sábado, 20 de abril de 2013

Espetáculo Midiático

Dzhokhar Tsarnaev é preso em Boston. 

Viva a polícia do império global!

20/04/2013 | Publicado por Renato Rovai 
                                    A caça ao jovem de origem chechena de 19 anos, Dzhokhar Tsarnaev, que estava sendo procurado desde a madrugada de sexta-feira, acaba de ser preso. 
Foi a primeira caça global transmitida online e por todas as mídias eletrônicas. 
Foi tão global que a novela da Globo foi interrompida pra que se informasse que a polícia dos EUA acabara de informar pelo twitter que o jovem tinha sido preso.
O atentado a Boston é condenável.
Como todos os atentados do mundo. 
A ação do FBI, porém, é um marco. 
A partir de agora não basta matar e assassinar suspeitos. 
A polícia dos EUA quer hollywoodizar suas ações. 
Quer estar na moda. 
Quer fazer sucesso. 
Quer botar banca.
Quem faz este tipo de papel em geral não é quem tem poder, mas quem precisa mostrar que tem poder. 
Ou quem já teve e está perdendo.
Um suspeito. 
Milhares de policiais. 
Milhares de jornalistas. 
Um suspeito.
A ação de caça do FBI e da polícia de Boston ao jovem de 19 anos não é uma demonstração de força.
Este show é uma declaração de fraqueza.


Uma caçada cinematográfica.
Centenas, talvez milhares de policiais com equipamentos pesado e sofisticado para prender um jovem de 19 anos, supeito dos atentados.
O primeiro suspeito, eram dois, foi morto em confronto com a polícia, segundo relato de policiais, somente de policiais.
O segundo foi detido, gravemente ferido entre a vida e a morte, e levado para um hospital, segundo relato de policiais.
No mundo globalizado e sem fronteiras, onde a modernidade e a civilização prosperam, os  cidadãos americanos suspeitos do atentado são russos de origem chechena e de religião muçulmana.
Assim foi a manchete de o globo e dos outros jornais impressos aqui no Rio de Janeiro.
Ainda segundo o globo, o primeiro , morto, teria dito que não entende os americanos, o que para o diário carioca seria algo estranho.
Grandes e renomados intelectuais americanos, alguns considerados como os maiores intelectuais vivos, afirmaram, por  diversas vezes, que a sociedade americana é estranha e de difícil compreensão.
Claro, a imprensa dos EUA como a imprensa brasileira não gostam e não disponibilizam espaço para essas críticas.
E se fosse na copa de 14, pergunta em matéria de capa a revista época das organizações globo em clara campanha de medo e de supostos investimentos em aparatos de segurança.
Na internete, as versões onlline dos jornais impressos seguem a mesma linha.
No  o dia online existe uma  nota de que a mãe dos suspeitos é muçulmana e muito religiosa e que não acredita na versão oficial do 11 de setembro.
Ela e milhões, talvez bilhões de pessoas não acreditem na versão oficial do 11 de setembro e bilhões tem envolvimento com alguma religião, com mais ou menos intensidade.
No mundo globalizado e sem fronteiras, onde o espetáculo é a marca, os culpados tem religião e nacionalidade.
Uma pergunta se impõe:
Por que os culpados não foram capturados vivos ?
O leitor sabe que o segundo está entre a vida e morte.
E se morrer ?
Enquanto isso nos EUA as autoridades de lá dizem que foi feita justiça.
Justiça ou vingança ?
Ora, o caro leitor sabe que seria bem mais útil ter os supeitos vivos, para interrogá-los, conhecer suas motivações, supostas conexões com outros grupos para  então depois levá-los para julgamento na justiça.
Caso o segundo venha a morrer as motivações para o atentado serão descritas de acordo com as "investigações" das autoridades americanas.
Bin laden foi assim, e o caro leitor lembra que o inimigo número 1 dos EUA foi supostamente apagado com direito a ocultação do cadáver por parte das autoridades americanas.
Qualquer semelhança com a polícia daqui é apenas uma  coincidência.
Não seria interessante ele preso e vivo ?
Em um pronunciamento durante a caçada cinematográfica, o presidente Obama disse que os criminosos seriam detidos e iriam conhecer o peso da justiça americana.
Justiça ou vingança ?
Peso ou violência ?
O caro leitor já percebeu que justiça , não apenas nos EUA mas também por aqui na terra do cruzeiro, vem ganhando um outro significado em que se aproxima , e muito, das práticas fascistas.
Pessoas são detidas sem acusações formais, outras são executadas, julgamentos seguem interesses políticos e mercantis e campos de concentração com práticas de tortura são legais.
É o mundo globalizado moderno e civilizado onde somente os criminosos, e supostos criminosos, tem nacionalidade e religião. 
E se fosse na copa, ou nas olimpíadas de inverno na Rússia, ou durante as comemorações de passagem do ano em Nova York ?
A imprensa em nada contribui para o debate e ainda explora preconceitos religiosos e xenófobos.
Enquanto isso, uma fábrica de fertilizantes nos EUA, pegou fogo e foi pelos ares em uma explosão que acusou algo similar a um terromoto de 2, 1 graus na escala Ritcher.
Segundo as autoridades americanas  a explosão foi um acidente industrial sem nenhuma motivação política
Mas matou e feriu muito mais gente que a bomba de Boston, não foi, caro leitor ?
Em pleno século XXI uma fábrica voa pelos ares por falhas na administração e ainda mata dezenas de pessoas.
Inaceitável com as ferramentas de gestão disponíveis e com a atuação dos órgãos de fiscalização.
Comenta-se discretamente na imprensa brasileira, quase ao pé do ouvido para que nenhuma novela seja interrompida, que a fábrica já vinha apresentando um vazamento de gás inflamável, o que teria causado o incêndio e a explosão.
E se fosse na boate Kiss em Santa Maria , hein época ?
Estranhamente nada aparece na imprensa sobre o acidente industrial.
Acidente que  revela o pouco caso que as corporações fazem com a segurança, não apenas nos EUA mas em todo o mundo.
Próximo da fábrica havia uma casa para idosos que ficou danificada e foram chcoantes as imagens de idosos em cadeiras de rodas sendo levados para abrigos.
Para eles não teve nenhum drama, nenhuma nacionalidade dos responsãveis pelo acidente, nenhuma orientação religiosa, nenhum espetáculo midiático e, é bem provável que o peso da justiça não seja notado.
"eles fracassaram  e não irão alterar nossos valores", disse Obama em um perfeito papel de animador de espetáculo se referindo aos supostos autores dos atentados em Boston
Fracassaram ou morreram, pós atentado realizado. ?
O espetáculo policial nas ruas de Boston superou Hollywood.
Tudo isso para caçar um jovem de 19 anos que aparece  tranquilamente com sua bomba na mochila, sem nenhum disfarce visual, em um país onde tudo e todos são vigiados diariamente 24 horas por dia.
Para terroristas, ao que se revela, os jovens são ingênuos.
Enquanto ingênuos, não seriam terroristas.
Caso fossem terroristas explodiriam a bomba presa ao corpo.
Até o momento existem muitas questões em aberto sobre o suposto atentado e sobre os suspeitos.
Já o espetáculo midiático é fantástico.

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