YOANI SÁNCHEZ NO BRASIL
Uma blogueira do barulho
Por Luciano Martins Costa em 21/02/2013 na edição 734
Comentário para o programa radiofônico do Observatório, 21/2/2013
Mais do que um fenômeno político, a blogueira Yoani Sánchez representa
um fenômeno cultural e social nestes tempos em que a individualidade
ganha projeção sem precedentes, graças às possibilidades de expressão
criadas pela tecnologia digital de comunicação e informação. Uma mulher
comum, simples, sem traços de carisma pessoal, consegue em sua visita ao
Brasil mobilizar a imprensa, provocar manifestações de protesto e ser
apresentada ao plenário da Câmara dos Deputados como se fosse uma chefe
de Estado.
Lendo-se o que dizem os jornais brasileiros sobre ela, imagina-se que os cubanos são um povo alienado, isolado do mundo e tiranizado por dois velhos decrépitos, os irmãos Castro, e que a blogueira é a única voz livre naquela ilha do Caribe. No entanto, todo o barulho em torno de sua visita segue paralelamente à falta de informações sobre o que a blogueira representa no cenário cultural e político de Cuba.
Yoani não é a única nem a mais relevante voz cubana, em Cuba, a protestar contra as restrições impostas ao país. Ela é apenas a personagem que a imprensa ocidental e organizações políticas inimigas do regime cubano escolheram para personificar suas críticas.
Atuam em Havana e outras cidades pelo menos uma centena de jornalistas, escritores e intelectuais que discutem abertamente a situação criada pelo isolamento do país. Vinte deles produzem a revista Voces (Vozes, em português), uma publicação digital de resistência contra o regime castrista.
Em sua apresentação, os autores qualificam Cuba como “uma nau que soçobra em sua néscia noção de nação” e se declaram empenhados em mostrar sua “desídia ideológica”. Em suas 16 edições, disponíveis na internet, pode-se encontrar textos primorosos, alguns carregando críticas vivas ao governo, todos defendendo a liberdade de expressão.
O escritor Orlando Luis Pardo Lazo, criador da Voces, é considerado um dos mais importante entre os blogueiros dissidentes que se destacam em Cuba. A blogueira pop não é, portanto, a principal representante da dissidência intelectual cubana. É apenas aquela que a imprensa ocidental escolheu como personagem-símbolo em sua campanha ideológica.
Outras vozes
Também se pode observar que muitos dos textos postados pelos integrantes desse movimento não condenam a revolução cubana, mas os caminhos que ela tomou em função do isolamento. A própria Yoani Sanchez afirmou, em uma de suas entrevistas no Brasil, que o problema de Cuba é o embargo imposto pelos Estados Unidos, que é usado pelo governo como justificativa para a política de restrições.
Acontece que, com o advento da internet e mesmo enfrentando dificuldades com a pobreza da tecnologia disponível, essas vozes podem ser ouvidas em qualquer lugar. Essas dificuldades podem ser bem avaliadas por quem acompanhou a evolução da internet no Brasil. Mesmo em plena democracia, e com amplas liberdades, o brasileiro era até há pouco mais de uma década um indigente em termos de tecnologia de comunicação, com a falta de investimentos por parte das operadoras de telecomunicações, e ainda hoje tem que se submeter às limitações da política de importações e ao interesse da indústria eletrônica de esgotar as possibilidade de lucro de modelos obsoletos.
Na quinta-feira (21/2), por exemplo, o Estado de S. Paulo informa que a Apple, que disputa com a brasileira Gradiente a marca iPhone no mercado nacional, está sendo acusada por uma associação civil de enganar os consumidores do Brasil ao vender modelos do iPad 3 como se fossem os novos iPad 4.
Yoani Sanchez é um fenômeno produzido pela manipulação, por parte da imprensa ocidental, da diversidade produzida pelas manifestações individuais nas redes digitais. Vejamos o que diz, por exemplo, um dos artigos publicados pelo cubano Wilfredo Cancio Isla, ex-professor da Faculdade de Comunicação da Universidade de Havana, na edição 15 de Voces:
Yoani é :
Um produto fabricado, assim como muitos de fabricação em série.
O não conteúdo; a produção em massa;
Talvez seja um pouco da carne de cavalo presente em produtos de carne bovina;
Ou quem sabe, seja o pêlo de rato encontrado no molho de tomate, ou ainda o dente obturado encontrado em um queijo;
A fórmula para a defesa de teses específicas, ideológicas que alimentam apenas um lado da realidade;
A nova dupla de música sertaneja que chega ao mercado brasileiro para delírio dos consumidores ingênuos, infantis de fácil manobra;
O tchan;
A celebridade que acabou de sair do "programa" big brother brasil, da tv globo e que em breve dará uma entrevista para Ana Maria Braga;
O um big mac com coca-cola;
A doença ( "causa única") que motivou a renúncia de Bento XVI;
O discurso de Aécio Neves , ontem, no congresso nacional;
A manchete da Falha, oppsss!, desculpe, Folha de SP com uma ficha da presidenta Dilma;
A bolinha de papel, anabolizada pela tv globo como um petardo, na cabeça de José Serra;
O discurso do deputado nazista Jair Bolsonaro, que afirma não ter existido ditadura militar, nem golpe dado pelos militares no Brasil em 1964;
Todo aquele que afirma não existirem monstros nos mares, lagoas e rios do Brasil;
O comentário de Junior e Arnaldo Cesar Coelho na tv globo, durante uma partida de futebol;
O exemplo de uma liberdade de expressão reprimida;
A "liberdade de expressão" de Julian Assange;
A "liberdade de expressão" de Bradley Mannig sobre os assassinatos e horrores cometidos por militares dos EUA no Afeganistão;
A "censura" do regime cubano que se incomoda com suas críticas sobre a ilha;
A "América Livre e Democrática" que mantêm sob tortura quem critica os horrores de suas guerras;
O aquecimento global que não existe:
O antro de tarados, ladrões e corruptos medievais da Igreja Católica que ainda insistem em usar o nome de Jesus de Nazaré, o Cristo;
A maior expressão do neoliberalismo "modernizante e civilizatório";
A "informação fidedigna", produzida pela imprensa ocidental, sobre o falecimento de Hugo Chavez em Cuba;
O "exemplar perfeito" de um neoativista dos direitos humanos;
O jornal nacional da tv globo;
Che Guevara enquanto marca de vodka;
O meteorito que saiu do centro da terra em direção ao cosmos;
O fim do mundo, segundo a bíblia;
O sucesso de Psy;
Um replicante de Matrix;
O novo produto que a Apple lançou no mercado de consumo;
Originária do país que devolveu a visão de mais de um milhão de pessoas através da Operação Milagro;
Um grande tiro no pé do ocidente "neoliberal e livre";
A disneylândia reprimida;
O mickey mouse guerrilheiro;
Uma foto de Barack Obama surfando;
O novo penteado de Michelle Obama;
O olho cego de Ratzinger;
O tombo que afetou a cabeça de Bento XVI, segundo o Vaticano;
O bebê de Rosemary;
O shopping center das ilusões;
O exemplar perfeito do cidadão ocidental que vive por reflexo condicionado;
A Yolanda de Obama;
O pensamento único;
Uma jogada sábia, brilhante e inteligente do regime cubano.
Lendo-se o que dizem os jornais brasileiros sobre ela, imagina-se que os cubanos são um povo alienado, isolado do mundo e tiranizado por dois velhos decrépitos, os irmãos Castro, e que a blogueira é a única voz livre naquela ilha do Caribe. No entanto, todo o barulho em torno de sua visita segue paralelamente à falta de informações sobre o que a blogueira representa no cenário cultural e político de Cuba.
Yoani não é a única nem a mais relevante voz cubana, em Cuba, a protestar contra as restrições impostas ao país. Ela é apenas a personagem que a imprensa ocidental e organizações políticas inimigas do regime cubano escolheram para personificar suas críticas.
Atuam em Havana e outras cidades pelo menos uma centena de jornalistas, escritores e intelectuais que discutem abertamente a situação criada pelo isolamento do país. Vinte deles produzem a revista Voces (Vozes, em português), uma publicação digital de resistência contra o regime castrista.
Em sua apresentação, os autores qualificam Cuba como “uma nau que soçobra em sua néscia noção de nação” e se declaram empenhados em mostrar sua “desídia ideológica”. Em suas 16 edições, disponíveis na internet, pode-se encontrar textos primorosos, alguns carregando críticas vivas ao governo, todos defendendo a liberdade de expressão.
O escritor Orlando Luis Pardo Lazo, criador da Voces, é considerado um dos mais importante entre os blogueiros dissidentes que se destacam em Cuba. A blogueira pop não é, portanto, a principal representante da dissidência intelectual cubana. É apenas aquela que a imprensa ocidental escolheu como personagem-símbolo em sua campanha ideológica.
Outras vozes
Também se pode observar que muitos dos textos postados pelos integrantes desse movimento não condenam a revolução cubana, mas os caminhos que ela tomou em função do isolamento. A própria Yoani Sanchez afirmou, em uma de suas entrevistas no Brasil, que o problema de Cuba é o embargo imposto pelos Estados Unidos, que é usado pelo governo como justificativa para a política de restrições.
Acontece que, com o advento da internet e mesmo enfrentando dificuldades com a pobreza da tecnologia disponível, essas vozes podem ser ouvidas em qualquer lugar. Essas dificuldades podem ser bem avaliadas por quem acompanhou a evolução da internet no Brasil. Mesmo em plena democracia, e com amplas liberdades, o brasileiro era até há pouco mais de uma década um indigente em termos de tecnologia de comunicação, com a falta de investimentos por parte das operadoras de telecomunicações, e ainda hoje tem que se submeter às limitações da política de importações e ao interesse da indústria eletrônica de esgotar as possibilidade de lucro de modelos obsoletos.
Na quinta-feira (21/2), por exemplo, o Estado de S. Paulo informa que a Apple, que disputa com a brasileira Gradiente a marca iPhone no mercado nacional, está sendo acusada por uma associação civil de enganar os consumidores do Brasil ao vender modelos do iPad 3 como se fossem os novos iPad 4.
Yoani Sanchez é um fenômeno produzido pela manipulação, por parte da imprensa ocidental, da diversidade produzida pelas manifestações individuais nas redes digitais. Vejamos o que diz, por exemplo, um dos artigos publicados pelo cubano Wilfredo Cancio Isla, ex-professor da Faculdade de Comunicação da Universidade de Havana, na edição 15 de Voces:
“A internet e a avalancha de páginas digitais, portais informativos e
blogs, favoreceu uma democratização do jornalismo e da informação. E
criou também um desafio para as instituições tradicionais, mas ao mesmo
tempo gerou uma ilusão de falso profissionalismo.”
Ele acusa a imprensa ocidental, de modo geral, de fazer uma cobertura
preconceituosa sobre Cuba e Venezuela e de politizar de maneira nociva o
noticiário, baixando a qualidade do jornalismo. Mas também não foge da
discussão sobre a falta de acesso a informações em Cuba:
“Estes temas têm relação com a realidade cubana, onde reina há 50 anos
um jornalismo de propaganda ideológica, centralizado e instrumentado,
alheio a demandas de mercado? Definitivamente sim, porque Cuba deixou de
ser a sociedade fechada que foi até a onda da internet e o uso massivo
das novas tecnologias.”
Yoani é o barulho que a imprensa brasileira faz, para que outras vozes cubanas não sejam ouvidas.Yoani é :
Um produto fabricado, assim como muitos de fabricação em série.
O não conteúdo; a produção em massa;
Talvez seja um pouco da carne de cavalo presente em produtos de carne bovina;
Ou quem sabe, seja o pêlo de rato encontrado no molho de tomate, ou ainda o dente obturado encontrado em um queijo;
A fórmula para a defesa de teses específicas, ideológicas que alimentam apenas um lado da realidade;
A nova dupla de música sertaneja que chega ao mercado brasileiro para delírio dos consumidores ingênuos, infantis de fácil manobra;
O tchan;
A celebridade que acabou de sair do "programa" big brother brasil, da tv globo e que em breve dará uma entrevista para Ana Maria Braga;
O um big mac com coca-cola;
A doença ( "causa única") que motivou a renúncia de Bento XVI;
O discurso de Aécio Neves , ontem, no congresso nacional;
A manchete da Falha, oppsss!, desculpe, Folha de SP com uma ficha da presidenta Dilma;
A bolinha de papel, anabolizada pela tv globo como um petardo, na cabeça de José Serra;
O discurso do deputado nazista Jair Bolsonaro, que afirma não ter existido ditadura militar, nem golpe dado pelos militares no Brasil em 1964;
Todo aquele que afirma não existirem monstros nos mares, lagoas e rios do Brasil;
O comentário de Junior e Arnaldo Cesar Coelho na tv globo, durante uma partida de futebol;
O exemplo de uma liberdade de expressão reprimida;
A "liberdade de expressão" de Julian Assange;
A "liberdade de expressão" de Bradley Mannig sobre os assassinatos e horrores cometidos por militares dos EUA no Afeganistão;
A "censura" do regime cubano que se incomoda com suas críticas sobre a ilha;
A "América Livre e Democrática" que mantêm sob tortura quem critica os horrores de suas guerras;
O aquecimento global que não existe:
O antro de tarados, ladrões e corruptos medievais da Igreja Católica que ainda insistem em usar o nome de Jesus de Nazaré, o Cristo;
A maior expressão do neoliberalismo "modernizante e civilizatório";
A "informação fidedigna", produzida pela imprensa ocidental, sobre o falecimento de Hugo Chavez em Cuba;
O "exemplar perfeito" de um neoativista dos direitos humanos;
O jornal nacional da tv globo;
Che Guevara enquanto marca de vodka;
O meteorito que saiu do centro da terra em direção ao cosmos;
O fim do mundo, segundo a bíblia;
O sucesso de Psy;
Um replicante de Matrix;
O novo produto que a Apple lançou no mercado de consumo;
Originária do país que devolveu a visão de mais de um milhão de pessoas através da Operação Milagro;
Um grande tiro no pé do ocidente "neoliberal e livre";
A disneylândia reprimida;
O mickey mouse guerrilheiro;
Uma foto de Barack Obama surfando;
O novo penteado de Michelle Obama;
O olho cego de Ratzinger;
O tombo que afetou a cabeça de Bento XVI, segundo o Vaticano;
O bebê de Rosemary;
O shopping center das ilusões;
O exemplar perfeito do cidadão ocidental que vive por reflexo condicionado;
A Yolanda de Obama;
O pensamento único;
Uma jogada sábia, brilhante e inteligente do regime cubano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário