segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Imprensa e Despolitização

  Imprensa e Despolitização

 

Imprensa e politização

Por Luciano Martins Costa em 21/01/2013 na edição 729
Comentário para o programa radiofônico do OI, 21/1/2013
A edição de domingo (20/1) do Estado de S.Paulo trouxe como manchete levantamento feito pelo Ibope a pedido do jornal paulista, no qual se revela que a maioria dos brasileiros não tem preferência partidária: no final de 2012, época da consulta, 56% declararam não apoiar nenhum partido específico, enquanto 44% tinham algum partido preferido. Em 1988, os números eram invertidos, com 61% partidarizados e 38% sem preferência.
Segundo o diário, a indiferença dos cidadãos em relação a siglas partidárias é resultado dos escândalos políticos dos últimos anos, em especial o que envolveu dirigentes do Partido dos Trabalhadores. No entanto, embora tenha perdido popularidade desde março de 2010, o PT segue sendo a agremiação com maior número de adeptos, o equivalente a 24% do total.
Uma análise cuidadosa da reportagem, confrontada com outros textos sobre o mesmo tema, revela que houve um esforço de edição por parte do jornal para forçar o entendimento de que o PT teve a maior perda entre os partidos. Os números, porém, indicam que o PMDB, com 6%, e PSDB, com 5%, segundo e terceiro colocados, ainda estão muito distantes do Partido dos Trabalhadores em termos de popularidade. Além disso, não há revelações inéditas no estudo, uma vez que a redução da credibilidade dos partidos políticos é em fenômeno comum a todas as democracias do Ocidente.
Base da pirâmide
Também não é verdadeira a afirmação do Estado de S.Paulo de que a consulta do Ibope revela que “apartidários são maioria no País pela primeira vez desde a redemocratização”, como anuncia o título da reportagem. Em maio de 2012, uma pesquisa do Vox Populi já revelava que 60% dos consultados não simpatizavam com nenhuma legenda política.
Por outro lado, convém analisar o valor desses números: em qualquer circunstância, conforme já observava o jornal gaúcho Zero Hora naquela ocasião, um engajamento partidário de 44% da população é um número nada desprezível.
No subtexto da reportagem do Estadão se pode encontrar, com facilidade, referências a circunstâncias tipicamente brasileiras, como os efeitos de escândalos e a rotinização da democracia, que tende a reduzir o engajamento dos cidadãos. No entanto, a perda de credibilidade dos partidos políticos é tema de estudos em todo o mundo, e aparece até mesmo em uma análise sobre as eleições israelenses, em reportagem do Globo publicada na segunda-feira (21/01): “Ex-líder trabalhista diz que a época de grandes legendas acabou”, diz o texto.
O retrato pintado pelo Estadão no domingo fica mais completo na edição de segunda-feira (21), na coluna do jornalista José Roberto de Toledo, que dá seguimento às análises do estudo publicado na véspera. Resumidamente, ele observa que o PT perdeu adeptos principalmente entre os brasileiros mais ricos, que migraram para o PSDB. “Pela primeira vez, há mais brasileiros com renda superior a dez salários mínimos que se dizem tucanos que petistas: 23% a 13%, segundo o Ibope”, diz o texto.
No entanto, a mudança de perfil não se deu apenas porque os mais ricos e educados deixaram de apoiar o PT, mas principalmente porque a base do Partido dos Trabalhadores foi inflada por cidadãos que ingressavam na nova classe de renda média. Na verdade, constata o colunista, o PT vinha perdendo apoiadores entre os mais ricos desde junho de 2001, quando 35% dos brasileiros de renda mais alta se diziam simpatizantes do partido. Esse fenômeno não era percebido, em parte, por causa do crescimento do PT na base da pirâmide, impulsionado pela grande popularidade do então presidente Lula da Silva.
Tudo a ver
O PSDB só começou a crescer entre os brasileiros de renda superior a dez salários mínimos a partir de 2010 – e aqui se pode misturar uma série de fatores, desde o bombardeio da imprensa sobre o tema da corrupção até o desconforto da elite com aeroportos lotados pela classe emergente.
Mas um elemento importante desse estudo, que é abordado ligeiramente por Toledo, ainda está por ser radiografado: o Partido dos Trabalhadores perdeu espaço principalmente entre os leitores de jornais e revistas.
Esse aspecto da consulta do Ibope precisa ser visto por dois ângulos opostos: os leitores de jornais e revistas abandonaram o PT por causa do intenso noticiário sobre escândalos políticos, ou os petistas abandonaram a leitura de jornais e revistas pela mesma razão?
Assim como o PSDB se transforma em partido de elite, mais conservador e homogêneo, também a imprensa passa por um fenômeno semelhante: tudo a ver?
Mas esse é tema para estudos mais profundos, que certamente os jornais teriam pouco interesse em publicar.


PT neles !


Mais uma vez a grande imprensa confunde desejo com realidade, e para isso, se ultiliza de pesquisas para produzir seus contorcionismos.

É claro que a imprensa tem uma posição sobre a política que ela deseja, e também como deveriam ser os partidos políticos de seu agrado.

Já não é de hoje, mais especificamente desde o início da década de 1990, que a grande imprensa martela na tese de que os Técnicos  são mais importantes do que políticos, induzindo os leitores a uma comparação errada entre Técnica e Política. Um exemplo atual pode ajudar na compreensão:

- os inúmeros estudos sobre as alterações climáticas e seus desdobramentos sobre as sociedades, assim como as soluções para mitigar os estragos já causados, foram produzidos pela comunidade científica como também estão disponíveis. As decisões para implementá-los, em diferentes níveis e escalas, dependem de ações políticas. É através da Política, com base na Técnica, que as  soluções serão encontradas.

Até mesmo em corporações com unidades fabris, por exemplo, cresce uma tendência de se utilizar profissionais com maiores habilidades em diferentes saberes ( capacidade de comunicação, capacidade para resolver conflitos )em áreas até então dominada por técnicos especialistas. É comum hoje, encontrar Filósofos ocupando o cargo de Diretor Industrial de uma planta  Química, por exemplo.
Em situações onde se exige muito mais do que a especialização técnica, um facilitador deve ocupar o espaço e ter sob seu comando  especialistas técnicos nas áreas específicas.

Esse também é o papel do político. Em todos os casos uma compreensão exata de liderança é fundamental. Líder não necessariamente é aquele que tem todo o conhecimento,como o especialista, e sim aquele que é capaz  de ter em seus quadros pessoas com o conhecimento desejado para as funções e ainda saber extrair o que de melhor essas pessoas podem oferecer.

A Política, que o globo deseja que desaparesça, é fundamental e necessária.
Dizer ainda, baseando-se em um estudo de um cientista israelense de que as grandes legendas estão em extinção, me parece pesquisa de asas de borboleta.

As grandes legendas políticas no mundo atual, em função da própria ideologia econômica e política atuais, estão passando por transformações exatamente para buscar uma maior participação política do cidadão. A maioria das novas legendas que surgem no mundo , colocam a participação direta do cidadão na política como uma exigência.

Vale ainda lembar do Brasil. Já tivemos por aqui, isso se formos lembrar apenas os últimos 50 anos, grandes legendas que sumiram.  A aliança renovadora nacional - ARENA - partido dos militares da ditadura, o Partido Democrático Social - PDS - exaltado em sua época gorda como o maior partido da América do Sul, o Partido da Frente Liberal - PFL, que de frente ficou para trás e apesar da mutação em Democráticos também já agoniza. 
A ARENA foi criada na década de 1960 e sumiu no início da década de 1980, para criar seu clone o PDS. 
O PFL surgia na métade da década de 1980 e hoje agoniza em DEMOCRATICOS. 
A ARENA teve de mudar de nome em duas décadas, o mesmo com o PFL. 

E o Partido dos Trabalhadores- PT - deve estar se perguntando o atento leitor ?

Criado em 1980, o PT com quase  33 anos continua como o partido com o maior percentual de simpatizantes fixos - 24 % - da população brasileira , número que sempre aumenta nos períodos eleitorais. Cabe lembrar que o segundo maior PMDB - tem apenas 6 % de simpatizantes.

A medida em retiramos as nuvens da desinformação, sempre abundantes em estadão e globo, vemos que o objetivo da matéria do estadão de domingo, assim como a repercussão em outro naipe musical pelo globo de hoje, visam desqualificar a política, os políticos e o principal partido político do Brasil.

Faça Política diariamente . Participe da Política diariamente.  Não deixe que outros façam por você, pois você pode não gostar dos resultados.

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