quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

O Aleitamento Mental de Globo Pelas Tetas de Fausto

O ALEITAMENTO MENTAL DE GLOBO PELAS TETAS DE FAUSTO

O QUE SE LÊ, O QUE SE VÊ

Imprensa, crise e sociedade

Por Luciano Martins Costa em 18/12/2012 na edição 725
Comentário para o programa radiofônico do OI, 18/12/2012
Nos três principais jornais brasileiros, o tema de manchetes de terça-feira (18/12) é a decisão do Supremo Tribunal Federal de mandar a Câmara dos Deputados cassar imediatamente os mandatos de parlamentares condenados na Ação Penal 470.
O noticiário e as opiniões escolhidas pelos editores indicam que está em curso uma crise institucional que poderá ter dois resultados: o Congresso Nacional se rebela e provoca um impasse de proporções imprevisíveis, ou aceita a decisão judicial e se submete a outro poder da República, assumindo um papel secundário no conjunto das instituições que são a base do regime.
A esse tema principal se agregam declarações de alguns dos condenados, que ensaiam uma série de protestos públicos que podem levar militantes a conturbar o ambiente das grandes cidades do país em véspera de Natal. Um período de instabilidade política pode brotar desse movimento, pela transferência, para as ruas, de incompatibilidades que recrudescem há tempos nas redes sociais digitais.
Esse é um risco que se depreende facilmente da leitura das edições dos jornais de terça-feira (18), mas é muito provável que nada disso venha a acontecer. Entre outras razões, pelo fato de que há muito tempo aquilo que sai na imprensa não guarda relação de causa e efeito com o que ocorre nas ruas.
É difícil questionar que, havendo perturbações da ordem pública, a imprensa teria tanta responsabilidade quanto os organizadores de protestos, pelo papel que vem cumprindo na disputa política que se configurou por trás da recente decisão do STF. No entanto, o mais provável é que nada aconteça de extraordinário, ou nada mais retumbante do que as manifestações sindicais que eventualmente tomam algumas ruas e praças. No contexto social, que inclui mas não se esgota no campo político, os fatos relatados com grande ênfase pelos jornais não parecem ter grandes efeitos.
Parte da ideia segundo a qual a imprensa tradicional vem perdendo relevância deriva da constatação de que há uma vida pública cotidiana, que reflete os desejos, temores e preocupações dos cidadãos, e uma vida institucional, que parece se desenrolar em outra esfera.
Embora os campos sociais sejam intercorrentes, a imprensa claramente se deslocou quase completamente para o ambiente institucional, onde o discurso vale mais que a realidade.
Absurdos na TV
Nas edições da mesma terça-feira, outro assunto que move os jornais é o processo de fragmentação do grupo Clarín, na Argentina, pelo qual se realiza na prática a exigência legal, ignorada no Brasil, que determina a desconcentração dos meios de comunicação.
Também há notícias sobre a volta da equipe do Corinthians, que conquistou o bicampeonato mundial de clubes no Japão, e sobre os funerais de crianças mortas por um atirador em uma escola na cidade americana de Newtown.
O caso do Clarín, que mereceu grande engajamento da imprensa nacional, contra a ação do governo argentino, termina laconicamente, com o cumprimento da lei. Sobre o triunfo corintiano, a unanimidade dos méritos pela conquista transforma o noticiário em uma festa contínua. Quanto à tragédia na escola americana, a imprensa nacional discutiu apenas superficialmente a questão da liberdade para a posse de armas, que já foi tema de referendo no Brasil há apenas sete anos.
Também não há referência ao quadro levado ao ar no programa Domingão do Faustão, da Rede Globo, no domingo, 16/12 (ver aqui). A propósito de analisar o perfil do assassino de Newtown, a psicóloga Elizabeth Monteiro misturou psicopatas com autistas e produziu um verdadeiro “samba do afrodescendente em situação de desordem mental”. Algumas coisas que ela disse: “Pelo que eu li, ele (o assassino) era um asperger. Asperger é um tipo de autismo e às vezes é considerado uma pessoa inteligente”, explicou.
A entrevista, feita no tom de vaudeville que caracteriza o programa, provocou uma onda de protestos na internet, por parte de familiares e associações de profissionais que lidam com o autismo.
A psicóloga deu dicas a pais e mães sobre como identificar certas disfunções mentais, misturando irresponsavelmente psicopatas com autistas e aspergers, o que pode agravar o preconceito contra portadores de certas dificuldades sociais, que já são comumente vítimas de bullying.
Essa era uma oportunidade para os jornais darem voz aos descontentes e colocarem em debate as responsabilidades de programas televisivos que misturam teatro de revista com pretensões jornalísticas.
Mas a imprensa prefere ignorar o assunto, numa espécie de autismo.

Globo e Sua Fossa Abissal

A grande imprensa continua célere em seu processo irracional de discutir realidades invisíveis.
Tudo bem que a tese do multiverso é aceita por correntes do pensamento científico, mas daí misturar a  realidade com o desejo existe um abismo enorme.
Das fossas abissais gigantescas do Pacífico, brota a inspiração para a total escuridão do notíciário da grande imprensa. Das mesmas fossas , os feiticeiros da escuridão tecem cuidadosas tramas para compor os assuntos que a sociedade, felizmente, ignora. O brasileiro nunca foi tão distante em relação ao noticiário da  grande imprensa, ainda bem. Hoje ele vive sua fase autista.
Como bem descreve o autor, os assuntos do dia orbitam os mesmos temas, com exceção da conquista do Corinthians.
A tese de que manifestações de rua, contrárias a atuação do STF  e da imprensa, poderão perturbar a ordem social não procede. Se tais manifestações de fato acontecerem, elas serão oriundas do campo popular e democrático, de apoio ao governo federal, que assim como os manifestantes não tem o menor interesse em desestabilizar a ordem social, mas sim chamar a atenção das pessoas para o processo, aí sim, de desestabilização da ordem democrática em curso no país. Cabe ressaltar que tal processo tem na grande imprensa um dos principais pilares.  Assim sendo fica fácil perceber apreensão da grande imprensa através de seus editoriais e colunistas. Não se trata de uma   manifestação do movimento " Cansei " que teve amplo apoio da imprensa e se revelou uma comédia.
Ainda no tocante ao noticiário do dia, um assunto sumiu da imprensa. Trata-se das eleições na Venezuela, que antes do pleito naquele país,  mereceu amplo destaque nos jornais por conta de uma possível derrota do partido do Presidente Hugo Chavez, que se encontra recuperando de uma cirurgia. Confirmada a vitória, esmagadora , do partido de Hugo Chavez, inclusive em locais reduto da oposição, a nossa grande imprensa se calou e mudou o foco para o atentado , mais um, que aconteceu nos EUA.
Mais uma vez os especialistas, psicólogos e entendidos, foram chamados nas mídias para opinar e analisar o massacre. Sempre os mesmos, quando não, clones ideológicos desses mesmos, deitaram falação sobre o assunto ,enfocando a questão da venda de armas, muito comum na terra que tem no dna de seu povo massacres históricos, começando pelas populações indígenas.
Envergonhados, em sua maioria, mas não todos, vide programa de faustão, as análises fugiram um pouco do já batido perfil do atirador, de ser uma pessoa com problemas mentais, vítima de assédio, e outras considerações mais, todas reducionistas que não refletem uma situação sistêmica onde uma ideologia e uma cultura de violência se impõem claramente diante dos olhos de todos. A facilidade em obter armas potencializa os ataques, mas não é a questão de fundo que na imprensa abissal passa batida, obscura, imersa na escuridão dos  feiticeiros da notícia, tão preocupados em defender sua ideologia  decadente , obsoleta e anacrônica. A confusa mente dos assassinos não é muito diferente da escuridão existente na imprensa. Os abismos se equivalem. As fossas são profundas. A sociedade perdeu. Mesmo assim, alguns programas de TV, sempre eles, e da tv globo, sempre ela, insistem nas teses superficiais, de desinformação, ocultando os reais problemas de uma sociedade violenta, quando não fazem propaganda de seus patrocinadores. A tv globo, como uma organização com vida, habita as fossas abissais, com um metabolismo próprio, exclusivo, ainda remanescente do caldo primordial.
Recentemente, o programa da tv globo de Ana Maria Braga,foi obrigado a se retratar, por exigência do Ministério Público Federal, por conta de informações equivocadas sobre o aleitamento materno. Logo em seguida, ao estilo domingão oba oba, alienado, a tv glogo saca mais um de seus supostos especialistas, psicólogos e  educadores, assim como o que "orientou " os telespectadores no programa de Ana Maria Braga, para defender teses de único interesse da emissora, valorizando sua ideologia e aspectos mercantis. A especialista, como declara o autor do texto, misturou patologias e desinformou os telespectadores em temas sensíveis,claro, propositalmente  como faz a tv globo em suas inúmeras reportagens casadas, pois sempre existe uma outra agenda, oculta,  sendo induzida para o telespectador.
No samba da psicóloga doida não havia espaço para se virar nos trinta, e Freud chorou, Jung perpelexo ficou, Reich se suicidou e assim Lacan falou.
Os familiares das pessoas portadoras das doenças citadas não devem apenas manifestar suas indignações pela rede, ainda que válidas, mas também, e principalmebnte, exigir uma ação do Ministério Público federal como ocorreu com o educador doido do programa de Ana Maria Braga .
Para terminar, sem pensar jamais em esgotar o assunto, pois ele é farto, que venham as manifestações em defesa da democracia, da liberdade de expressão  e de um novo marco regulatório para os meios de comunicação.
Mesmo que o fim do mundo aconteça.

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