sábado, 15 de dezembro de 2012

Vamos Descartar Essa Caretice

Vamos Descartar Essa Caretice


Uma nova Tropicália contra a caretice

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A crise mostra que dez anos depois uma nova globalização não apenas é possível como necessária e os novos heróis do imaginário popular estão mais no Youtube que na televisão
Por Aline Carvalho, do Canal Ibase
Muito se fala da Tropicália. Muito já se falou, e muito ainda se vai falar. Parece que o projeto de Caetano de trazer o Brasil para a Segunda Revolução Industrial, segundo Tom Zé, foi alcançado. Há os que gostem menos, há os que gostem mais, mas uma coisa não se pode negar: A Tropicália marcou o imaginário popular do país.
Naquele momento, a ditadura militar buscava assolar uma criação artística da qual muito pouco ou nada compreendia, sob a forma da censura. Em resposta – e em convergência – a televisão em expansão canalizava as inquietudes de toda uma geração, que se reconhecia em figuras populares quase que eleitas para representá-las na telinha. Uma narrativa de país era construída no eixo Rio-São Paulo e se propagava por satélite com mais velocidade do que se poderiam construir rodovias. Não é à toa que o sistema brasileiro de televisão e publicidade nos anos 60 e 70 foi em grande parte financiado por recursos governamentais, estes, por sua vez, apoiados pelos vizinhos do andar de cima e seu projeto capitalista em plena Guerra Fria.
Ao mesmo tempo, no mundo inteiro, uma juventude começava a questionar valores morais da sociedade, cada qual em seu contexto particular: contra a guerra, contra o consumo, contra o sistema educativo, contra o regime militar. Naturalmente, os ventos revolucionários não demoraram a chegar ao país, desflorando também suas contradições internas. E como nem a sociedade, nem a juventude – e nem a arte – são tão simples a ponto de se limitarem a uma rivalidade entre engajados e alienados, foram estes encontros e desencontros territoriais e afetivos que construíram a narrativa deste período da nossa história. Mas todo conto fica mais atraente com mocinhos e vilões. Assim, passeatas, festivais e ismos foram registrados num imaginário coletivo, que embora já tantas vezes re-contado, sempre tem algo novo a revelar.
Mas e aí, a História parou?
Se a Tropicália foi, naquele momento, um grande catalisador de subjetividades em torno de uma recusa ao dualismo que colocava a MPB versus o iêiêiê, ela também contribuiu para a construção deste mesmo cenário. A televisão popular, que permitia o diálogo com um público mais amplo, centrava seus holofotes mais no “ismo”do que no “ália”. O tropical visto apenas como uma alternativa mais criativa e impactante, ofusca – até hoje – um questionamento mais profundo: como “desenquadrar” as formas de pensamento e compreensão da realidade, ontem, hoje e sempre, em, seus contextos culturais, políticos e econômicos específicos?
Aquele país que se dizia do futuro já chegou no presente, e está construindo a pleno vapor o futuro, que está batendo à porta. Mas hoje a ditadura mudou de ditador, a crise mostra que dez anos depois uma nova globalização não apenas é possível como necessária e os novos heróis do imaginário popular estão mais no Youtube que na televisão.
E se a Tropicália já ganhou estantes da mesma elite que ela criticava, é preciso ressignificá-la. Isso não significa de alguma maneira buscar novos heróis tropicalistas para nos salvar da caretice habitual. Muito pelo contrário. Se bem entendemos as entrelinhas, a questão é: quais são as margarinas, Carolinas e gasolinas das quais precisamos saber, e quais prateleiras, estantes e vidraças devemos derrubar hoje?
Aline Carvalho é ativista da cultura digital brasileira e pesquisadora na Universidade Paris 8 na França. Outros ensaios em www.tropicaline.wordpress.com.
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Uma Nova Globalização



A caretice é assustadora.
Na grande imprensa, colunistas destilam conceitos e apelam para uma moral medieval, em que o sofrimento e dor se fazem necessário para a evolução das consciências. As pernas sangram e quanto mais sangram, mais se congratulam com deus pela dor da salvação. A obra de deus não permite vacilos e o caminho deve ser de espinhos, ou melhor, de ferro ponteagudo cravado na carne. Jesus vive no sangue dos medievais, cravado nas mídas anacronicas e servis. Bota cartetice nisso.
Nas tv's a moda é ser idiota, ignorante, vulgar. sarado, peituda e bunduda .O sucesso pede volume, mesmo que químico. 
Na época da tropicália, ou um pouco antes, os cabelos grandes mudavam nossa cara, o que foi motivo de muitas críticas como por ex. cabelos longos e idéias curtas.
Não foi bem assim , as idéias foram tão longas e férteis como os cabelos e produziram conteúdos que até hoje são reverenciados pelas novas gerações.
Infelizmente, hoje, na era dos grandes volumes, são peitos e bundas grandes com corpos sarados que se incluem perfeitamente no perfil das idéias curtas, o vazio é gigantesco. 
E que vazio. A forma tomou lugar do conteúdo, do mérito.
Você precisa saber da Banda Mais Bonita da Cidade, do Brasil de Fato, de Carta Maior, do blogue do Ricardo. Você precisa saber da pirâmide de Saqqara, da \procissão do Samba se arrastando como cobra pelo chão. Você precisa saber sobre os seus alimentos, tomar uma açaí na esquina, ouvir a nova canção do Gil. Você precisa saber da polítca, da democracia sequestrada, da linguagem hipnótica. Uma nova tropicália certamente não levará em conta os mesmos movimentos da primeira. Quando antes se misturavam para evoluir, hoje, devidamente enquadrados se mistura para reduzir. A nova globalização pede o  regional, o original  para que seja global  transformador. São nas características específicas de cada manisfestação, artistica, jornalista, polítca, social, inseridas em um contexto global que a nova tropicálica pode e deve florescer. É na experiência polítca boliviana, no índice de felicidade bruta do Butão, nos ritmos africanos e caribenhos que uma nova globalização se manifesta. A homogeinização é burra e limitante. A mistura necessariamente deve produzir algo novo e chicletes estão fora de moda.

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