no início deste ano, quanto a uma possibilidade de racionamento de energia elétrica por conta dos "baixíssimos" níveis dos reservatórios das hidrelétricas brasileiras.

A barulheira toda aconteceu lá pelos meses de janeiro e fevereiro, já que as chuvas ainda não caíam como acontece todos os anos.

De fato houve um pequeno atraso no ínício do período de chuvas, que logo foi utilizado pela imprensa para gerar o caos.

Como de costume, não faltaram especialistas deitando falação sobre a situação energética brasileira, e, claro, pintando um quadro devastador para o Brasil com possíveis consequências gravísssimas para  o período de realização da copa das confederações e da copa do mundo de futebol em 14.

Os piores cenários , alguns catastróficos, eram apresentados em garrafais letras  e em ensurdecedores decibéis na imprensa da pátria do cruzeiro.

A palavra apagão era repetida a cada segundo, em todas as mídias , o que gerou uma corrida pela compra de geradores de energia,  lanternas , velas , lampiões, lamparinas, candieiros, carvão, lenha e todo e qualquer acessório que produzisse luz.

Os vendedores ambulantes das ruas do Rio de Janeiro anunciavam, em todas as esquinas e em todos os sinais de trânsito ,aos gritos, variados tipos de produtos geradores de luminosidade para salvar as pessoas da escuridão que se aproximava, célere, impiedosa, esmagadora.

Nos patéticos telejornais acontecia uma chuva de gráficos "explicando" o atônito espectador sobre os níveis dos reservatórios com a presença, inclusive, de briosos repórteres nas margens dos lagos desidratados.

A tomada de imagens não deixava dúvidas, o cenário era alarmante.

Economistas apareceram de imediato nas mídias trazendo dados e cálculos que mostravam um prejuízo de dimensões pibianas caso o apagão e o racionamento se concretizassem.

Não faltaram críticas agressivas, duras , violentas aos governos do PT pela incompetência e irresponsabilidade.

O barulho foi tão intenso que parece que acordou os deuses da chuva, pois logo as águas começam a cair.

Nas primeiras chuvas, nossa briosa e patética mídia, ainda não admitia a possibilidade de os reservatórios subirem seus níveis de armazenamento de água, e de imediato, desclocaram repórteres para as regiões mais remotas para mostrar que o temporal do dia anterior, a primeira chuva do período que se iniciava, tinha produzido pouco efeito nos reservatórios.

Foi assim com a repórter da tv globo, curiosamente lotada em Nova York, Giuliana Morrone, que se apresentou, para todo o Brasil, indignada, diante de um reservatório que tinha subido apenas 10 centímetros com o toró do dia anterior.

"Muito pouco", disse a repórter evidenciando uma aparência que revelava a inevitável catástofre que se aproximava.

Em outras palavras, que se danem as chuvas , o que importa é que ainda estão vazios e  a culpa é do governo do PT , mais precisamente do Lula.

Passados alguns dias da descarga pluviométrica midiática, as chuvas reais chegaram com intensidade, e na mesma proporção a imprensa e seu aparato midático ignoraram o assunto.

Mesmo assim, os vendedores ambulantes da cidade maravilha vendiam suas lanternas e velas , agora em companhia de guarda-chuvas e capas.

As chuvas chegaram, um pouco atrasadas, mas chegaram e começaram a encher os reservatórios que hoje, conforme a nota do ONS, atingem níveis seguros no sudeste, principal referência para o sistema integrado.

As usinas térmicas, que foram ligadas com gritos de urgência pela mídia, hoje estão sendo desligadas.

Cabe lembrar, que as usinas térmicas representam algo como um nobreak, uma segurança que alcança 15 % da necessidade energética do país e são acionadas em regime de urgência.

Até isso foi criticado pela imprensa, que achou muito pouco o percentual de 15%, sem saber, é claro, que esse percentual foi calculado, e implementado,  com base estatística e  científica.

Para a imprensa a segurança deveria ser de 100%, ou seja, testar em 100% todos  os fósforos fabricados.

E agora, caro leitor ?

Você que comprou gerador portátil de energia elétrica, lampião, lanterna, candieiro, lamparina, carvão, lenha, e que certamente não utilizou  mas fez a alegria de comerciantes de ocasião, deveria, com a mesma intensidade de barulho , receber informações sobre a normalidade dos reservatórios das hidrelétricas barasileiras.

Mas não é o que acontece.

Sobre energia, o caro leitor deve ter ouvido alguma coisa, apenas, por causa da eleição do novo presidente do Paraguai.

Talvez a caro leitor tenha mesmo se esquecido da barulheira pluviométrica dos reservatórios que a imprensa produziu no início do ano.

Pois é, meu caro, esse é um bom exemplo, uma evidência objetiva, de como funciona a mídia no Brasil, principalmente na árera do jornalismo e informação.

Como já escrevi em outra ocasião, neste blogue, as notícias produzidas e apresentadas pela grande imprensa e seu aparato midiático não tem o objetivo de informar e esclarecer, e muito menos gerar algum conhecimento no consumidor de informação.

Tudo é etéreo, efêmero e em grande quantidade e superficialidade, onde prevalecem palavras e expressões chaves, que ganham o status de prioritárias para uma repetição esclerótica e esquizofrência.

No caso acima da barulheira pluviométrica midiática, você, caro leitor, foi conduzido para fixar e lembrar apenas de APAGÃO, independente do conteúdo agregado e da verdade sobre os fatos.

Entretanto o único apagão, de fato, que existe no país do cruzeiro,é o apagão da infromação e do jornalismo de qualidade, que informa corretamente, acompanha o desfecho dos casos e esclarece as pessoas.

Daí, caro leitor, a importância da democratização da mídia no Brasil e a sua participação na campanha,  que está nas ruas, para colher  um milhão e terezentas mil assinaturas e levar a proposta diretamente para votação no congresso nacional.

Assine, participe e divulgue.

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