domingo, 27 de janeiro de 2013

A Morte de um Modelo Decadente

      A  Morte de um Modelo Decadente

Morte

BRASÍLIA - Morte, morte, morte, morte, morte. É impressionante como o Brasil, que se escandaliza com as matanças em escolas e cinemas nos EUA, se acostumou com histórias cinematográficas de assassinatos em toda a parte do país.
O dono de um restaurante do litoral paulista esfaqueia e mata um cliente por causa de R$ 7. Um cliente faz o contrário no DF: liquida a tiros o dono de um "self-service" que não admitia restos no prato.
Uma moça em final de gravidez leva um tiro e morre. Por causa de uma mochila barata, uma adolescente é atingida, sem chance de socorro, em um bairro nobre paulistano.
Já uma menininha com uma bala na cabeça, mas com chance de sobreviver, espera por oito horas o cirurgião que não vem e acaba morrendo num hospital no Rio.
Um cidadão é morto, na frente da mulher e da enteada, por uma garota de 15 anos. Nada menos que 56 mulheres foram assassinadas no Paraná no ano passado.
E, numa periferia de Brasília, a cena macabra: as cabeças de um casal gay expostas no meio da rua, enquanto a casa deles vira cinzas.
Em São Paulo, os índices são chocantes: em 2012, os homicídios cresceram mais de 15% no Estado e 34%, numa versão, ou 40%, em outra, na capital. E são materializados nas chacinas e nas mortes em sequência de policiais.
O governo Alckmin gaba-se de que os índices ainda estão entre os melhores do país, mas isso não ameniza o fato de que a tendência de queda foi interrompida e de que a meta de 10 homicídios por 100 mil habitantes não foi atingida.
É preocupante para um candidato à reeleição em 2014, com Lula a mil por hora no seu encalço, mas é desesperador para a população que não sabe mais como morar, dirigir, andar --ou seja, como viver.
A jabuticaba, azeda como ela só, é que a onda de violência no país coincide com recordes de arrecadação de impostos: mais de R$ 1 trilhão.
Eliane Cantanhêde Eliane Cantanhêde, jornalista, é colunista da Página 2 da versão impressa da Folha, onde escreve às terças, quintas, sextas e domingos. É também comentarista do telejornal "Globonews em Pauta" e da Rádio Metrópole da Bahia.



Vida

A colunista confundiu jaboticada com azeitona.
O assunto a ser debatido é a escalada da violência, mas não uma violência qualquer, uma violência com alvos bem definidos. 
Estamos falando de um fenômeno mundial, não apenas das cidades brasileiras.
Um fenômeno que nesta década já assume caracaterísticas de epidemia mundial.
Se é mundial, como de fato é, estaria ligado ao novo "pacto civilizatório" pós queda dos regimes comunistas em 1990 ? 
Teria relação direta com o modelo econômico vigente no planeta ?
Seria uma onda de afirmação do patriarcado ?
As mulheres tem sido as principais vítimas dessa onda de violência. Seja no Brasil , ou em outros  países temos assistido a um aumento assustador dos casos de estupro de mulheres, algumas crianças.
Em reforço a onda de violência, o primeiro ministro japonês sugeriu que os idosos morram logo, para amenizar as contas da previdência social.  Outros na lista da violência; os idosos.
O modelo econômico mundial joga os pobres na exclusão, em favelas e guetos, onde proliferam o consumo de drogas. Mais na lista da violência; os pobres.
Nos últimos vinte anos o mundo tem assistido uma onda  crescente de racismo. Outro grupo na lista; os negros.
As mortes por roubo de mochilas, tenis, tem em comum o desejo , por parte do assaltante, em fazer parte, estar incluído, em um grupo onde todos vestem-se e usam os mesmos objetos, tão alardeados e incentivados pelos meios de comunicação como símbolos de sucesso e modismo. A violência do consumismo enquanto um valor universal.
Uma pessoa que morre por 7 reais está diretamente ligada a prática capitalista de agiotagem, onde se não paga, morre. O dinheiro, não pode ser alvo de enganação , de uma pessoa para outra, no universo dominantemente capitalista. Já o adultério não é um problema, nem a mentira, muito menos a manipulação das informações.
Com o declínio do modelo neoliberal , a crise mundial em curso, e as sucessivas vitórias de governos de muitos países contrários ao modelo vigente, mesmo que ainda estejam inseridos no modelo, cresce uma forma de autoritarismo e violência que ignora os pincípios democráticos, em uma tentativa de impedir novas formas de governança. Como resultado mundial, escancara-se o enfraquecimento dos organismos internacionais na resolução de conflitos e tomadas de decisões.
Com uma participação mais ativa na difusão de informação e troca de conhecimentos, a internte e suas redes sociais também são percebidas, por aqueles que desejam manter o satus quo, como uma ameaça  ao modelo vigente decadente. Daí a a violência e perseguição de ativistas digitais, com prisões arbitrárias, e processos judiciais absurdos.
O crescimento da intolerância religiosa também é um fenômeno que ganha destaque na última década. Por algumas vezes, o próprioVaticano, através de declarações de seus generais, atacou outras religiões, dando a senha para que a mídia ocidental alinhada fizesse o restante do serviço, através da  informaçõae do entretenimento. 
O " pacto civilizatório" vigente , acentuou na última década, o estreitamento das idéias, tentando evitar toda e qualquer forma de pluralidade ideológica, debates sobre temas que não sejam de seu interesse, difundido a crença falsa da inevitabilidade de outras opções.
E para terminar, sem imaginar em esgotar um assunto tão amplo, fica a frase senha do momento de barbárie que o mundo vive.
Em 2001, Bush II disse :
" aqueles que não concordam conosco devem ser tratados como inimigos "
Voltando rapidinho. 
Precisamos de um estado cada vez mais forte, onde todos paguem seus impostos e que o povo tenha participação direta nas tomadas de decisões, e uma justiça que puna , igualmente perante a lei, pobres e ricos.


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