quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Globo. Um Apagão de Idéias

Globo.   Um Apagão de Idéias

 

Merval Pereira: o exterminador do passado

Rei dos instrumentos, por sua extraordinária capacidade de reproduzir os sons orquestrais do reacionarismo brasileiro, realizando recitais a pedidos do Instituto Millenium, Merval Pereira personifica a figura paradigmática do teclado da grande mídia corporativa.

É difícil dizer o que mais impressiona: se a grande imprensa ter perdido a importância que detinha até os anos 1990 - quando ainda tinha relativa influência no cenário político -, ou a desfaçatez com que seus jornalistas, amadurecidos no tapa na arte de reescrever a história, sonegam dados e fatos. Rei dos instrumentos, por sua extraordinária capacidade de reproduzir os sons orquestrais do reacionarismo brasileiro, realizando recitais a pedidos do Instituto Millenium, Merval Pereira personifica a figura paradigmática do teclado da grande mídia corporativa.

Em 9/1/2013, declarou ele em sua coluna de O Globo que "a imprevidência dos governos petistas no setor energético acabou por neutralizar as críticas feitas à época do apagão de FHC."O PT tanto politizou o racionamento de energia ocorrido no Brasil em 2001 que passou a não ter direito de adotá-lo em caso de necessidade, como pode vir a ser o caso proximamente. O problema é que a presidente Dilma, quando ministra, garantiu que o que não ocorrerá mais no Brasil é racionamento de energia, chamando o episódio de “barbeiragem”.

O que Merval, aquele que tanto preza a tese do "domínio do fato" quando se trata de legitimar simulacros de julgamento no STF, faz em sua coluna é submeter, por ação e omissão, os fatos aos desígnios dos que promoveram o festim neoliberal no país durante oito anos. Se até o início dos anos 1990, o Brasil dispunha de um sistema energético limpo, renovável, barato, capaz de estocar combustível para cinco anos, apto a transferir grandes blocos de energia do Sul para o Norte, do Nordeste para o Sudeste, gerenciando de forma integrada bacias hidrográficas fisicamente distantes milhares de quilômetros, a partir da fronda tucana, tudo isso se desfez.

Ao contrário do que afirma o imortal por encomenda da família Marinho, não só o PT tem plenas condições de continuar criticando a estratégia político-econômica que tanto fragilizou o estado e a economia brasileira, como podemos atribuir o termo "barbeiragem" a uma incompreensível benevolência da presidente aos que se deixaram levar pelo canto das sereias que habitam os mercados financeiros.

Desde o consórcio demotucano, bloquearam-se os investimentos em expansão do setor de geração de energia. Primeiro em nome do combate à inflação, depois apostando numa chuva de dinheiro decorrente das privatizações e na elasticidade (real) do sistema hidrelétrico. O descaso, é sempre bom lembrar, andou de braços dados no governo incensado pelo prolixo colunista de O Globo.

Adílson de Oliveira e Edmar de Almeida, professores da UFRJ, em artigo publicado no boletim Petróleo de Gás (abril de 2001) lembravam que a capacidade instalada tinha aumentado apenas 25,3% nos últimos seis anos, enquanto o consumo de energia elétrica cresceu 31,3%, no mesmo período. A defasagem, decorrente de investimentos aquém da necessidade foi, por algum tempo, suprida com o uso da água acumulada nos reservatórios.

Ambos alertavam para a situação especialmente grave no Sudeste e Nordeste, onde os níveis estavam abaixo de 35% da capacidade total. O racionamento anunciado era resultado de uma política deliberada: entregar a infraestrutura aos "agentes privados" que nunca ganharam tanto, tão fácil e tão rápido em tão pouco tempo. Como não politizar essa ida ao pote com tanta sede de lucro?

Como ignorar a gravidade da situação? Os reservatórios foram imprudentemente baixados a um nível tão crítico que, como alertou à época o professor Antônio Dias Leite, ex-ministro das Minas e Energia, "não seria possível seu reenchimento em um ano, mesmo que chovesse muito".

Cortar em 20% o consumo como o governo havia decidido, além de deteriorar a qualidade de vida da população, acarretaria a redução do crescimento, desorganização da cadeia produtiva e desemprego. A Fundação Getúlio Vargas (FGV) projetava que um racionamento de energia para residências em 15% por seis meses e 22% para as empresas provocaria uma perda de R$ 15 bilhões na produção de bens e serviços além da perda de 17 mil postos de trabalho.

Onde estavam Merval, Catanhede, Miriam Leitão e Ricardo Noblat, entre tantos outros milicianos das redações partidarizadas? Por que nunca questionaram o que viam? Diante da imprevidência dos banqueiros, o governo de FHC criou o Proer, pagando a conta dessa imprevidência. Com relação à questão energética, por que os consumidores teriam que pagar pela incúria da gestão tucana? E, pior, pagariam duas vezes para que as concessionárias, tal como estava nos contratos, não tivessem prejuízos.

Por que os jornalões não contam a história toda? O motivo é simples. A partir do momento em que optou por fazer as vezes da direita – ou até assumir papéis e funções que caberiam aos seus partidos - a grande imprensa passou a ter que blindar o passado. Assim como faz com Serra, Aécio, Álvaro Dias e outros aliados/colaboradores. Frustradas, até agora, as tentativas de ressuscitar eleitoralmente o tucanato esfacelado, cabe às antigas oficinas de consenso exterminar o passado.

Parafraseando Shakespeare, com a pobreza típica das paráfrases, só resta dizer: "ambivalência, teu nome é redação partidarizada".




O  Apagão  Gasoso


O governo de FHC deixou propositalmente que os reservatórios chegassem a um nível crítico, para que , depois, tudo fosse às mãos dos amigos dos marinhos, que o merval tanto defende.

Era o período de privatização total, e os elétrons que correm pelos cabos de transmissão e chegam na sua residência, caro leitor, não poderiam ficar de fora.

Na farra das privatizações, o cenário da festa foi decorado com o gás da Bolívia.

O governo FHC conclui o gasoduto Brasil -Bolívia, em direção ao sudeste do Brasil, com fornecimento de gas boliviano.

O governo boliviano na época, também neoliberal, praticamente entregava de graça o gas para o Brasil, fazendo das térmicas, naquele momento, um excelente negócio.

Criava-se , assim , um modelo de criação de termelétricas, que usariam o gas boliviano, similar ao modelo petroquímico criado por Geisel ( cada termelétrica com três sócios -30, 30, 40 ).

Cabe lembrar que o vice de FHC, Marco Maciel, trabalhou no governo Geisel.

As termelétricas a gas, com o gas boliviano, se transformaram em objeto de desejo daqueles que orbitavam as decisões do governo de FHC.

Produzir energia , queimando um gas baratinho e com uma grande margem de lucro.

Fantástico.

A GLOBOPAR ( globo participações, das organizações globo ) fez, e talvez ainda faça, parte na composição acionária de várias termelétricas, assim como empreiteiras e outras corporações ligadas ao governo FHC.

Acontece que um pequeno erro de cálculo, para não dizer barbeiragem do governo FHC que muito pouco investiu na geração de enregia, gerou um enorme prejuízo para o país e para a população contruibuindo para um racionamento de energia.

A farsa , na época, foi desmascarada e repercutiu na internete.

Por que será que Merval não escreveu nada sobre a farra do gas ?





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