sexta-feira, 10 de maio de 2013

Globalização da Barbárie

Fraudes no leite revelam falhas de empresas no controle de qualidade Fonte: BRASILDEFATO.COM.BR

'CUSTO BRASIL': A SOLUÇÃO É ASIÁTICA? 
Um incêndio matou sete pessoas num prédio de 11 andares da fabricante de vestuário Tung Hai Group , em Bangladesh, nesta 5ª feira. Grande exportadora de suéteres e jerseys, a empresa tem entre seus clientes algumas das maiores redes varejistas ocidentais. O incêndio é o quarto desastre de grandes proporções em fábricas de vestuário em Bangladesh, desde dezembro. Em abril, o desabamento de um condomínio vertical de tecelagens e confecções, na região metropolitana de Dacca,  chocou o mundo. No início desta semana, as autoridades locais informaram que 800 operários teriam morrido. Ontem, 5ª feira, as equipes de resgate chegaram aos porões dos edifícios: descobriram mais  100 corpos. O negócio têxtil  no entroncamento Índia/Bangladesh  rende US$ 20 bilhões anuais  em exportações; gera 3 milhões de empregos . O setor é considerado um titã  naquilo que alguns analistas enchem a boca e reviram os olhos antes de escandir em tom de admoestação ao Brasil:  ‘com-pe-ti-ti-vi-da-de' . É isso que queremos ser? Uma sucursal das linhas de montagem asiáticas, onde se confunde eficiência com extração impiedosa da mais-valia e as  relações e trabalho são pouco mais que um gigantesco moedor de carne humana? C0mo o Brasil poderá competir sem se pautar pela fita métrica conservadora que equipara competitividade a salários de US$ 40 por mês?
Fonte: CARTAMAIOR.COM.BR
 

>>A rede da fé e do dinheiro
>>Propaganda enganosa

Por Luciano Martins Costa em 10/05/2013 no programa nº 2059 |
Fonte: OBSERVATORIODAIMPRENSA.COM.BR

Procon faz operação em garagens de empresas de ônibus no Rio 

Fonte: JB.COM.BR

 

Luciana quer debater projeto popular de regulamentar comunicação 

Fonte: VERMELHO.ORG.BR

Doença renal misteriosa da América Central pode estar ligada a agrotóxicos

Pesquisas realizadas paralelamente em El Salvador e no Sri Lanka trazem resultados semelhantes em relação ao uso dos mesmos produtos
Fonte: BRASILDEFATO.COM.BR



Todas as notícias acima são de hoje, 10.05.13, e estão disponíveis em sites e portais da imprensa alternativa, com exceção do JB.

Na grande imprensa, nada, ou quase nada, aparece sobre os temas.

O caro leitor atento já percebeu que todas tem algo em comum.

O lucro máximo, independente das práticas, mesmo que para isso as empresas coloquem em risco a vida das pessoas e se utilizem de trabalho escravo, norteia o noticiário.

Os incêndios na fábricas têxteis da Ásia, fábricas que se assemelham a campos de concentração, mataram centenas de operários, ou escravos, impedindo que suas famílias recebam a renda de seus salários, 40 dólares por mês , e como isso fiquem impedidas de comprar os alimentos necessários para sobreviver, mesmo que seja um litro de leite contaminado com ureia e formol.

Desesperados e desamparados, os familiares das vítimas dos campos de concentração têxtil, recorrerão ao auxílio da fé, e, para tanto, frequentarão igrejas e templos, onde os pastores orientarão as desesperadas famílias  no caminho da prosperidade.

Para tanto, as famílias sem amparo, deverão fazer sexo com os religiosos para que possam purificar seus corpos e encontrar o caminho do sucesso, além, claro, de fazer doações às igrejas para que possam seguir no seu papel social.

As desesperadas famílias, vivendo em áreas remotas, se utilizam do transporte coletivo  para participar dos encontros religiosos.

Como o preço das passagens é elevadíssimo, em muitas ocasiões tentam negociar com os condutores dos veículos viagens gratuitas, o que acarreta mais problemas para as pessoas.

Os ônibus não passam por manutenções adequadas e periódicas o que tem acarretado frequentes acidentes , onde familiares de pessoas mortas nos campos de concentração têxtil e fiéis as orientações dos pastores da salvação, acabam morrendo.

Impossibilitados  de viver como operários, e também traumatizados com as situações que vivenciaram ao longo dos anos que trabalharam nos campos de concentração têxtil, alguns sobreviventes dos incêndios optaram por retornar para o interior e trabalhar na agricultura, como fizeram seus antepassados.

Trabalhando para grandes corporações agrícolas, já que as terras de seus antepassados foram todas adquiridas pelas corporações, manuseiam diariamente uma enorme gama de produtos tóxicos usados como defensivos agrícolas, contra pestes, nas gigantescas e melancólicas paisagens das áreas plantadas.

Independente do continente onde trabalham, já que os pesticidas são fabricados por apenas poucas corporações e distribuídos em todo o mundo, os trabalhadores do campo que sobreviveram aos incêndios nos campos de concentração têxtil e seguem disciplinadamente as orientações dos pastores de sua religião e que ainda não sofreram acidentes no transporte coletivo, agora também adquirem doenças letais em decorrência do uso excessivo e indiscriminado de substâncias altamente tóxicas que matam as pestes e contaminam os alimentos que vão para as prateleiras dos supermercados das cidades e que  a maioria dos trabalhadores do campo não pode comprar.

Assim como não podem comprar os produtos têxteis, muitos de marcas famosíssimas, que ajudaram a fabricar com um salário de 40 dólares por mês

 

 
Assim como não podem pagar as passagens de ônibus para frequentar , diariamente, a igreja que os salvará da tormenta.

Felizmente, ainda sobra uns míseros trocados para comprar o leite contaminado com ureia e formol para as crianças e um tempinho para assistir as maravilhas da propaganda sobre o  mundo civilizado que aparece nas telinhas dos aparelhos de tv.


O caro leitor percebeu que o texto acima retrata uma realidade fictícia, mas que em nada difere da realidade de muitas localidades da atualidade.

Os acidentes com trabalhadores da indústria têxtil que aconteceram por esses dias na Ásia era uma tragédia anunciada.

Por mais de uma década que já se tem conhecimento das precárias condições de trabalho dessas fábricas  que mais se assemelham a campos de concentração.

A jornalista, escritora e ativista dos direitos humanos, a canadense Naomi Klein, esteve em vários países da Ásia investigando as condições de trabalho nas fábricas têxteis.

Seu trabalho investigativo rendeu um livro - No Logo - onde relata os horrores e a violência que sofrem os trabalhadores, além das péssimas condições das instalações, no tocante a segurança e higiene.

A maioria dos produtos por lá fabricados são de grandes marcas, tanto no campo esportivo quanto no vestuário, que serão vendidos em sofisticadas lojas de grandes shopping centers em todo o mundo.

É a tão elogiada competitividade do capitalismo hegemônico, onde os trabalhadores não tem nenhum direito trabalhista.

Em uma passagem de seu livro, a escritora relata caso de mulheres que chegaram a dar a luz no local de trabalho, impossibilitadas pelos gerentes de se ausentarem de seus postos.

Casos de abortos também foram relatados, além de violências físicas que muitos trabalhadores sofreram.

Diante dessa realidade, como falar em controle de qualidade dos produtos nas empresas ?

O controle da qualidade dos produtos ou mesmo o compromisso com a qualidade nas empresas, não pode ser eficaz em ambientes que agridem os trabalhadores e que ainda não oferecem as mínimas condições de trabalho decente, e mais, a qualidade deve ser uma política da empresa, em todos os aspectos e não apenas na verificação de atendimento dos produtos às especificações técnicas de fabricação.

A obsessão pelo lucro máximo acaba sempre por comprometer a qualidade
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A ureia e formol no leite não são apenas exemplos de práticas fraudulentas.

Nesse caso o consumidor é totalmente ignorado para que poucos possam lucrar mais.

Se Qualidade pode ser definida como satisfação do consumidor, como deve se sentir um consumidor que ao adquirir um litro de leite descobre que também está bebendo ureia e formol ?

Ou ainda, ao comprar um par de tênis famoso, como se sente o consumidor ao saber que aquele produto foi fabricado por pessoas em situação de escravidão ?

Como o caro leitor notou , a qualidade é percebida e pode variar de pessoa para pessoa , em um mesmo produto.

É provável que algumas pessoas , na intenção de defender a barbárie mundial vigente, gostem de leite com ureia e admirem seu par de tênis que foi confeccionado por escravos.

Infelizmente, nas grandes mídias nada se falou ou se fala sobre as condições de trabalho dos trabalhadores das indústrias têxteis asiáticas.

Por outro lado, essas mesmas mídias que se calam diante da barbárie, são , talvez, os maiores veiculadores de  propaganda desses produtos, o que rende, para as mídias, generosas receitas.

Nas propagandas de roupa ou material esportivo  que o caro leitor assiste nas emissoras de tv, não aparecem as mulheres trabalhadoras que pariram, abortaram, ou até mesmo morreram por conta da violência no trabalho.

De certa forma, ou de todas as formas, toda propaganda é uma enganação, a ponto de programas de tv de cunho religioso prometerem a salvação, quando na realidade os fieis são obrigados a manter relações sexuais com o pastor.

O caso do evangélico tântrico aconteceu no Rio de Janeiro e, para surpresa de muitas pessoas, o pastor que foi preso ainda é defendido e elogiado por muitas pessoas, principalmente políticos eleitos pelo povo e com assentos no congresso nacional.

No universo da realidade surrealista, um dos defensores do pastor tântrico, é um deputado, também evangélico, que preside a comissão de direitos humanos e minorias da câmara dos deputados.

A qualidade desapareceu, não só dos produtos , mas também do noticiário das grandes mídias.

Nessa corrida insana por mais lucros, os ônibus do transporte coletivo da cidade do Rio de Janeiro, a cidade maravilha, veem cometendo atrocidades com a população e ainda matando pessoas quase que diariamente.

As empresas de transporte coletivo ignoram a legislação  e algumas, que são muitas, não permitem a gratuidade do transporte para idosos e crianças da rede pública de ensino, chegando ao ponto de não parar nos pontos ,quando solicitado por essa parcela da população que tem o transporte gratuito assegurado por lei.

A propósito, lei que não é cumprida pelas empresas de transporte coletivo, diante das evidências diárias, de domínio e conhecimento  de toda a população, mas que não recebe o tratamento adequado nas mídias de grande porte.

Fatos criminosos de domínio público são ignorados pela justiça enquanto fatos sem provas específicas são apresentados como de domínio de pessoas acusadas injustamente.
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Enquanto isso, corporações que fabricam pesticidas usados na agricultura estão matando trabalhadores rurais em escala globalizada.

Casos de doenças renais raras em trabalhadores de El Salvador e Sri Lanka tem em comum o contato , exposição e manuseio de produtos químicos altamente tóxicos usados na agricultura.

E ainda admitir que as grandes plantações do agronegócio são direcionadas, na maioria, para a fabricação de rações que vão  para a engorda do gado, aves e suínos.

A carne animal, bem nutrida, será saboreada pelos mesmos consumidores que compram os caros produtos têxteis em sofisticadas lojas de shopping centers.

E as grandes mídias nada apresentam sobre esses temas , afinal, segundo a maioria das propagandas de produtos e serviços veiculadas nas emissoras de tv ,vivemos em mundo civilizado, feliz, democrático e próspero para todos.


 


 

 

 


 

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