segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Antinho na Globo

.O virtuosismo vocal estéril é o legado do The Voice à música brasileira


Torturam as notas até não sobrar nada delas, ignoram as letras em prol de um exibicionismo obtuso, matam a pauladas a gentileza
Por Kiko Nogueira, no DCM


Sam Alves (Foto: Reprodução/TV Globo)

O programa “The Voice” deixa como legado uma praga sinistra na música brasileira: o oversinging, a exibição de musculatura vocal e virtuosismo estéril que destrói qualquer canção.
Não era uma tradição brasileira. É uma herança bastarda do gospel. É o que já fazem há algum tempo, lá fora, Christina Aguilera, Mary J. Blige, Jessica Simpson, Josh Groban, Beyoncé, a insuportável Céline Dion, entre outros. Torturam as notas até não sobrar nada delas, ignoram as letras em prol de um exibicionismo obtuso, matam a pauladas a gentileza.
O ganhador do karaokê da Globo, Sam Alves, começou sua epopeia esfaqueando a delicada “Hallellujah”, de Leonard Cohen, e terminou gritando alguma outra música. É um retrocesso para o Brasil. João Gilberto e Tom Jobim — e depois seus seguidores Chico Buarque, Caetano Veloso, Gal Costa, Roberto Carlos e outros –, haviam atirado no século 18 o vozeirão de canastrões como Cauby Peixoto, Nelson Gonçalves e Ângela Maria. Perto desse pessoal do The Voice, Cauby, Ângela e Agnaldo Timóteo são silenciosos como a brisa.
Não é agradável. Não é cantar. É gritar mais ou menos no tom. Não que não tenhamos tido intérpretes exagerados. Elis Regina, para ficar num exemplo, era derramada, dramática. Mas nunca em detrimento da canção. Ela estava a serviço dela. Elis se descabela em “Atrás da Porta”, de Chico, mostrando todos os seus dotes, sem abrir mão do que a composição está falando. Você pensa em cortar os pulsos, nem que seja por dois segundos.
O oversinging virou um padrão da indústria. O nível de intoxicação é tão grande que, aparentemente, não há mais o que fazer. A moça que interpreta forró é obrigada a dar cambalhotas vocais. O que esses caras fazem com Tim Maia é uma maldade. Tim, que inventou o soul brasileiro, era econômico com seus vastos recursos vocais. No final de “Gostava Tanto de Você”, ele se solta um pouco mais. É uma aula de contenção e feeling.
A nova histeria musical nacional quer que a melodia original se dane. O que importa é colocar o máximo possível de confetes num bolo até ele perder o gosto. É a globalização da ruindade. O rapaz de Fortaleza canta exatamente como o da Nova Zelândia. E eles vêm em série. É um ciclo vicioso que entope o mercado de vocalistas que berram, sempre a um passo de imolar suas gargantas.
Se você quiser culpar alguém, culpe Whitney Houston. Foi ela quem popularizou a técnica por trás do oversinging, chamada de melisma, a capacidade de emitir várias notas numa sílaba. Aretha Franklin fazia uso  disso antes dela, mas Whitney levou a coisa a um outro patamar. No início dos anos 90, ela estourou com “I Will Always Love You”, em que o “I” durava seis segundos. Fazia estrepolias com o “You”, também. Sem desafinar, faça-se justiça. Na esteira dela, vieram seus clones modernos.
Suas acrobacias eram resultado de treino árduo e, claro, dom. O piro virtuoso de Whitney e seus asseclas é uma espécie de aviso aos autores: “Ok. Vocês bolaram essa harmonia, escreveram essa letra — mas agora a coisa está comigo e eu farei o que eu quiser”. Uma espécie de apropriação indevida, muito lucrativa em alguns casos.
Por trás de cada refrão estuprado por esses Godzillas, há um autor pedindo socorro. Os mortos não têm saída. Os vivos podem achar que vão ganhar dinheiro com isso. O oversinging é uma doença estética que, graças ao The Voice, vai ganhar o país. Como dizia Agnaldo Timóteo, a plenos pulmões: “Ai, ai, mamãe, eu te lembro chinelo na mão, o avental todo sujo de ovo. Se eu pudesse, eu queria começar tudo, mamãe, tudo de novo”.
Fonte: REVISTA FÓRUM
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Esse estilo é de matar. 
Meio gospel aos berros é dose prá leão.
Só podia vir mesmo de globo.
Aliás, a programação da tv globo ainda é a mesma criada por Boni, lá em décadas obscuras.
Naturalmente que a audiência de globo vai envelhecendo, alguns ficam mais burros e outros morrem. 
E assim se faz necessário a renovação para que as audiências se mantenham nos mesmos patamares.
E  isso em globo não aconteceu.
O novo de globo, veio em 2000 com o Big Brother Brasil. 
Cá pra nós, reality show enquanto renovação  é dose.
O  reality show veio já com Boninho, o filho de Boni, no lugar do pai.
Até hoje se discute se a mudança foi uma consequência de dinastia  ou se o menino Boninho teria algum talento como tinha o pai.
Parece que foi mesmo um caso de família.
Além do reality show, Boninho, o filho do pai, lançou essa aberração ou berração do The Voice.
Cabe lembrar que foram apenas as duas "grandes novidades " de globo no período pós Boni.
Ambas foram cópias de programas de outras emissoras, no caso o reality show veio da Holanda e o The Voice dos EUA.
Não houve nenhum processo criativo voltado para a nossa cultura, no tocante as "novidades".
Ambos os programas são excrescências de tv's de outros países.
Não é por acaso que a audiência de tv globo não para de cair.
Ao que parece, o filho do pai é uma anta.     

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Marinho tem razão:
a Globo despenca

O pior é no horário nobre, onde rola mais grana …

Saiu na Folha (*):

Globo e SBT encerram 2013 com pior audiência da história


Globo e SBT não terão saudade de 2013. As duas emissoras registraram no ano que está partindo as piores audiências de sua história.

De 1º de janeiro a 26 de dezembro, a média diária (das 7h à meia-noite) da Globo na Grande São Paulo foi de 14,3 pontos. Em 2012, a rede marcou 14,7 pontos. Cada ponto equivale a 62 mil domicílios na Grande São Paulo.

O SBT está encerrando o ano com 5,3 pontos de média diária, ante 5,6 pontos do mesmo período no ano passado.

Esses são os piores índices já registrados por essas emissoras durante um ano.

(…)

Na faixa nobre (das 18h à meia-noite), onde estão os anunciantes, a Globo caiu de 24,6 pontos (2012) para 23,2 pontos (2013). O SBT passou de 6,7 para 6,5 pontos. A Band foi de 3,7 para 3,5 pontos. A Rede TV! marcou 1,2 ponto neste ano, ante 1,3 em 2012.

Apenas Record e TV Cultura cresceram na faixa nobre. A Record foi de 7,7 para 7,9 pontos, e a Cultura, de 0,9 para 1,4 ponto. 
Fonte: CONVERSA AFIADA
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 Boninho afirma que joga ovos podres em 'vagabundas' 

 No vídeo acima, se ainda estiver disponível no Youtube, representantes –como direi?—da fina flor da sociedade carioca revelam que, da janela de seu apartamento, costumam jogar ovos, água, camisinha, papel higiênico, cigarro, almofada, vassoura, pedra, flores, o que estiver por perto, nos transeuntes e carros. Um deles, o J.B. de Oliveira, o Boninho, diretor do Big Brother Brasil, diz ter jogado ovos podres em “muitas vagabundas em São Paulo”. Ensina que injetando éter nos ovos eles ficam podres em três dias.


A socialite Narcisa Tamborindeguy diz que gosta de atingir as pessoas com comida. Deve ser a contribuição dela para o Fome Zero. João Eduardo, neto de Brizola, é quem faz a entrevistas com os arremessadores.

No momento, o vídeo (dividido em duas partes) é um dos mais assistidos. Hoje, ele andou sumido do YouTube –o site teria deletado-o, e não se sabe por que, considerando que não existe nenhuma medida judicial determinando sua retirada.

A Folha Online lembra que o Youtube e a Globo firmaram recentemente um convênio para a manutenção, no site, de um canal exclusivo à emissora. Suponho que, depois de ter sido deletado, o vídeo foi reenviado por alguém ao YouTube, e que a qualquer momento poderá evaporar-se de novo.

Um porta-voz da Globo disse que a afirmação do Boninho foi “uma brincadeira”. Tá bom. Vou fingir que acredito


sábado, 28 de dezembro de 2013

Um Outro Mundo é Possível

Uma governança global da pior espécie: dos mercadores

A constituição perversa deste império surgiu por causa da falta de uma governança global que se faz cada dia mais urgente para enfrentar problemas globais


Leonardo Boff Arquivo

Anteriormente abordamos o império das grandes corporações que controlam os fluxos econômicos e através deles as demais instâncias da sociedade mundial (ver: O funesto império mundial das corporações). A constituição perversa deste império surgiu por causa da falta de uma governança global que se faz cada dia mais urgente. Há problemas globais como os do paz, da alimentação, da água, das mudanças climáticas, das migrações dos povos e outras que, por serem globais, demandam soluções globais. Esta governança é impedida pelo egoismo e o individualismo das grandes potências.

Uma governança global supõe que cada país renuncie um pouco de sua soberania para criar um espaço coletivo e plural onde as soluções para os problemas globais pudessem ser globalmente atendidos. Mas nenhuma potência quer renunciar uma unha sequer de seu poderio, mesmo agravando-se os problemas particularmente aos ligados aos limites físicos da Terra, capaz de atingir negativamente  a todos através dos eventos extremos.

Diga-se de passagem que vigora uma cegueira lamentável na maioria dos economistas. Em seus debates – tomemos como exemplo o conhecido progrma semanal da Globonews Pinel - onde a economia ocupa um lugar privilegiado. No que pude constatar, não ouvi, nenhum economista incluir em suas análises os limites de suportabilidade do sistema-vida e do sistema-Terra que põe em cheque a reprodução do capital. Prolongam o enfadonho discurso econômico no velho paradigma como se a Terra fosse um baú de  recursos ilimitados e a economia se medisse pelo PIB e fosse um subcapítulo da matemática e da estatística. Falta pensamento. Mal se dão conta de que se não abandonarmos a obsessão do crescimento material ilimitado e em seu lugar não buscarmos a equidade-igualdade social, só pioraremos a situação já ruim.

Queremos abordar um complemento do império perverso das grandes corporações que se revela ainda mais desavergonhado. Trata-se da busca de um Acordo Multilateral de Investimentos. Quase tudo é discutido a portas fechadas. Mas na medida em que é detectado, se retrai, para logo em seguida voltar sob outros nomes. A intenção é criar um livre comércio total e institucionalizado entre os Estados e as grandes corporações. Os termos da questão foram amplamente apresentados por Lori Wallach da diretoria do Public Citizen’s Global Trade Watch no Le Monde Diplomatique Brasil  de novembro de 2013.

Tais corporações visam saciar o seu apetite de acumulação em áreas relativamente pouco atendidas pelos países pobres: infra-estrutura sanitária, seguro-saúde,  escolas professionais, recursos naturais, equipamentos públicos, cultura, direitos autorais e patentes. Os contratos se prevalecem da fragilidade dos Estados e impõem condições leoninas. As corporações, por serem transnacionais, não se sentem submetidas às normas nacionais com respeito à saúde, à proteção ambiental e à legislação fiscal. Quando estimam que por causa de tais limites o lucro futuro esperado não foi alcançado, podem, por processos judiciais, exigir um ressarcimento do Estado (do povo) que pode chegar a bilhões de dólares ou de euros.

Estas corporações consideram a Terra como de ninguém, à semelhança do velho colonialismo e conseguem que os tribunais lhes concedam  direito de adquirir terras, mananciais de águas, lagos e outros bens e seviços da natureza.  Elas, comenta Wallach, “não têm obrigação nenhuma para com os países e podem disparar processos quando e onde lhes convier”(p.5). Exemplo típico e ridículo é o caso do fornecedor  sueco de energia Fattenfall que exige bilhões de euros da Alemanha por sua “virada energética”que prometeu abandonar a energia nuclear  e enquadrar mais severamente as centrais  de carvão. O tema da poluição, da diminuição do aquecimento global e da preservação da biodiversidadae do planeta são letra morta para esses depredadores, em nome do lucro.

A sem-vergonhice comercial chega a tais níveis que os países signatários desse tipo de tratado “se veriam obrigados não só a submeter seus serviços públicos à lógica do mercado  mas tambem a renunciar a qualquer intervenção sobre os prestadores de serviçoss estrangeiros que cobiçam seus mercados”(p.6). O Estado teria uma parcela mínima de manobra em questão de energia, saúde, educação, água e transporte, exatamente os temas mais cobrados nos protestos de junho de 2013 por milhares de manifestantes  no Brasil.

Estes tratados estavam sendo negociados com os USA e o Canadá, com a ALCA  na América Latina e especialmente entre a Comunidade Européia e os USA.

O que revelam estas estratégias? Uma economia que se autonomizou de tal maneira que somente ela conta, anula a soberania dos países, se apropria da Terra como um todo e a tansforma num imenso empório e mesa de negócios.

Tudo vira mercadoria: as pessoas, seus órgãos, a natureza, a cultura, o entretenimento e até a religião e o céu. Nunca se toma em conta a possível reação massiva da sociedade civil que pode, enfurecida e com justiça se rebelar e pôr tudo a perder. Graças a Deus que, envergonhados, mas ainda obstinados, os projetos estão se escondendo atrás de portas fechadas.
Fonte: CARTA MAIOR

Nos protestos de junho passado o povo foi às ruas .
Ficou claro para todos, apesar da velha mídia tentar mudar o foco, que a população não mais aceita que determinados serviços sejam tratados como mercadorias.
A mobilidade urbana ( transporte ), educação, saúde, energia, água e tratamento de esgoto, são temas que a população exige serviços públicos de qualidade e , fora da lógica de mercadorias.
Desde 2001, o Fórum Social Mundial defende esses temas e sugere:
" Um Outro Mundo É Possível"  

Folha Delira com Estado de SP

O debate sobre a retração nas vendas de Natal

publicado em 27 de dezembro de 2013 às 23:47

Acima, manchete de primeira página do Estadão. Abaixo, capa da Folha


Como os jornalões conseguiram estragar um Natal surpreendente

Por Luís Nassif, em seu blog, sugerido pelo Robson Moreno

sex, 27/12/2013 – 08:55 – Atualizado em 27/12/2013 – 11:16

Folha e Estadão esmeraram-se em tratar as vendas de Natal como um fracasso.
Manchete da Folha: “Comércio tem o pior resultado no Natal em 11 anos”.
Manchete do Estadão: “Com crédito contido e juros altos, vendas de Natal decepcionam”.
Ambos os jornais trabalham em cima de dados da Serasa Experian e da Alshop (a associação dos lojistas de shoppings).
Vamos a alguns erros de manchetes e de análises.
1. Erro de manchete: Se em 2013 vendeu-se mais do que em 2012, como considerar que foi o pior resultado  em 11 anos?
2. A Serasa trabalha especificamente com pedidos de informação para crédito. Houve retração no crédito, mas a maior ferramenta de vendas têm sido o parcelamento (em até dez vezes) em cartões de crédito e de loja. Os jornalões trataram os dados da Serasa como se representassem o universo total de vendas.
3. As vendas em shoppings deixam de lado o comércio para classes C e D – justamente as que mais vêm crescendo. Mesmo assim, os jornalões trataram os dados como se representassem o todo.
4. A Alshop (associação dos lojistas) informou que as vendas cresceram 6% no Natal. O problema maior foi o aumento do número de lojas, que fez com que as lojas mais antigas permanecessem com o mesmo faturamento. Ora, o que expressa o mercado são as vendas totais. A distribuição entre lojas novas e antigas é problema setorial, que nada tem a ver com a conjuntura.
5. Os jornalões deixaram de lado o comércio eletrônico – que tem sido o principal competidor das lojas de shopping. Em 2013 os shoppings centers venderam R$ 138 bilhões, 8% a mais do que em 2012. O comércio eletrônico vendeu R$ 23 bilhões, ou 45% a mais do que em 2012. Somando a venda dos dois segmentos, saltou de R$ 151 bi em 2012 para R$ 161 bi em 2013, aumento de expressivos 12%.
6. Os jornais falam em “decepção”, porque a Alhosp esperava crescimento de 10% nas vendas de Natal e conseguiu-se “apenas” 6%. Esperar 10% de crescimento com uma economia rodando a 2% é erro clamoroso de análise. Mas, para os jornalões, o erro está na realidade, que não acompanhou os sonhos.
Se não houvesse essa politização descabida do noticiário econômico, as análises estariam em outra direção: a razão do consumo ainda não ter se acomodado mesmo com dinheiro mais caro, o crédito mais escasso, com a competição de Miami, com o PIB andando de lado etc. E suas implicações sobre as contas externas brasileiras. Estariam questionando também que raios de política monetária é esta, na qual aumenta-se a Selic para supostamente reduzir a demanda agregada, e ela continua crescendo.
Fonte: VI O MUNDO
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Nassif desmascara urubus da mídia



A análise do Nassif, veterano no jornalismo econômico, encaixa-se perfeitamente nos comentários que temos feito por aqui no blog. A campanha midiática para desqualificar um excelente Natal ganhou ares ridículos. Os números foram torturados com uma brutalidade poucas vezes vistas numa imprensa já famosa por sua obsessão para depreciar a economia brasileira.
Fonte: CONVERSA AFIADA e TIJOLAÇO
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Impressiona como essa velha mídia não enxerga a realidade.
Realidade aqui, não se refere as vendas  do natal, pois mentir sobre um bom desempenho para o governo, já é uma rotina na velha imprensa. 
Realidade aqui refere-se ao novo desenho de mídias,que inviabiliza, quase que em tempo real, as mentiras diárias publicadas pela imprensa decadente.
Isso não significa que todas as mentiras da velha mídia não tenham sucesso.
O chamado mensalão, foi uma mentira construída desde o início do julgamento e, como se sabe até agora, foi bem sucedida , pelo menos na prisão de alguns quadros do PT já que o alvo principal era o ex-presidente Lula. 
Outro fato que ajudou a velha mídia no caso do mensalão foi a adesão do STF ao discurso diário  de jornalistas e colunistas , sempre com teses "inequívocas" sobre os supostos culpados.
O campo da justiça e o campo da percepção diária das pessoas, não produzem os mesmos resultados na velha imprensa.
O que as pessoas percebem no dia a dia não pode ser modificado por mentiras grosseiras, como as citadas nos jornais acima.
Sim, mesmo que a população não tenha o conhecimento correto da situação, como apresentado por Nassif, as pessoas foram às compras e os lojistas tiveram bons resultados.
A velha imprensa vive um processo de transformação, para pior, pois assemelha-se, hoje, a um conjunto de panfletos políticos direcionados diariamente aos seus militantes, conscientes e  incautos,ou ambos.
Para o caro e atento leitor que já se acostumou a obter informações nas mídias alternativas, o comportamento da velha mídia chega a ser cômico, se não fosse burro, pois a credibilidade, principal pilar de qualquer mídia jornalística, está sendo corroída e demolida sistematicamente, e o que é pior, pelos seus prorietários.
Os meios de comunicação, sejam jornais , revistas, emissoras de rádio e de TV e mesmo as mídias digitais, constiutem-se em  um poder. 
Por meio deles a população pode ser formatada  de acordo com os interesses envolvidos, e isso acontece, ou pode acontecer, se não houver uma diversidade de mídias que produzam diferentes conteúdos, priorizando este ou aquele olhar, esta ou aquela cultura,  e mesmo a classe em que se está inserido.
Na conjuntura atual do país, a velha imprensa, de grande alcance nacional, reproduz um discurso, uma visão de mundo e um conjunto de valores pertencentes, majoritariamente ,a classe de pessoas endinheiradas. 
Dito isto, uma parcela da classe média sempre será, ao desejo dessa  mídia, um aliado em potencial, "um igual" pronto para colaborar sempre que as circunstâncias assim permitirem. 
Uma vez tendo participado da colaboração, essa mesma parcela da classe média volta a ser rejeitada, colocada em stand by, para ser utilizada quando necessário. Foi assim no golpe de 1964.
Ouro aspecto interessante desse momento que vive a velha mídia , diz respeito a imprensa única, chapa branca, como acontecia nos países do antigo bloco comunista. 
O leitor que é jovem, e são muitos meus leitores jovens, certamente sabe que nos países do antigo bloco comunista não existia imprensa livre. A imprensa, era somente a oficial, do governo, que publicava assuntos de seu interesse e quase sempre voltados para manter elevado o moral da militância e da população. Assim foi o jornal Pravda, da antiga URSS - União das Repúblicas Socialistas Soviéticas .
Esse tipo de imprensa era quase que diariamene questionado e atacado pela imprensa do ocidente, de iniciativa privada e plural. Não apenas a imprensa , como também o comunismo e sua ideologia. O jornal  o globo, do Rio de Janeiro,  no início dos anos da década de 1960, chegou a ser motivo de piada em canção de Juca Chaves, pois tudo que acontecia no país que  não era de agrado de Roberto Marinho,  o globo dizia que era coisa de comunista.
De lá pra cá passaram-se 50 anos, os regimes comunistas do leste europeu desabaram e a imprensa mundial do ocidente, repete, hoje, o mesmo comportamento da imprensa oficial dos antigos regimes comunistas. A diferença é que hoje, em "pela democracia  e liberdades de expressão garantidas para todos " o que se vê é um imprensa chapa branca, onde o patrão não é nenhum governo, e sim o mercado e suas regras Considerando-se que o mercado é limitado no tocante a existência de um lastro ideológico, a velha mídia é cada vez , também , mais estreita e limitada em suas teses em defesa do "patrão", esse ente extra corpóreo  e divino.
Nos países comunistas a proibição a qualquer tipo de imprensa era clara e direta. Hoje, com o véu da democracia e da liberdade, se reproduz a mesma proibição, de forma bem mais violenta, pois tudo se opera no âmbito de uma plutocracia mundial.


sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

A Construção do Caos

O PAPIRO selecionou, hoje, sexta-feira, 27.12.13, os artigos abaixo.

Oriundos de diferentes sites, portais e blogues, porém todos publicados no mesmo dia.

A leitura em conjunto desses artigos revela um sentimento, uma percepção, um sentido comum sobre algo que ainda está em estado líquido e que se pretende se solidificar no próximo ano, ano de eleições.

Não, eu não estou vendo fantasmas.

Alguns, apesar do engajamento total revelam um desânimo quanto ao sucesso que desejam, e já se imaginam na luta em 2018 para tentar capturar o poder. Um ato falho, falou mais alto.

Entretanto não se pode desprezar o que essa gente está planejando. Seja por aqui ou pelo oriente médio o importante é saber exatamente com quem o caro e atento leitor samba. Se com os endinheirados que não suportam o povo  e a democracia, ou com os trabalhadores que trabalham o ano inteiro e vivem de seus salários.

Se justo aqueles que detestam o povo e a democracia convocam o povo para às ruas é um sinal de que somente um caos social pode alterar a percepção do  eleitor e, quem sabe, mudar um quadro que se desenha com mais uma vitória do povo, com Dilma ou Lula.

A copa do mundo de futebol, em 2014, evento que o endinheirados , como globo, irão se encher ainda mais de dinheiro, pode ser o estopim tão desejado por setores que historicamente não tem capacidade para colocar o povo nas ruas. Esperam ansiosamente pela copa, de forma que consigam o caos.

Repetir, repetir, repetir as mentiras sem parar, tal qual seus ídolos do nazismo, de maneira que , pelo menos, alguma coisa fique para que alguns incautos possam acreditar.

Políticos, escritores com data de validade, artistas decadentes, humoristas, jornalistas, todos empenhados e afinados em uma só voz , como o caro e atento leitor verá ao final da leitura dos artigos abaixo.

Por outro lado, sites, portais , blogues e internautas, atentos aos movimentos de retrocesso em marcha trazem a tona suas legítimas preocupações como o ano que se inicia.

Aproveite o feriado de final de ano e tenha uma boa leitura.
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Ato falho do Globo
mostra desânimo da direita

Pessimismo já tomou conta da oposição e do PiG (*).
O Conversa Afiada reproduz post do Blog do Saraiva, que flagrou o pessimismo de um dos integrantes do PiG (*):

Ato falho de O Globo mostra desânimo da direita



2014 já era para os Marinho

Em tempo: este não é o primeiro ato falho vindo da Globo Overseas.

Antes, o próprio Noblat chamou Gilmar Mendes de Gilmar Dantas. Veja aqui, em vídeo, e aqui, em um texto.

Depois foi a vez do Ataulfo Merval (**).

O imortal colonista (***) chamou o mesmo ministro de Gilmar Mentes.

E sobrou até para o Fux, que passou a ser conhecido como Luis Fucks.

Fonte: CONVERSA AFIADA

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Em novela, Globo deturpa informações sobre conflito na Palestina

Minha ressaca pós-Natal foi interrompida pelo orientalismo. Pois bem, agora toma... Dançando o dabkeh na cara da Globo!


Por Moça, você é orientalista*


Eu não tinha a menor ideia de que houvesse uma judia e um palestino na novela das 9 (e ainda não entendi o que eles foram fazer no Rio, se o resto dos brimos estão em SP), mas graças a eles, a Moçx, você é orientalista dedica à Rede Globo o prêmio Orientalista 2013.

O pouco que consegui ler sobre as personagens e a revelação bombástica (trocadilhos infames) de que o palestino havia sido um terrorista (?) me levou a identificar três graves e recorrentes problemas:

1) Reforçar estereótipos: todo árabe é ou já foi um terrorista (e as causas para tal decisão são ignoradas, dando a entender que a violência faz parte desse povo)

2) Equiparar a violência do opressor com a resistência do oprimido: a violência só é admitida para “manter a ordem”, ou seja, para preservar a atual estrutura da sociedade e o privilégio dos poderosos.

3) Impedir o acesso à informação: mostrar a questão da Palestina como um conflito sem causa e sem fim, fruto das mais completa falta de civilidade de um povo atrasado.

A ideia da Globo não é esclarecer a questão: parecem, inclusive, desconhecerem o assunto. Mencionam várias vezes sobre a guerra da Palestina, enquanto na verdade o país se vê oprimido por um duro sistema de colonização, ocupação e apartheid. Logo, se ninguém sabe nada sobre o assunto, vamos fazer o que sabemos fazer de melhor: um romance proibido água com açúcar.

Para a Globo, a questão da Palestina baseia-se em uma confusão étnico-religiosa entre judeus e palestinos, generalizando e descaracterizando esse povo, ignorando, inclusive, que palestinos possam ser judeus, como o mano Jesus. Ou seja, a melhor forma de solucionar o conflito é através do amor e da não-violência (lindo sqn). Cometem o descalabro de dizer que judeus e palestinos podem se casar em Israel, o que é proibido pela Lei da Cidadania, que pune o cônjuge judeu com a perda de sua cidadania israelense. Pérsio diz ter lutado na guerra da Palestina: mas que guerra? Primeira ou Segunda Intifada? Setembro Negro? Yom Kippur? Revoltas de 36? De que cazzo você está falando, manolo? Também diz ter participado de uma célula terrorista, mas não menciona o grupo e nem quais eram suas atividades, o que faz com que qualquer ato de resistência possa ser enquadrado enquanto terrorista. Afinal, o que é e quem decide o que é terrorismo?

A definição oficial de terrorismo é: uso da violência física ou psicológica, através de ataques localizados, com o intuito de incutir o medo na população. Esse método já foi aplicado tanto por grupos de esquerda quanto de direita. Porém, na prática, qualquer atitude que desagrada a ideologia dominante costuma ser enquadrada enquanto uma prática terrorista, fazendo que atirar pedras em um tanque seja igual a um ataque suicida. Não se trata de uma ode à violência ou achar que toda forma de resistência é válida, mas quem decide e reavalia os meios de luta são os oprimidos. Outro fator oportuno é o silêncio a respeito do terrorismo de Estado, sobre a mão de ferro com que governos reprimem seus dissidentes para garantir a tal da governabilidade. Logo, se não sabemos o ataque cotidiano que um povo sofre na mira de um governo ou regime, não seremos solidários quando esses se levantarem com as ferramentas que tem nas mãos, sejam elas pedra, paus, câmeras ou kalashnikova.

É um crime negar à população o direito à informação. Pior, estimular a banalização de preconceitos como a arabofobia e islamofobia. O medo todo é que, uma exposição sincera dos fatos poderia trazer simpatia ao povo palestino e nenhum grande meio de comunicação quer isso, afinal, eles são bancados pela classe dominante para espalharem suas ilusões na classe trabalhadora. É verdade que a internet democratizou a disseminação de conteúdo, mas ainda é pouco e muito marginal.

Considerando que as televisões no Brasil funcionam a base de concessão pública, a tv pertence ao povo e não às empresas que se apropriam dos canais. Num primeiro momento a vontade que dá é de tocar fogo na Globo, mas isso é ingênuo. O que seria bonito mesmo era que a classe trabalhadora e os oprimidos pudessem se ver na tv, que o alvo das piadas fossem os banqueiros e os barões, não as mulheres, os negros e os homossexuais. Taí, certo mesmo era a Globo na mão dos trabalhadores!

A página Moçx, você é orientalista deseja a todos muita serenidade e vontade de romper com preconceitos, para conquistarmos em 2014 tudo que ainda ficou entalado na garganta. Para muito além de línguas, religião ou posição geográfica, a divisão mais profunda e irreconciliável que existe é a da burguesia e a classe trabalhadora. E você? De que lado você samba?

Fonte: VERMELHO
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Lassance: Enquete mostra que vem chumbo grosso em 2014

publicado em 26 de dezembro de 2013 às 22:21

Merval Pereira no Instituto Millenium: preparando a artilharia
24/12/2013 – Copyleft


Velha mídia quer a Presidência de presente de Natal

Enquete feita entre colunistas do mais tradicional veículo da velha mídia mostra o que eles pretendem em 2014: mandar na política e ditar a opinião pública
por Antonio Lassance, na Carta Maior 

O jornalista Ancelmo Góis fez uma enquete junto a outros colunistas do jornal O Globo para saber o que eles esperam de 2014. Merval Pereira espera que as coisas continuem ruins no ano que vem, mas acha que vão piorar. Carlos Alberto Sardenberg, Míriam Leitão e Zuenir Ventura torcem por mais protestos – “protestos vigorosos”, quer Sardenberg. Ricardo Noblat pediu a Papai Noel que dê discernimento aos brasileiros para escolher o próximo presidente da República. Se é para dar, supõe-se que é porque ainda não temos.
A enquete deixa claro o que o mais tradicional veículo da velha mídia está preparado para fazer em 2014. É o mesmo que fez em 2013: pegar carona na insatisfação popular para tentar influir decisivamente no mundo da política. Desgastar aqueles de quem não gosta para dar uma força àqueles que são seus prediletos.
A mídia que foi escorraçada das ruas e teve que mascarar as logomarcas de seus microfones quer repetir o que sempre fez em eleições presidenciais: entrar em campo e desempenhar o papel de partido de oposição.
As corporações midiáticas se organizam para, mais uma vez, interferir no resultado das eleições porque disso depende o seu negócio. De novo, entram em campo para medir forças. Já estão acostumadas a partir para o tudo ou nada. Vão testar, pela enésima vez, a quantas anda seu poder sobre a política. Disso fazem notícia e assim agem para deixar os políticos e os partidos de joelhos, estigmatizados, envergonhados e obsequiosos.
Como nos ensinou Venício Lima, uma Presidência, um Congresso e partidos achincalhados são incapazes de propor uma regulação decente da mídia, nem mesmo para garantir a liberdade de expressão, a diversidade de fontes de informação, a pluralidade de opiniões e um mercado da comunicação não cartelizado.
Em 2013, as corporações midiáticas, mais uma vez, anunciaram e garantiram que o mundo ia se acabar. E não é que o tal do mundo não se acabou? Quando os protestos de junho tomaram as ruas, o preço do tomate tinha ido às alturas. O PIB de 2012 se tornou conhecido e seu crescimento havia sido próximo de zero. Os reservatórios estavam bem abaixo do normal e “especialistas” recomendavam rezar para que não houvesse apagão. O caso Amarildo fez derreter a quase unanimidade que havia em defesa do projeto das Unidades de Polícia Pacificadora (as UPPs).
Parecia que o país ia mal das pernas e que um modelo de governança estava esgotado e ruindo. Tudo levava a crer que a presidência Dilma havia entrado em um beco sem saída. Mas saiu. Ela recuperou sua popularidade, enquanto seus adversários potenciais caíram em preferência de voto e aumentaram sua rejeição.
O ano terminou melhor do que começou, para o governo e para o País. A inflação vai fechar dentro da meta. Assim deve permanecer no ano que vem, por mais que alguns analistas queiram, usando razões que a própria razão desconhece, nos fazer crer que o limite da meta é algo fora da meta (quem sabe os dicionários, no ano que vem, tragam um novo sentido para a palavra “limite”). Não houve apagão e as térmicas foram desligadas mais cedo do que se imaginava.
O crescimento do PIB, em 2014, deve ser maior do que o deste ano. Educação e saúde terão mais recursos e têm saído melhor na percepção aferida em pesquisas. O Brasil, no ano que vem, continuará com um dos maiores superávits primários do mundo, ainda mais com a entrada de novos recursos vindos da exploração do pré-sal e das concessões de infraestrutura.
Mas os pepinos continuam sendo muitos. Alguns serão particularmente difíceis de se descascar no ano que vem. Um é a ameaça de as agências de avaliação de risco rebaixarem a nota do Brasil. Outro é o descrédito das políticas de segurança pública, em todos os estados, mas respingando no Governo Federal.
O terceiro e, possivelmente, o mais explosivo, seria o mesmo de 2013: uma nova onda de aumento das tarifas de ônibus, o que tradicionalmente acontece no primeiro semestre de cada ano. A derrota do aumento do IPTU em São Paulo, na Justiça, tirou do mapa a única situação que se imaginava sob controle. O eixo Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte é o que mais preocupa o Planalto. Se algo der errado, no ano que vem, terá como epicentro provável essas três capitais, podendo alastrar-se para as demais.
Os protestos de 2013 foram uma tempestade perfeita. Várias questões mal resolvidas e acumuladas no estresse diário dos cidadãos se transformaram em revolta nas ruas, juntando alhos e bugalhos. Imprevisíveis, tempestades perfeitas, como foram as jornadas de junho, são também difíceis de se repetirem. Difíceis, mas não impossíveis.
Basta um pequeno risco para se ter uma grande preocupação. Os três problemas mais sensíveis do momento (a percepção internacional sobre a economia do país, a segurança pública e as tarifas de ônibus) conformam a agenda prioritária do primeiro trimestre de 2014 a ser toureada diretamente pelo Palácio do Planalto. Os meses de janeiro a março de 2014 serão mais agitados do que o normal, pelo menos, na Esplanada dos Ministérios.
O trimestre seguinte, de abril a junho, será o período mais crítico. Ali se concentram as datas-base da negociação trabalhista de várias categorias; a briga de foice de muitos interesses para entrarem na pauta do esforço concentrado do Congresso; o período final do acerto das candidaturas presidenciais e estaduais; finalmente, claro, a Copa do Mundo de Futebol.
Que venha 2014. Que venha mais ousadia de todos os governos e partidos. Que venham mobilizações em favor dos mais pobres e com os mais pobres nas ruas, com suas organizações sociais, populares e seus partidos — até para que os partidos possam abrir menos a boca e mais os ouvidos. Que os brasileiros mostrem que a voz das ruas não é aquela fabricada pelas manchetes das corporações midiáticas. Que a opinião pública mostre, ao vivo e em cores, que a sua verdadeira opinião é normalmente o avesso da opinião publicada. Que venham surpresas, pois são delas que surgem as mudanças.
(*) Antonio Lassance é cientista político.

Fonte: CARTA MAIOR
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Hildegard Angel: “Não estou vendo fantasmas; o Projeto do Mal de 64 ganha corpo”

publicado em 26 de dezembro de 2013 às 23:27

Stuart e Zuzu Angel, irmão e mãe de Hildegard assassinados pela ditadura civil-militar

A GENTE NUNCA PERDE POR SER LEGÍTIMO, MAS QUEM CONTA A HISTÓRIA SÃO OS VENCEDORES, NÃO ESQUEÇAM!

por Hildegard Angel, em seu blog, sugerido por Messias Franca de Macedo

O fascismo se expande hoje nas mídias sociais, forte e feioso como um espinheiro contorcido, que vai se estendendo, engrossando o tronco, ampliando os ramos, envolvendo incautos, os jovens principalmente, e sufocando os argumentos que surgem, com seu modo truculento de ser.
Para isso, utiliza-se de falsas informações, distorções de fatos, episódios, números e estatísticas, da História recente e da remota, sem o menor pudor ou comprometimento com a verdade, a não ser com seu compromisso de dar conta de um Projeto.
Sim, um Projeto moldado na mesma forma que produziu 1964, que, os minimamente informados sabem, foi fruto de um bem urdido plano, levando uma fatia da população brasileira, a crédula classe média, a um processo de coletiva histeria, de programado pânico, no receio de que o país fosse invadido por malvados de um fictício Exército Vermelho, que lhes tomaria os bens e as casas, mataria suas criancinhas, lhes tiraria a liberdade de ir, vir e até a de escolher.
Assim, a chamada elite, que na época formava opinião sobre a classe média mais baixa e mantinha um “cabresto de opinião” sobre seus assalariados, foi às ruas com as marchas católicas engrossadas pelos seus serviçais ao lado das bem intencionadas madames.
Elas mais tarde muito se arrependeram, ao constatar o quanto contribuíram para mergulhar o país nos horrores de maldades medievais.
Agora, os mesmos coroados, arquitetos de tudo aquilo, voltam a agir da mesma forma e reescrevem aquele conto de horror, fazendo do mocinho bandido e do bandido mocinho, de seu jeito, pois a História, meus amores, é contada pelos vencedores. E eles venceram. Eles sempre vencem.
Sim, leitores, compreendo quando me chamam de “esquerdista retardatária” ou coisa parecida. Esse meu impulso, certamente tardio, eu até diria sabiamente tardio, preservou-me a vida para hoje falar, quando tantos agora se calam; para agir e atuar pela campanha de Dilma, nos primórdios do primeiro turno, quando todos se escondiam, desviavam os olhos, eram reticentes, não declaravam votos, não atendiam aos telefonemas, não aceitavam convites.
Essa minha coragem, como alguns denominam, de apoiar José Dirceu, que de fato sequer meu amigo era, e de me aprofundar nos meandros da AP 470, a ponto de concluir que não se trata de “mensalão”, conforme a mídia a rotula, mas de “mentirão – royalties para mim, em pronunciamento na ABI – eu, a tímida, medrosa, reticente “Hildezinha”, ousando pronunciamentos na ABI! O que terá dado nela? O que terá se operado em mim?
Esse extemporâneo destemor teve uma irrefreável motivação: o medo maior do que o meu medo. Medo da Sombra de 64. Pânico superior àquele que me congelou durante uma década ou mais, que paralisou meu pensamento, bloqueou minha percepção, a inteligência até, cegou qualquer possibilidade de reação, em nome talvez de não deixar sequer uma fresta, passagem mínima de oxigênio que fosse à minha consciência, pois me custaria tal dor na alma, tal desespero, tamanha infelicidade, noção de impotência absoluta e desesperança, perceber a face verdadeira da Humanidade, o rosto real daqueles que aprendi a amar, a confiar…
Não, eu não suportaria respirar o mesmo ar, este ar não poderia invadir os meus pulmões, bombear o meu coração, chegar ao meu cérebro. Eu sucumbiria à dor de constatar que não era nada daquilo que sempre me foi dito pelos meus, minha família, que desde sempre me foi ensinado. O princípio e mandamento de que a gente pode neutralizar o mal com o bem. Eu acreditava tão intensamente e ingenuamente no encanto da bondade, que seguia como se flutuasse sobre a nojeira, sem percebê-la, sem pisar nela, como se pisasse em flores.
E aí, passadas as tragédias, vividas e sentidas todas elas em nossas carnes, histórias e mentes, porém não esquecidas, viradas as páginas, amenizado o tempo, quando testemunhei o início daquela operação midiática monumental, desproporcional, como se tanques de guerra, uma infantaria inteira, bateria de canhões, frotas aérea e marítima combatessem um único mortal, José Dirceu, tentando destrui-lo, eu percebi esgueirar-se sobre a nossa tão suada democracia a Sombra de 64!
Era o início do Projeto tramado para desqualificar a luta heroica daqueles jovens martirizados, trucidados e mortos por Eles, o establishment sem nomes e sem rostos, que lastreou a Ditadura, cuja conta os militares pagaram sozinhos. Mas eles não estiveram sozinhos.
Isso não podia ser, não fazia sentido assistir a esse massacre impassível. Decidi apoiar José Dirceu. Fiz um jantar de apoio a ele em casa, Chamei pessoas importantes, algumas que pouco conhecia. Cientistas políticos, jornalistas de Brasília, homens da esquerda, do centro, petistas, companheiros de Stuart do MR8, religiosos, artistas engajados. Muitos vieram, muitos declinaram. Foi uma reunião importante. A primeira em torno dele, uma das raras. Porém não a única. E disso muito me orgulho.
Um colunista amigo, muito importante, estupefato talvez com minha “audácia” (ou, quem sabe, penalizado), teve o cuidado de me telefonar na véspera, perguntando-me gentilmente se eu não me incomodava de ele publicar no jornal que eu faria o jantar. “Ao contrário – eu disse – faço questão”.
Ele sabia que, a partir daquele momento, eu estaria atravessando o meu Rubicão. Teria um preço a pagar por isso.
Lembrei-me de uma frase de minha mãe: “A gente nunca perde por ser legítima”. Ela se referia à moda que praticava. Adaptei-a à minha vida.
No início da campanha eleitoral Serra x Dilma, ao ler aqueles sórdidos emails baixaria que invadiam minha caixa, percebi com maior intensidade a Sombra de 64 se adensando sobre nosso país.
Rapidamente a Sombra ganhou corpo, se alastrou e, com eficiência, ampliou-se nestes anos, alcançando seu auge neste 2013, instaurando no país o clima inquisitorial daquela época passada, com jovens e velhos fundamentalistas assombrando o Facebook e o Twitter. Revivals da TFP, inspirando Ku Klux Klan, macartismo e todas as variações de fanatismo de direita.
É o Projeto do Mal de 64, de novo, ganhando corpo. O mesmo espinheiro das florestas de rainhas más, que enclausuram príncipes, princesas, duendes, robin hoods, elfos e anõezinhos.
Para alguns, imagens toscas de contos de fadas. Para mim, que vi meu pai americano sustentar orfanato de crianças brasileiras produzindo anõezinhos de Branca de Neve de jardim, e depois uma Bruxa Má, a Ditadura, vir e levar para sempre o nosso príncipe encantado, torturando-o em espinheiros e jamais devolvendo seu corpo esfolado, abandonado em paradeiro não sabido, trata-se de um conto trágico, eternamente real.
Como disse minha mãe, e escreveu a lápis em carta que entregou a Chico Buarque às vésperas de ser assassinada: “Estejam certos de que não estou vendo fantasmas”.
Feliz Ano Novo.
Inclusive para aqueles injustamente enclausurados e cujas penas não estão sendo cumpridas de acordo com as sentenças.
É o que desejo do fundo de meu coração.

Fonte: VI O MUNDO

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        sex, 27/12/2013 - 1:26

  1. LTI – A Linguagem do Terceiro Reich (excertos)
    Por William Mendes, no Refeitório Cultural
    (http://blog-do-william-mendes.blogspot.com.br/search/label/Victor%20Klemperer)

    “Não, o efeito mais forte não foi provocado por discursos isolados, nem por artigos ou panfletos, cartazes ou bandeiras.
    O efeito não foi obtido por meio de nada que se tenha sido forçado a registrar com o pensamento ou a percepção conscientes.
    O nazismo se embrenhou na carne e no sangue das massas por meio de palavras, expressões e frases impostas pela repetição, milhares de vezes, e aceitas inconsciente e mecanicamente.”
    “O domínio absoluto que esse pequeno grupo… exerceu na normatização da linguagem se estendia por todo o âmbito da língua alemã, levando-se em conta que a LTI não fazia distinção entre linguagem oral e escrita.
    Para ela, tudo era discurso, arenga, alocução, invocação, incitamento.”
    “A LTI pretende privar cada pessoa da sua individualidade, anestesiando as personalidades, fazendo do indivíduo peça de um rebanho conduzido em determinada direção, sem vontade e sem ideias próprias, tornando-o um átomo de uma enorme pedra rolante.
    A LTI é a linguagem do fanatismo de massas.
    Dirige-se ao indivíduo – não somente à sua vontade, mas também ao seu pensamento -, é doutrina, ensina os meios de fanatizar e as técnicas de sugestionar as massas.”

 
Fonte: FRANCO ATIRADOR
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27/12/2013 - 

A vez dos amigos do povo

Quando os amigos do povo convocam as ruas é porque as instituições já não bastam para assegurar o poder do conservadorismo.

por: Saul Leblon

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 A hora dos amigos do povo


O  conservadorismo brasileiro percorreu todo um alfabeto de alternativas ao longo de 2013 até se convencer de que, isoladamente, nenhuma das vogais ou consoantes lhe daria o que procura.

O caminho da volta ao poder.

A rua emerge como a derradeira aposta de quem, sucessivamente, ancorou o seu futuro no julgamento da AP 470, na explosão da inflação, no apagão  das hidrelétricas, no abismo fiscal e, ainda há pouco, na hecatombe decorrente da redução da liquidez nos EUA.

Cada uma dessas alternativas, mesmo sem deixar de impor constrangimentos objetivos ao país e ao governo,  mostrou-se incapaz de destruir  o contrapeso  de acertos e conquistas acumulados ao longo dos últimos 12 anos.

A irrupção de protestos em plena Copa do mundo tornou-se assim a nova bala de prata acalentada por aqueles que, corretamente, ressentem-se de um amalgama capaz de injetar torque e dinamismo  ao acerto de contas que buscam com a agenda progressista brasileira.

Não se espere  passividade a partir dessa avaliação.

Está em curso o vale tudo  para mobilizar uma classe média eterna aspirante a elite, ademais de segmentos que consideram indiferente ter na chefia da nação  Dilma,  Aécio  ou Campos. 

Juntos eles compõem o novo rosto da velha agenda banqueira.

Importa reter desse mutirão  aquilo que ele informa sobre a singularidade da campanha eleitoral de 2014.

Junho de 2013 encerra lições nesse sentido.

Delas,  o conservadorismo tem a pretensão de  ser o aprendiz mais aplicado na prova de fogo que se avizinha.

Apostar a reeleição de Dilma em uma estratégia essencialmente publicitária, como tem objetado Carta Maior, pode reduzir  a campanha progressista  a um sino de veludo, diante dos decibéis convocados, manipulados  e magnificados pela estridência  do carrilhão  midiático.

O que se desenha para 2014 está mais próximo de um  2002 radicalizado, do que  daquilo  que se assistiu nas disputas de 2006 e 2010.

Mobilizações de massa  não são a primeira escolha de elites mais afeitas a golpes e arranjos de  cúpula.

Seu medo atávico às ruas remonta às revoluções burguesas do século XVIII, sendo a contrarrevolução  francesa um exemplo clássico do empenho em resgatar o poder  para a segurança de um diretório armado, se preciso.

As reticências empalidecem, no entanto, em momentos  da história  em que a rua é o que de mais palpável  se apresenta à regeneração de um domínio  conservador espremido em uma correlação de forças que ameaça escapar ao seu controle.

Hoje, não por acaso, o chão firme  desses interesses no país se equilibra  em duas hipertrofias insustentáveis: a do judiciário e a da mídia.

A campanha do PT  em 2014 não pode hesitar diante dessa mistura de esgotamento  e desespero.

Se o conservadorismo  se inclina  às ruas , a resposta progressista  não pode ser a defesa retrógada de instituições ultrapassadas pelo avanço da sociedade.

Instituições não são neutras.

Elas cristalizam  uma correlação de forças de um dado momento  histórico.

A representação da  sociedade  no atual sistema político  --a exemplo de seu ordenamento de mídia,  já não expressa o aggiornamento ecumênico  verificado na correlação de forças nos últimos anos.

É justamente a urgência dessas atualizações institucionais  que a agenda petista deveria incorporar à campanha eleitoral de 2014.

Não como recurso ornamental de um cuore publicitário.

Mas como diretrizes efetivas de mobilização e engajamento político de amplos setores  em torno da candidatura Dilma.

Não se trata de criar uma antídoto  às ruas.

Mas de levar às ruas uma referência efetiva de renovação histórica, em resposta  a expectativas sistematicamente fraudadas pela cepa dos que hoje se fantasiam de amigos do povo.

Se eles convocam as ruas é porque o extraordinário bate à porta.

E quando o extraordinário acontece  não bastam as receitas da rotina.


Fonte: CARTA MAIOR - Editorial
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Bláblá sem voto
incita o caos

A Globo e Gaspari também trocam voto pela “rebelião das massas”.
Saiu na Folha (*) colona (**) da Bláblárina:

Personalidade do ano



É comum, ao final de cada ano, que os veículos de comunicação façam enquetes e consultas para escolher –e, às vezes, premiar– as personalidades que se destacaram e influenciaram o rumo dos acontecimentos no país. Exponho aqui o meu voto e o justifico.

Em 2013, o Brasil se encontrou nas ruas. Este não é apenas o fato mais significativo do ano, mas se estende ao futuro e influencia todas as expectativas para o próximo ano.

(…)

Por essa emergência que surpreendeu aos desatentos e, principalmente, por essa permanência que se anuncia para o futuro, pela ruptura com os velhos falsos consensos estabelecidos, pelo reencontro de uma utopia de justiça que parecia esquecida, voto nessa bela multidão que foi às ruas como personalidade do ano de 2013 e desejo-lhe mais força e criatividade para renovar a democracia no Brasil em 2014.



A Bláblá não é a primeira a pregar a rebelião das massas em 2014.

O colonista (**) de múltiplos chapéus já havia sido proclamado o guru dos coxinhas, após colona (*) publicada nesta semana:

“Em 2014 a turma que paga as contas irá às urnas. Elas poderão ser um bom corretivo, mas a experiência deste ano que está acabando mostra que surgiu outra forma de expressão, mais direta: ‘Vem pra rua você também’.”
, escreveu Elio Gaspari.

Vale lembrar que os protestos no mês de junho começaram com o Movimento Passe Livre, que foi capturado pela Globo.

É o que sobrou para a Bláblárina, que não tem voto e destila fel por não ter sido a escolhida de Lula para sucedê-lo.



Fonte: CONVERSA AFIADA

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