sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Civilização ? Tem muito Primata Rindo

Civilização ?   Tem muito Primata Rindo

 

 

Drauzio Varella: Inimigo Público

A metade dos brasileiros adultos está obesa ou com excesso de peso. A continuarmos nesse passo, em dez anos estaremos tão gordos como os americanos. Lá, 30% dos adultos estão na faixa do excesso de peso, 30% são obesos e 10% -sofrem de obesidade grave.


Por Drauzio Varella*, Carta Capital




foto: minilua.com

Para eles, conter essa epidemia virou prioridade governamental, porque os custos das doenças crônicas associadas à obesidade serão insuportáveis para o sistema de saúde. Imaginem para o nosso.

As autoridades sanitárias americanas -travam uma queda de braço desigual com a indústria alimentícia, as cadeias de fast-food, as associações que representam os restaurantes, as empresas de publicidade e os lobistas.

Está na ordem do dia a proposta do aumento de impostos sobre os refrigerantes açucarados. Como essa discussão será travada um dia entre nós – quando a saúde pública for levada a sério nessas paragens –, vou resumir um debate publicado no The New England Journal of Medicine.

Para escrever a favor da taxação, a revista convidou o médico Thomas Farley, do Departamento de Saúde de Nova York. Diz ele:

1) As companhias fazem de tudo para promover o consumo de refrigerantes calóricos. O apelo toma partido da preferência do paladar pelos sabores doces.

2) As embalagens estão cada vez maiores e baratas, e podem ser fechadas novamente para garantir consumo contínuo. São vendidas em máquinas e distribuídas nas estantes mais vistosas de supermercados e lojas de conveniência.

3) A população continua a engordar, apesar de saber que calorias em excesso são as principais responsáveis do sofrimento causado pela obesidade. O apelo dos refrigerantes com açúcar e das técnicas de marketing para promovê-los é mais forte do que a força de vontade dos adultos. O que esperar das crianças?

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4) Se um produto distribuído nas escolas causasse doença, todos pressionariam as autoridades para regulamentá-lo. Por que não fazer o mesmo com os refrigerantes que contribuem para a obesidade?

5) A educação sempre é apresentada como alternativa às políticas aplicadas à solução dos problemas de saúde. De fato, é necessário alertar para os riscos das bebidas e dos alimentos obesogênicos, mas a educação sozinha não resolve. É fundamental criar um ambiente alimentar que não exponha crianças e adultos às quantidades absurdas de açúcar.

Contra a taxação, argumentam David Just e Brian Wansink, economistas da Universidade Cornell:

1) Não há dúvida de que os refrigerantes com açúcar contribuem para a obesidade, especialmente nas crianças. Nesse caso, regulamentar preço, conteúdo, disponibilidade e marketing parece sensato: se criarmos uma lei que proíba
as crianças de tomar refrigerantes, elas não tomarão. Mas é preciso cuidado, a proibição do álcool no passado foi um desastre.

2) Cercear o acesso a um produto altera o padrão de consumo de outros. Se afastarmos os refrigerantes das crianças, elas tomarão outras bebidas; sucos adocicados, por exemplo. No estudo que acabou conhecido como Coke to Coors conduzido em Utica, no estado de Nova York, a taxação de refrigerantes provocou aumento na venda de cerveja.

3) Quando uma autoridade impõe regras dietéticas para as crianças, a tendência delas é contestá-las. Será triste criarmos uma geração de fanáticos por refrigerantes.

4) O uso de estratégias comportamentais é mais eficaz. Diminuir a visibilidade dos refrigerantes com açúcar e aumentar a das frutas e dos vegetais, tornando-os mais atrativos por meio de associação com heróis, como Batman – como foi feito no passado com Popeye e o espinafre –, pode criar hábitos saudáveis mais duradouros sem criar associações de defensores do direito de tomar refrigerantes.

5) O universo de alimentos que contribuem para a obesidade infantil é muito maior do que o dos refrigerantes com açúcar.

E você, prezado leitor, o que acha?

* Drauzio Varella é médico cancerologista, formado pela USP



Decadente-cola

É o que chamam american way of life.
É a famosa  e sempre enaltecida praticidade do povo americano.
O caro leitor certamente deve estar se perguntando:
- que praticidade é essa em que as pessoas tem até dificuldade para andar, entrar em um 
  carro ? Imagine se acomodar em um avião ?
E os números mostram que uma grande parcela da população tem essas dificuldades.
E aí começa a briga. 
E que briga. 
De um lado a indústria alimentícia, as cadeias do "prático" alimento fast food, restaurantes e afins. 
Do outro lado o "inconveniente" estado com suas normas, regras e ultrapassadas tentativas de regular e controlar a livre iniciativa.
O american way of life, com a sua praticidade, entende que tempo não pode ser desperdiçado com atividades pouco produtivas, como comprar ingredientes, fazer suas próprias refeições, e alimentar-se com tranquilidade. 
Afinal a tecnologia e as máquinas, aí estão, fruto da inteligência do american way of life, para fornecer os alimentos que necessitamos. 
Sempre padronizados, impessoais, higiênicos. O disco do hamburguer é sempre do mesmo tamanho, assim como o paladar, e até as pedrinhas de gelo do refrigerante, que sai de uma máquina, tem o mesmo tamanho. 
As embalagens são padronizadas e descartáveis . 
O consumidor não se preocupa com nada, apenas come, em segundos, ganha o tempo tão precioso, mas não sabe que compromete toda sua vida. 
A padronização dos alimentos da cadeia fast food certamente deve utilizar sementes transgências para a produção dos diferentes componentes. 
Some-se a isso o fato que muitos produtos são congelados, e aquecidos próximo ao consumo. Com tudo isso lá se vão pela estrada da suposta praticidade inúmeros nutrientes. 
Humanos e animais , principalmente os domésticos,aí me refiro aos humanos, desfrutam de um mesmo modelo de nutrição, racional, rápido e mortífero. 
Como habitantes de regiões estéreis, onde nada se produz, planta e colhe, as embalagens em formato de caixas, de diferentes tamanhos, estão por todos os lados, em cores vivas, em diferentes volumes e pesos, sempre com total facilidade para o acondicionamento em grande escala em residências e de fácil consumo. 
A maioria dos alimentos tem baixo valor nutricional, pouca energia química, além de serem carregados em açúcar, e uma infinidade de substâncias químicas que contribuem para que os produtos tenham uma boa aparência, cores vivas, maciez , odores e paladares. 
Tudo é artificial e pobre e com o tempo, que não pode ser desperdiçado no american way of life, vai se transformando em uma bomba onde inúmeras doenças  começam a dar sinais vitais de grande organização e poder destrutivo. 
Todos querem a praticidade, ao ponto de não sair de seu automóvel para fazer uma refeição. 
O automóvel é prático, pois com ele as  pessoas se deslocam de um lugar para outro, com rapidez e refeições são detalhes que podem ser corrigidos com a praticidade das cadeias de fast food. 
Fantástico ! 
O mesmo pode ocorrer no local de trabalho, pois para que se ausentar já que que se pode realizar as tarefas, e de forma agradável e tranquila, consumir os alimentos. 
E as rosquinhas com café nos horários do lanche. Hummmmm, são ótimas. 
Tudo é prático na sociedade da praticidade. 
Já pela noite, em casa com a família, depois de um dia altamente produtivo, nada melhor que refeições práticas, aquecidas em micro ondas, para não perder tempo , pois os programas de tv estão cada vez melhores nesses tempos de civilidade capitalista. 
Apesar de algumas notícias desagradáveis, como essas crianças desajustadas que vivem matando outras crianças de forma fria, impessoal, padronizada e prática, nosso american way of life é um exemplo de civilidade, higiene, progresso e saúde. 
E as crianças ? 
Todas, ou a grande maioria, adora coisas doces, que não necessariamente deveriam ter açucar refinado . 
Crescendo na sociedade da praticidade e dominadas cruelmente por uma máquina mortífera de propaganda, as crianças são corpos de prova das grandes corporações. 
E o estado ? 
O estado, sempre visto como um impecílio para os negócios, não tem poder na sociedade da praticidade e ainda deve se sujeitar as normas  e regras criadas pelas corporações, que servirão como normas para a sociedade. 
Assim sendo, os novos humanos desse novo e admirável processo civilizatório, mas se parecem com mamutes, obesos, doentes que , por outro lado, são uma excelente fonte de receita para a indústria farmacêutica e médica e , também e principalmente, um grande transtorno com enormes prejuízos para a saúde pública.
A nutrição deve ser vista e entendida pela população, também, como uma prática de hábitos de higiene. Infelizmente não é assim. 
A maioria come, come, mas pouco se alimenta. O Comer Bem não significa comer muito.
E o governo brasileiro?
É impressionante a pasmaceira do governo federal no que diz respito a criação de normas  rígidas contra a propaganda de alimentos , principalmente para crianças.
As emissoras de tv privadas veiculam diariamente, por anos e anos a fio, uma enxurrada de material de propaganda de alimentos  nocivos a saúde. São refrigerantes, fast food, biscoitos vulgares, guloseimas e outros venenos mais.
É impensável , para o cidadão brasileiro, incorporar hábitos  como o de consumir refrigerantes.
Em um país com uma abundância de frutas, cidades onde existem uma loja de sucos em cada esquina, consumir refrigerantes artificiais e nocivos a saúde humana, só mesmo pela imposição da propaganda. Nossas esquinas não vendem armas.
E o quem tem feito o governo federal ?
Nada. Absolutamente nada. 
As emissoras de tv privada também nada farão, pois as corporações de alimentos e bebidas são seus grandes mantenedores e certamente não gostariam de ver seus objetivos serem contrariados com campanhas educativas sobre nutrição. 
Acrescente-se a tudo isso o fato que as corporações de alimentos e bebidas serem os principais  patrocinadores de shows, cultura e grandes eventos esportivos.
Na Bolívia, a cultura da praticidade sofreu um duro golpe já que o povo boliviano, em respeito aos seus hábitos, preservou a prática de preparações de suas refeições, pois além  da questão nutricional estão , também, envolvidos aspectos de sociabilidade, pois as famílias se reunem durante a preparação e no consumo dos alimentos. Ainda teve a coca-cola rejeitada no país, pois os bolivianos não abrem mão de beber seu tradicional refresco a base de pêssego.
Movimentos semelhantes, e mesmo mais antigos, acontecem em outros países , como o slow food, na Itália.
A cultura da praticidade violentamente imposta pelas mídias brasileiras e pela propaganda, revela-se um problemas, até mesmo em seu lugar de origem. 
O leitor bem informado certamente deve estar pensando:
- a cultura da praticidade vem de um país onde a maioria da população sofre de obesidade, por  conta de seus hábitos alimentares e estilos de vida. Também é de lá a maior população carcerária do planeta. Os práticos e inteligentes, em sua esmagadora maioria, mais precisamente 9 em 10 habitantes, possuem armas de fogo. A cultura da praticidade é responsável por consumir, irracionalmente, 45 % dos recursos naturais do planeta, para privilegiar,teoricamente, 4,5% da população desse planeta. O american way of life é o maior poluidor do planeta. E para terminar, sem pensar em esgotar o assunto, eles vivem em uma guerra sem fim, contra tudo e todos que pensem diferente deles.
Reducionismo e estreitamento de idéias não tem nada de prático, menos ainda de civilizado. 

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