segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

O DRIBLE






Nesta segunda-feira em que o país amanheceu de luto fica difícil não escrever
sobre o incêndio na boate da cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul.

Muito gente já escreveu,escreve, falou ou ainda fala sobre a tragédia.

Assim sendo, e por não ser politicamente correto e também por sempre estar na contra corrente, vou tratar de outro assunto, o drible.

O drible é a arte no futebol.

Futebol sem brible é o mesmo que um texto sem palavras.

Estamos vivendo um momento em que se deseja tolher a criatividade,
por todos os meios, em todos os meios, com péssimos fins.

A arte do brible, a crítica cirúrgica, a originalidade criativa não podem despertar novas formas de entendimento e menos ainda consolidar talentos que procurem a expressão  fora do centro padronizado, hegemônico, único.

No futebol, jogadores como Neymar e Wellington Nem tem sido constantemente ameaçados por seus colegas de profissão e , por incrível que possa parecer,  com o aval de alguns "profissionais" da imprensa esportiva.

Sim, caro leitor, as ameaças são públicas  e não entram em pautas de julgamentos na justiça esportiva logo os "valentões" não são punidos.
A imprensa , que tanto se preocupa com aeroportos para a copa, pouco fala dessas ameaças.

E o que tem em comum Nem e Neymar ?
O talento, a arte, a ousadia criativa, que em função de códigos que se consolidam sem espaço para a crítica, são caçados , pois no limitado mundo do ultra conservadorismo politicamente correto, não há mais espaço para a originalidade.

O nivelamento é sultilmente sugerido seguindo regras de contenção, homogeinização e submissão total aos grandes investidores e patrocinadores, seja no futebol, na crítica,na arte, na cultura.

Nas emissoras de rádio e de tv, proliferam a arte padronizada, de lucro fácil, de qualidade medíocre, onde os artistas são a expressão da idiotice, da repetição lucrativa, do entendimento infantil.

O conjunto de valores,percepções, ações, práticas e comportamentos, obsessivamente e diariamente divulgados pelos meios de comunicação,não pode sequer ser criticado, mesmo que corretamente, pois os críticos serão alvos de perseguições constantes e implacáveis.

O lucro fácil e a acumulação constante, não permitem a presença de dissidentes, e até mesmo de novas formas de qualidade de vida.

Paradoxalmente, Neymar é uma galinha dos ovos de ouro para os meios de comunicação.

Com ele a audiência cresce, os lucros crescem e o exemplo de sucesso para as
crianças é amplamente sugerido.

Em paralelo quem não ouviu, na tv globo, comentários da figura exótica do  profissional que analisa as arbitragens dos jogos de futebol ?

Via de regra é assim:
" ele( Neymar  ou Nem) faz teatro", " vive caindo", "futebol é assim mesmo, é jogo duro, pesado", "ele fica driblando, vai apanhar " e outras coisas mais.

No mundo governado pelas corporações, nada pode atrapalhar o lucro.

No mundo do ultra conservadorismo retrógrado, o drible pode ser considerado como um pecado, talvez a luxúria.

O drible de Neymar sugere o assunto da realização da copa do mundo de futebol no Brasil.

Hoje, depois da tragédia de Santa Maria, o jornal Folha de SP estampou em primeira página:

" imagine se fosse durante copa do mundo ! "

Ora, todos sabemos que tragédias como a que ocorreu ontem devem se repetir, em algum lugar do planeta, nos próximos dias, meses, anos.

Com o objetivo do lucro cada vez maior, o drible fácil e ousado na segurança e na qualidade tem sido uma constante no mundo dos negócios, em todos os cantos do planeta.

Com alguma criatividade e muita esperteza, casas de espetáculo, concessionárias de transporte coletivo (aéreo, marítimo e terrestre), indústrias de alimentos, serviços médicos,e outros tantos reduzem seus custos de segurança e qualidade, sempre colocando o lucro em primeiro lugar.
Enquanto isso, a vida das pessoas é um mero detalhe.
O capitalismo neoliberal conservador não gosta de gente, gosta de lucro.

Na copa do mundo do Brasil, grandes obras estão sendo realizadas.
Vou me deter aos estádios.
Reformulados para receber um público conservador, assim como nos grandes templos religiosos, as novas arenas priorizam, também, a saída das pessoas em caso de acidente.
Para o Maracanã, que receberá como capacidade máxima 79 mil pessoas, várias saídas foram planejadas para evacuar o estádio em no máximo oito minutos ( peço desculpa  ao leitor se esse tempo for um pouco diferente, tanto para mais ou para menos  ) em caso de acidente .
Isso na teoria, isto é, se o público usar proprocionalmente as saídas em um momento de pânico.
Para que isso aconteça, é necessário o investimento em segurança e pessoal treinado para orientar o público.
Um custo que talvez prevaleça na copa, somente na copa.

No mundo dos negócios, o drible esperto e abusado não só é válido como é enaltecido como sinal de grande inteligência.

Essa mesma "inteligência" também é sempre usada para politizar até mesmo tragédias, sem o menor respeito pela dor dos familiares das vítmas e até a dor , não só do povo brasileiro, mas em todo o mundo conforme a repercussão pelo planeta. 
Um drible "esperto", para tentar lucrar na luta pelo poder, com foi a manchete da Folha de SP e a charge de Chico Caruso, publicada em primeira página no jornal o globo.
Esse é o humor que globo aprova; já outros ela move processos judiciais.
caruso
O humor de o globo. A mulher com as mãos na cabeça é a Presidenta Dilma






                 









Como disse ao caro leitor no início desse texto, o assunto de hoje é o drible.                                                                                                                   

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