segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Quando O Informal é a Regra

 

Quando o Informal  é a Regra


Usos e abusos da informalidade

Por Alberto Dines em 31/12/2012 na edição 727

Se o clima é obrigatoriamente festeiro/festivo tratemos de festas/festinhas.
Foi-se o tempo em que o jornalista era compulsivamente ranzinza, irônico, implicante. Marca profissional/existencial, ou simples cacoete, o marketing do questionamento ou do ceticismo tornou-se obsoleto. Esta é a hora do marketing da informalidade e da descontração.
Sem dúvida, uma vitória das redes sociais sobre a rabugice institucional da imprensa clássica. Talvez caso de fadiga, não é fácil aguentar as dores de mundo doze horas por dia, seis dias por semana.
Jornalista não desliga, empregado ou desempregado, PF ou PJ.
De qualquer forma, se a pauta natalina impõe otimismo, risadas, compras e presentes, vamos ao otimismo, risadas, compras e presentes. Sobretudo quando o antigo cidadão-telespectador transformou-se em assinante, consumidor.
Ninguém quer comprar angústias e preocupações. O que antigamente denominava-se imprensa, hoje é espetáculo, entretenimento.
No quesito festinha a equipe responsável pelo programa Em Pauta, exibido na faixa das 20 horas da GloboNews, ofereceu um show inesquecível em seguida ao Natal – 26 e 27 de dezembro de 2012 (ver aqui e aqui).
Num horário em que grande parte da população brasileira embala-se na teledramaturgia adolescente das telenovelas, e a GloboNews tenta ir na direção contrária com uma programação adulta, assistimos por duas noites consecutivas alguns jornalistas qualificados e respeitados submetidos ao ridículo papel de participantes de uma festinha de amigo-oculto (ou “amigo secreto”).
Sem improvisação
Para começar: jornalista não ganha presentes – ganha medalhas, ganha prêmios e, infelizmente, ganha obituários. A simples idéia de que possa ser aliciado por uma prenda natalina, mesmo oferecida por um/uma camarada de trabalho, contraria a imagem corporativa de seriedade e inacessibilidade. Abre brechas num comportamento que, para o grande público, deveria ter conotação missionária.
Ponto dois: a vida pessoal do/da jornalista deve ser preservada ao máximo. Um programa de TV não é página do Facebook – mesmo em emissora fechada, por assinatura. Jornalista ri, dá risada, faz piada, seduz, conquista entrevistados e o público, mas jornalista não faz brincadeirinha – pelo menos em público. Na redação, no botequim, em happy hours ou em casa é outra coisa.
Não se brinca em serviço diante do cliente/assinante.
Ponto três: jornalista não é celebridade, ao contrário, jornalista é reservado, discreto, seu ambiente natural é a temperança. Os holofotes que maneja são para os outros, os/as bobocas que se imaginam em contos de fadas eternos e não em 15 minutinhos de glória.
Ponto quatro: num momento tão tenso e crucial na vida brasileira e mundial é acintoso e doloroso tal desperdício de tempo e recursos. A brincadeira envolveu transmissão ao vivo, por satélite, entre quatro praças, uma delas em outro hemisfério. Qual o custo/benefício dessas duas meias-horas de recreio?
De quem foi a infeliz ideia não se sabe nem interessa saber, mas a atração foi planejada, exigiu “sonoras” previamente gravadas. Na cadeia de comando de uma emissora tão disciplinada e eficiente, a farrinha do amigo-oculto a descoberto não poderia ser fruto de improvisação.
O lado positivo: ficou visível o desconforto e o constrangimento de um/uma ou alguns/algumas participações. Mais desconforto e constrangimentos sente este observador obrigado por ofício a fazer reparos a uma festinha íntima/pública tão inofensiva.



O Observador que Virou Suco

O texto acima, oriundo do Observatório da Imprensa, escrito pelo nobre observador jornalista Alberto Dines.
A cor escolhida tem a ver com o que significa a grande imprensa, principalmente as empresas globo e seu culto a própria imagem.
Vamos aos fatos:

Ponto 1 : O nobre jornalista, em um passado próximo, no Observatório da Imprensa, escreveu um artigo sobre um novo quadro que então surgia no jornal nacional da tv globo.
O quadro era jn na estrada, que depois virou jn no ar pois passou a ser feito de avião.
No ínício, o jn na estrada usava um ônibus que circularia por diversas cidades do país transmitindo, ao vivo, notícias da região. Uma das primeiras aparições, do jn na estrada, foi em uma cidade do sul do páis, em um dia de temperatura baixa.
No comando do quadro estava Willian Bonner, vestido com roupas de um inverno antártico, quando ao fundo as pessoas que circulavam usavam mesmo camisas de manga curta.
Bonner surgiu no vídeo com pesados casacos e luvas de couro, o que mereceu um comentário da âncora Fátima Bernardes, no comando do telejornal, sobre o o suposto frio no local e também sobre a "elegância" do apresentador.
Bonner ficou inchado com o elogio e sorriu encolhendo-se, supostamente por causa do "frio intenso". 
O nobre observador, no dia seguinte , em seu artigo no Observatório da Imprensa, ranzinza como de costume, criticou corretamente a babaquice do quadro do jn e ainda acrescentou que o culto ao jornalista era uma marca nas empresas globo desde longas datas. Ou seja, o jornalista valia mais do que a notícia.
Isso , atualmente, acontece em todas as emissoras de tv, e não se deve, como sugeriu o nobre observador, a informalidade das redes sociais, já que a cultura de aparecer a qualquer custo se intensificou , no país, a partir do final da década de 1980, quando as redes sociais ainda não existiam. Tanto é fato , que tal cultura mereceu uma crítica bem humorada e inteligente , com o lançamento da revista Bundas, um contraponto a revista Caras, onde todo e qualquer babaca e boboca, desfilava mediocridades sobre suas vidas pessoais.
Com o jornalismo e os jornalistas não foi diferente, e no caso das empresas globo ganhou uma dimensão ainda maior, pois já fazia parte da cultura organizacional das empresas globo.

Ponto 2 : Não é apenas a vida pessoal do jornalista que deve ser preservada , mas de toda e qualquer pessoa que não faça parte da cultura idiota dos holofotes.
Jornalista não é uma entidade extracorpórea intocável e também não está imune as críticas e aos modismos, mesmo que os grotescos atuais de aparecer a qualquer custo, onde até mesmo ministros da alta corte se inserem.
Se o nobre observador acredita que jornalista não deve dar risadas e fazer piadas, isto de fato deveria acontecer por ocasião de apresentação dos telejornais, onde os jornalistas usam e abusam de expressões não verbais para induzir o telespectador ao entendimento deesjado naquilo que é noticiado. No momento do programa sobre amigo oculto, os jornalistas  alí estavam, conscientes e desejosos da evasão de suas privacidades.
O nobre observador acertou na crítica, quanto as risadas e piadas, mas errou no alvo, pois elas são abusivamente utilizadas para conduzir o telespectador no momento dos telejornais
.
Ponto 3 : O jornalista não é celebridade.
O nobre observador parece que vive em mundo nostálgico e paralelo. Tudo , já há algum tempo, mais precisamente uns 22 anos, se tranformou em espetáculo e qualquer idiota, até mesmo um  jornalista, pode ser apresentado como celebridade e ter as luzes a iluminá-lo, desde que acrescente alguns pontos a mais na audiência.
O que são os apresentadores de programas de crônica policial ? Teatralizados , idiotas , mas com grande audiência para outros idiotas, que deveriam receber críticas por parte daqueles, idiotas ou não, que se arvoram em observar a imprensa
.
Ponto 4 : O desperdício de tempo, que o nobre observador cita ter acontecido por parte de um programa onde jornalistas se reunem para uma festinha de amigo oculto, não é nada para as manipulações e omissões diárias que a grande imprensa produz em sua sanha de se comportar como um partido político de oposição ao governo federal, conforme afirmou a presidente da Associação Nacional de Jornais, a jornalista, e talvez celebridade, e quem sabe idiota, que atende pelo nome de Judith Brito.
O nobre observador, como escrevi no início do texto, já tinha abordado esse assunto com a palhaçada do jn na estrada, e ao fazê-lo, mais uma vez, em um momento apropriado para festas, não só ignora, ou desconhece a realidade medíocre de espetáculo, ou , na pior das hipóteses, pelo conteúdo e fragilidade do comentário, é parte dela.

domingo, 30 de dezembro de 2012

É A Plutocracia, Estúpido

É  A  PLUTOCRACIA,  ESTÚPIDO

 

Acordo ultrajante com o HSBC prova que a guerra à droga é uma piada


por Matt Taibbi

Se alguma vez foi preso por posse de droga, se alguma vez passou um dia na prisão por ter um bocado de marijuana no seu bolso ou "equipamentos de droga" na sua mochila, o procurador-geral assistente e amigo de longa de data de Bill Clinton, Lanny Breuer, tem uma mensagem para si: Suma daqui.

Breuer concluiu esta semana um acordo com o gigante bancário britânico HSBC que é o insulto final a toda pessoa comum que alguma vez na vida teve a sua vida alterada por uma acusação de narcóticos. Apesar do facto de o HSBC ter admitido que lavava milhares de milhões de dólares para cartéis de droga colombianos e mexicanos (entre outros) e violava um conjunto de importantes leis bancárias (desde o Bank Secrecy Act até o Trading With the Enemy Act), Breuer e seu Departamento da Justiça preferiu não efectuar processamentos criminais do banco, optando ao invés por um acordo financeiro recorde de US$1,9 mil milhões, que um analista observou corresponder a cerca de cinco semanas de rendimento do banco.

As transacções de lavagem dos bancos eram tão descaradas que a National Security Agency provavelmente podia tê-las detectado do espaço. Breuer admitiu que os traficantes de droga por vezes vinham a agências mexicanas do HSBC e "depositavam centenas de milhares de dólares em cash, num único dia, numa única conta, utilizando caixas concebidas para ajustarem-se às dimensões precisas das janelas dos caixas".

Isto importa repetir: a fim de movimentar mais eficientemente tanto dinheiro ilegal quanto possível para a instituição bancária "legítima" do HSBC, traficantes de droga conceberam caixas destinadas a passar através das caixas receptoras. O homem de confiança do [personagem] Tony Montana a marchar com sacos de cash no [filme de ficção] "American City Bank", em Miami, era realmente mais subtil do que aquilo que faziam os cartéis quando lavavam o seu dinheiro por meio de uma das mais célebres instituições financeiras britânicas.

Embora não seja declarado explicitamente, a lógica do governo para não avançar com processos criminais contra o banco aparentemente estava enraizada em preocupações de que colocar executivos de uma "instituição sistemicamente importante" na cadeia por lavagem de dinheiro da droga ameaçaria a estabilidade do sistema financeiro. O New York Times colocou isto desta forma:
Autoridades federais e estaduais optaram por não acusar o HSBC, o banco com sede em Londres, por ampla e prolongada lavagem de dinheiro, por receio de que a acusação criminal derrubasse o banco e, no processo, pusesse em perigo sistema financeiro.

Não é preciso ser um génio para ver que o raciocínio aqui é altamente enviesado. Quando se decide não processar banqueiros por crimes de milhares de milhões de dólares conectados com o tráfico de droga e o terrorismo (alguns clientes sauditas e bangladeshis do HSBC tinham ligações terroristas , segundo uma investigação do Senado), isso não protege o sistema bancário, faz exactamente o oposto. Aterroriza investidores e depositantes por toda a parte, deixando-os com a impressão clara de que mesmo os bancos mais "reputados" podem de facto ser instituições capturadas cujos executivos sénior estão ao serviço de (isto não pode ser repetido demasiado repetido) assassinos e terroristas. Ainda mais chocante, a resposta do Departamento da Justiça ao saber acerca de tudo isto foi fazer exactamente a mesma coisa que os executivos do HSBC fizeram em primeiro lugar para se meterem em perturbações – tomaram o dinheiro a olhar para o outro lado.

E eles não só liquidaram-se aos traficantes de droga, eles liquidaram-se barato. Pode-se ouvir esta semana jactâncias da administração Obama de que conseguiram uma penalidade recorde do HSBC, mas isso é uma piada. Algumas das penalidades envolvidas são literalmente de dar gargalhada. Isto é do anúncio de Breuer:
Em consequência da investigação do governo, o HSBC ... "recuperou" bónus previstos para dar como compensação a alguns dos seus mais importantes responsáveis nos EUA anti-lavagem e concordou em adiar bónus de compensação para os seus principais responsáveis sénior durante o período de cinco anos do acordo de acusação adiado.

Uau. Então os executivos que passaram uma década a lavar milhares de milhões de dólares terão de adiar parcialmente os seus bónus durante os cinco anos do acordo de acusação adiada? Estão a brincar comigo? Isso é lá punição? Os negociadores do governo não podiam manter-se firmes forçando os responsáveis do HSBC a esperar para receber os seus mal fadados bónus? Eles tinham de decidir fazê-los esperar "parcialmente"? Todo promotor honesto na América tem de estar a vomitar as suas entranhas diante de tais tácticas de negociação. Qual foi a oferta de abertura do Departamento de Justiça – pedir aos executivos para restringirem sua temporada de férias no Caribe para nove semanas por ano?

Então, pode-se perguntar, qual é a penalidade apropriado para um banco na posição do HSCB? Exactamente quanto dinheiro deveria ser extraído de uma firma que desavergonhadamente ao longo de anos e anos lucrou de negócios com criminosos? Recorde-se, estamos a falar acerca de uma companhia que admitiu um vasto conjunto de graves crimes bancários. Se você fosse o promotor, teria o banco preso pelos colhões. Assim, quanto dinheiro deveria ser tomado?

O que acha de tudo isto? O que acha de cada dólar que o banco ganhou desde que começou a sua actividade ilegal? O que acha de mergulhar em cada conta bancária de cada simples executivo envolvido nesta sujeira e tomar até o último dólar de bónus que eles alguma vez ganharam? A seguir tomar suas casas, carros, as pinturas que compraram em leilões do Sotheby's, as roupas nos seus armários, os trocos soltos nos jarros sobre os balcões das suas cozinhas, tudo o que restasse. Tome isso tudo e não pense duas vezes. E a seguir lance-os na prisão.

Soa duro? Assim parece, não é? O único problema é que se trata exactamente do que o governo faz todos os dias a pessoas comuns envolvidas em casos de droga habituais.

Será interessante, por exemplo, perguntar a residentes em Tenaha, Texas, o que pensam acerca do acordo HSBC. É a cidade onde a polícia local rotineiramente detém motoristas (sobretudo negros) e, sempre que encontram dinheiro, propõem uma escolha aos motoristas: Poderiam deixar a polícia tomar o dinheiro ou enfrentar acusações de droga e lavagem de dinheiro.

Ou podiam perguntar a Anthony Smelley , residente em Indiana, que ganhou US$50 mil num acordo de acidente de carro e estava a transportar US$17 mil em cash no seu carro quando foi detido pela polícia. Os polícias revistaram o seu carro e tinham cães para cheirar droga. Os cães alertaram duas vezes. Não foram encontradas drogas, mas a polícia ficou com o dinheiro na mesma. Mesmo depois de Smelley ter apresentado documentação provando onde obtivera o dinheiro, responsáveis do Putnam County tentaram manter o dinheiro com base no argumento de que ele podia ter utilizado o dinheiro para comprar drogas no futuro.

Sem brincadeira, isso aconteceu. Isso acontece o tempo todo, e mesmo o próprio Departamento da Justiça de Lanny Breuer envolve-se nestes actos. Só em 2010, gabinetes de Procuradores dos EUA depositaram aproximadamente US$1,8 mil milhões em contas do governo em consequência de casos de apreensão, a maior parte deles casos de droga. Pode ver neste gráfico as estatísticas do próprio Departamento da Justiça:

Se nos EUA for detido na estrada levando cash consigo e o governo pensar que é dinheiro de droga, esse cash vai servir para comprar ao seu chefe de polícia local uma nova Ford Expedition na tarde do dia seguinte.

E isso é só a cobertura do bolo. O prémio real que você obtém por interagir com um responsável pela aplicação da lei, se acontecer estar conectado de qualquer forma às drogas, é uma ridícula e descomunal penalidade criminal. Mesmo aqui em Nova York, um em cada sete casos que acaba em tribunal é um caso de marijuana.

Noutro dia, enquanto Breuer anunciava seu tabefe no pulso dos mais produtivos lavadores de dinheiro do mundo, eu estava num tribunal no Brooklyn a observar como eles tratam pessoas reais. Um defensor público explicou o absurdo das prisões por droga nesta cidade. Nova York realmente tem leis razoavelmente liberais acerca da marijuana – não se supõe que a polícia o prenda se possuir a droga em privado . Então como é que a polícia consegue fazer 50.377 prisões relacionadas a marijuana num único ano só nesta cidade? (Isso foi em 2010, o número em 2009 era de 46.492).

"O que ele fazem é pará-lo na rua e dizer-lhe para esvaziar os seus bolsos", explicou o defensor público. "Então, no instante em que um cachimbo ou uma semente está fora do bolso – bum, é de "uso público". E você fica preso".

Pessoas passam noites na prisão, ou pior. Em Nova York, mesmo se eles o deixam sair com uma contravenção e tempo passado, você tem de pagar US$200 e tem o seu DNA extraído – um processo que tem de ser pago por si (custa 50 dólares). Mas além disso não é preciso investigar muito para encontrar casos de sentenças draconianas, idiotas por crimes de droga não violentos.

Peça só a Cameron Douglas, o filho de Michael Dougal, que foi condenado a cinco anos de prisão pela simples posse. Seus carcereiros mantiveram-no em solitária durante 23 horas por dias durante 11 meses e negaram-lhe visitas de família e amigos. Embora o típico condenado não violento não o filho branco de uma celebridade, ele é habitualmente o utilizador que obtém sentenças mais duras do que os garotos brancos ricos obtém por cometerem os mesmos crimes – todos nós recordamos a controvérsia crack versus coca na qual orientações federais e estaduais de sentenciamento deixavam que os utilizadores de crack (uma minoria) obtivessem sentenças 100 vezes mais duras do que aquelas administradas aos utilizadores predominantemente brancos da coca em pó.

O viés institucional nas orientações das sentenças por crack eram um ultraje racista, mas este acordo do HSCB deixa aquilo longe. Ao abster-se de processos criminais de grandes lavadores de dinheiro da droga com o argumento (claramente absurdo, a propósito) de que o seu processamento põe em perigo o sistema financeiro mundial, o governo acabou de formalizar o duplo padrão.

O que eles agora estão a dizer é que se você não for um dente importante na engrenagem do sistema financeiro global, você não pode escapar impune de coisa alguma, nem mesmo pela simples posse. Você será encarcerado e qualquer dinheiro que eles encontrem consigo será apreendido na hora, e convertido em novos cruzadores ou brinquedos para a sua equipe local de agentes aplicadores da lei (SWAT team), a qual estará pronta a arrombar as portas de casas onde vivem dentes da engrenagem tão pouco essenciais como você. Se não tiver um emprego sistemicamente importante a posição do governo é, por outras palavras, de que os seus activos podem ser utilizados para financiar a sua própria privação de direitos políticos.

Por outro lado, se você for uma pessoa importante e trabalhar para um grande banco internacional, você não será perseguido mesmo se lavar nove mil milhões de dólares. Mesmo se se conluiar activamente com as pessoas no topo máximo do comércio internacional de narcóticos, a sua punição será muito mais pequenas do que aquela na base da pirâmide mundial da droga. Você será tratado com mais deferência e simpatia do que um drogado desmaiado numa carruagem do metro em Manhattan (utilizar dois assentos numa carruagem de metro é um delito comum processável nesta cidade). Um traficante internacional de droga é um criminoso e habitualmente um assassino; um viciado em droga a passear na rua é uma das suas vítimas. Mas graças a Breuer, agora estamos no negócio, oficialmente, de encarcerar as vítimas e deixar os criminosos.

Isto é a desgraça das desgraças. Não faz mesmo qualquer sentido. Não havia razão para que o Departamento da Justiça não pudesse ter agarrado toda a gente no HSBC envolvida com o tráfico, processado criminalmente e actuado com reguladores bancários para assegurar que o banco sobrevivesse à transição para nova administração. Nessas circunstâncias, o HSBC não teve virtualmente de substituir ninguém na sua administração de topo. As partes culpadas aparentemente eram tão importantes para a estabilidade da economia mundial que tiveram de ser deixados nas suas mesas de trabalho.

Não há absolutamente nenhuma razão para que eles não pudessem enfrentar penalidades criminais. Que não estejam a ser processados é covardia e corrupção pura, nada mais. E ao aprovar este acordo, Breuer removeu a autoridade moral do governo para processar qualquer um por qualquer delito de droga. Não é que a maior parte das pessoas já não soubesse que a guerra à droga é uma piada, mas isto torna-a oficial.
O original encontra-se em www.rollingstone.com/...

 Um  Mundo  de  Criminosos

A realidade do grande negócio das drogas não é tratada na imprensa.
Áí está mais uma prova, inequívoca, de que as grandes instituições financeiras, como o banco HSBC citado no artigo, fazem parte do negócio do narcotráfico.
Essas instituições recebem os bilhões de dólares do comércio das drogas, e em sendo assim, são partes ativas do crime.
Muito já se escreveu que o plano Colômbia, lançado pro Clinton, contribuiu para o aumento do tráfico e consumo de drogas no mundo, com dados que comprovam. Cabe lembrar , que quando lançado, toda a propaganda dizia o oposto.
E o que faz a imprensa ?
Diariamente, veículos de mídia de tv, rádio e impressos, entopem os telespectadores, ouvintes e leitores, respectivamente, com notícias sobre apreensões e prisões de "traficantes" perigosos. Não que tais traficantes não ofereçam perigo, já que sempre estão fortemente armados ( outro negócio que a mídia omite ) mas são eles que de fato representam o perigo para a sociedade ?
Toda a população já está cansada de saber, que após a prisão de um traficante, um outro assumirá o lugar daquele preso.
As pessoas ligadas ao tráfico de drogas, relatadas pela mídia, principalmente pela grande mídia, são os mais baixos na escala hierárquica do crime. Subindo na hierarquia, nada se noticia , sejam pessoas ou instituições , como no caso do HSBC.
Cabe então uma pergunta : 
Qual o resultado , prático, das notícias diárias sobre drogas na grande imprensa ?
Certamente a imprensa dirá que cumpre seu papel de fiscal  e noticia as ações policiais no "combate" ao narcotráfico. Ora, toda a sociedade já está cansada de saber, que esse tipo de combate envolve os escalões mais rasteiros das polícias militares, que tem em seus quadros um grande número de policiais ligados aos traficantes, ou até mesmpo concorrendo com os traficantes no comércio das drogas. Claro que existem, também, os policiais que por não estarem ligados ao crime das drogas, acreditam que com seu trabalho estão combatendo o crime e trabalhando em prol da sociedade. Sim eles existem e não se sabe o que os faz trabalhar, se ingenuidade ou amor a profissão.
Esse é de fato o papel de fiscal da imprensa ?
Considerando que os proprietários de mídias, principalmente no Brasil, são defensores ferrenhos do modelo neoliberal e consequentemente aliados incondicionais do sistema financeiro, não se pode esperar que cumpram seu papel de fiscais, informando corretamnete sobre a realidade das drogas no país e no mundo.
É simples, não é caro leitor ?  Enquanto aliados das instituições financeiras, que por sua vez são aliadas as organizações do narcotráfico, a grande imprensa é parte do crime organizado, no mínimo por omissão.
E o que fazem, então ?
Para disfarçar fazem um grande estardalhaço se alguém é flagrado com um cigarrinho inofensivo de maconha, posam de defensores do cumprimento das leis, e expoloram  a escacla mais baixa da hierarquia das drogas, os vendedores  que fazem o cantato direto com o público consumidor.
O resultado desse tipo de " fiscalização" e "notícia" funciona como uma ardilosa propaganda , cuidadosamente dissimulada, que acaba por incentivar o consumo de drogas, principalmente no público adolescente que desconhece a realidade, tanto da imprensa quanto das drogas.
Adicone-se a tudo isso,  as informações "educativas" sobre novas drogas lançadas no mercado, que devido a exautão de "informações" produzidas pela grande imprensa, também inclinam  os jovens a curiosidade e  consequentemente ao consumo.
É o caso do crack, que virou moda na imprensa, já que por ser uma droga barata, diferente de outras drogas caras, pode ser amplamente consumido pelas parcelas mais pobres da população, e assim sendo, tem tido ampla divulgação na imprensa, claro sempre com o apelo ao combate ao consumo, mas subliminarmente é amplamente incentivado.
O assunto é farto, e qualquer tentativa da grande imprensa em negar essa realidade não resiste as densas criticas apresentadas.
Qualquer aprendiz no campo da linguagem e da comunicação sabe perfeitamente que a divulgação excessiva e diária de uma assunto, como são as drogas na mídia,  mesmo que seja para o combate ao consumo, também produz o efeito contrário, estimulando a curiosidade. Isso não significa que o assunto não deva ser abordado, ele deve e tem que ser abordado, porém com uma condução que tenha por objetivo expor e informar sobre o verdadeiro negócio do narcotráfico. Isso, todos nós sabemos que a grande mídia não fará.
Mais uma vez entra em cena a realidade do mundo em que vivemos, onde os negócios, legais e criminosos dominam a cena e comandam com grande influência e poder, a economia e governos.
Esta semana , um escândalo na mídia americana, confirma nossa tese.
O magnata da mídia, olha a mídia aí de novo, Murdoch, foi mais uma vez flagrado em conversas que tinham por objetivo  influenciar decisivamente as eleições presidenciais passadas nos EUA, usando para isso sua cadeia de jornais , rádios e emissoras de tv, tendo a fente a conhecidísssima FOX .
A proposta de Murdoch, devidamente gravada, mostra  a falácia da democracia atual, onde o povo ao votar acredita de fato estar escolhendo seus representantes.
Muito já escreveu que o mundo com seus respectivos governos é dominado por uma Plutocracia, onde grupos e interesses poderosos, inclusive criminosos como o narcotráfico, definem as regras e dão as cartas.
Nesses grupos estão conglomerados midiáticos, o sistema financeiro, o narcotráfico, o comércio ilegal de armas, o tráfico de pessoas, grandes corporações de setores da economia e até mesmo instituições religiosas.
Para as pessoas, ora, deem para elas futilidades, badalações, romantismos e sempre se apresentem com uma postura ética e de respeito as leis.
A propósito, você, caro leitor, já assistiu hoje, ou nesses dias , algum programa, principalmenete de tv globo, sobre as profecias para o próximo ano ?
Também já recebeu as cuidadosas informaçõpes sobre que tipo de roupa e maquiagem você deve usar nesses dias ?
E ainda, a Xuxa e o Faustão, e porque não o Luciano Huck, já informaram prá você que tipos de simpatias você deve fazer na passagem do calendário gregoriano, ou seja na passagem do ano ?
Já que você está devidamente informado e preparado para brindar a passagem de mais um ano, isso significa que você está vivo para entrar 2013, desejo toda a sorte e que você possa fazer o mesmo ao final de 2013, 2014, 2015... por muitos e muitos anos.
Saravá !!!!!!!

sábado, 29 de dezembro de 2012

Bonner & Poeta - Patati & Patatá

Bonner & Poeta  -  Patati & Patatá


TV manipula notícia sobre criação de empregos


Por Fernando Branquinho em 24/12/2012 na edição 726


Na quarta-feira (19/12), no Jornal Nacional, o gráfico atrás da apresentadora Patrícia Poeta mostrava a criação de 1,77 milhão de empregos até agora, em 2012. Considerada a pindaíba econômica do mundo ocidental, qualquer cidadão de outro país olharia com inveja para cá. Mas na Globo não é assim: toda notícia que venha do governo tem que ser “negativada”.
Foi o que fizeram. Este foi o texto lido pela apresentadora:
“A criação de empregos com carteira assinada, este ano, foi 23% menor do que em 2011. É o pior resultado desde 2009. Mas, isoladamente, os números de novembro mostram um aumento de quase 8% no emprego formal.”
Quem estivesse jantando nessa hora sem olhar para a TV não veria o gráfico e faria juízo sobre a informação apenas com o que estivesse ouvindo. Desta vez mudaram a técnica: deram a notícia positiva de forma negativa, e no fim veio o “mas” positivando parcialmente os fatos. Isso é democracia, liberdade de expressão e tudo o mais que eles dizem quando se quer acabar com o oligopólio da mídia? O nome disso é partidarismo de mídia através de manipulação da notícia.
Paranoia? Perseguição à Globo? Coisa de esquerdista, de petista, de lulista, brizolista? Confira aqui mais essa vergonha. Agora veja a notícia por outro ângulo: “Brasil cria 1,77 milhão de empregos com carteira assinada em 2012”.
Os dados do Caged
De janeiro a novembro deste ano, foram abertos 1.771.576 postos de trabalho com carteira assinada no Brasil, o que representa uma expansão de 4,67% no nível de emprego comparado com o final de 2011, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado na quarta-feira (19/12) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Os dados de novembro, segundo o MTE, mostram continuidade à tendência de crescimento do emprego no Brasil, que registrou pela terceira vez em 2012 um saldo superior ao do ano anterior. Foram declaradas 1.624.306 admissões e 1.578.211 desligamentos no referido mês. Como resultado, o saldo do mês foi de 46.095 novos empregos com carteira assinada no Brasil, correspondentes ao crescimento de 0,12% em relação ao registrado no mês anterior.
Segundo o Caged, apresentaram desempenho positivo no mês o comércio, com 109.617 postos (1,27%), sendo o terceiro melhor saldo para o período; e serviços, com 41.538 postos (0,26%). Por outro lado, alguns setores apresentaram desempenhos negativos. A construção civil teve baixa de 41.567 postos (-1,34%), decorrente de atividades relacionadas à construção de edifícios (-15.577 postos) e construção de rodovias e ferrovias (-8.803 postos), associados a términos de contratos e a condições climáticas.
Complexo sucroalcooleiro puxa emprego para baixo
Na agricultura, houve retração de 32.733 postos (-1,98%), devido à presença de fatores sazonais negativos. A indústria de transformação teve perda de 26.110 postos (-0,31%), proveniente dos ajustes da demanda das festas do fim do ano, queda menor que a ocorrida em novembro de 2011 (-54.306 postos ou -0,65%).
O emprego cresceu em três das cinco grandes regiões, sendo a Sul, com 29.562 postos (0,41%); Sudeste, com 17.946 vagas (0,08%), e Nordeste, com 17.067 empregos (0,28%). As exceções ficaram por conta da região Centro-Oeste (-14.820 postos ou -0,50%), cuja redução deu-se ao desempenho negativo da agricultura (-9.130 postos); da construção civil (-6.393 postos) e da indústria de transformação (-5.929 postos); e da região Norte (- 3.660 postos ou -0,21%), onde a construção civil (-3.371 postos) e a indústria e transformação (-2.084 postos) foram os principais setores responsáveis pela queda no mês.
Por unidade da federação, dezesseis tiveram expansão do emprego. Os destaques foram Rio Grande do Sul (+15.759 postos ou 0,61%); Rio de Janeiro (+13.233 postos ou 0,36%); Santa Catarina: (+8.046 postos ou 0,42%); São Paulo (+7.203 postos ou 0,06%); Paraná (+5.757 postos ou 0,22%) e Bahia (+5.695 postos ou 0,34%). Os estados que demonstraram as maiores quedas no nível de emprego foram: Goiás (-8.649 postos ou -0,75%), devido, principalmente, às atividades relacionadas ao complexo sucroalcooleiro, e Mato Grosso (-5.910 postos ou -0,97%), por causa do desempenho negativo do setor agrícola (-4.798 postos) [ver aqui].
***
[Fernando Branquinho é jornalista, Brasília, DF]

Quando a ética e a moral se tranformam em instrumentos de retórica


Para todos nós que acompanhamos a grande imprensa desde outras décadas, não é novidade o que fez, faz e fará o jornal nacional da tv globo.
Também não é a única mídia a agir assim.
Todos os telejornais da mídia privada, os impressos e as emissoras de rádio tem o mesmo comportamento.
As notícias são escolhidas e passadas para o público em uma operação coordenada.
Os analistas, cronistas  e outros são cuidadosamente escolhidos, em dia , mes e assunto , para que possam destilar suas idéias.
Omitir a realidade, os avanços conseguidos pelos governos democráticos e populares do PT, é a estratégia da grande imprensa.
Amplificar, ao máximo, as fragilidades e deficiências do governo também é parte da estratégia.
Sair em defesa da moral, e dos bons costumes, principalmente agora por causa do julgamento da ação penal 470, também pega bem nas tintas e nos decibéis dos arautos da moralidade.
Quem diria, hein,  a direita corrupta, suja, que sempre roubou o país e o povo, que sempre se enriqueceu as custas de governantes aliados , hoje se apresenta com vestes moralistas e éticas.
Entende-se, afinal a direita, onde se situa encastelada a imprensa, foi durante muitas décadas acusada, corretamente, pela esquerda e pelo povo, como corrupta, incentivadora e realizadora de inúmeros e escandalosos malfeitos com a coisa pública, mentora e executora do maior processo de esfacelamento do estado brasileiro em toda a história que proprocionou o enriquecimento de pessoas , instituições e organizações acomodadas na eterna órbita de corrupção e favorecimento de benesses por parte dos governos, principalmente na década de 1990, onde as privatizações do patrimônio público proporcionaram o surgimento de uma nossa classe de milionários.
Apesar de todos os esforços da esquerda para que tais fatos fossem apurados, nada foi feito até hoje. O governo dos tucanos, com o amplo apoio da imprensa, blindou toda e qulaquer iniciativa de apuração de desvios de quantias milionárias para os aliados daquele governo.
Também, na época, o Supremo Tribunal Federal, com seus respectivos membros, não tinha o status que tem atualmente de mega celebridades togadas, trabalhando assiduamente na defesa dos interesses do país e do povo. Talvez o povo , ou grande parcela dele, não soubesse sequer da existência do STF, para o bem dos governos, governantes e a imprensa da década.
Entende-se a fúria da imprensa contra o governo do PT e a cruzada moralista e ética.
Uma questão de vingança. Algo do tipo: " você agora é governo e chegou a minha vez de denunciar"
" quero ver você no governo com o discurso de oposição" " quero ver você defendendo a ética em um sistema onde a corrupçaõ está na raiz", agora você vai ver o que é bom ", etc...
Essa é a realidade do momento que vivemos no tocante ao comportamento da imprensa em defesa da ética e da moral. Tudo passa ,apenas, pelo jogo do poder. O objetivo da oposição e da direita, cantado diariamente através de suas mídias e seus escribas, é a retomada do poder. Para isso , vale tudo, até mesmo o ladrão denunciar atos de corrupção., ao melhor estilo japonês kamikaze da segunda guerra mundial, ou mais recente, os terroristas que explodem bombas presas em seus corpos.
Como exemplo do ódio e fúria contra os partidos de esquerda defensores de total transparências nas ações de governos, pode-se citar a gestão da Luiza Erundina, quando prefeita da cidade de São Paulo pelo PT, no final da década de 1980 e início da década de 1990.
Impecável com a tranparência das ações de seu governo do PT na prefeitura, em sintonia com uma das bandeiras do partido, Erundina , após o término de seu mandato, sofreu uma minuciosa e profunda auditoria do Tribunal de Contas do Município, que trabalhou em sintonia com a gritaria da imprensa, com o claro objetivo de identificar desvios nos anos de gestão na prefeitura do PT. É dever do TCM, aprovar as contas de uma gestão, mas esse dever pode ser mais ou menos rigoroso em funçaõ do cenário político da cidade, estado ou mesmo do governo federal e também por outros interesses que possam afetar os interesses de uma máquina onde a corrupção está entranhada em todas as veias. A auditoria do TCM encontrou desvios de recursos , que poderiam corresponder quase ao prreço de um imóvel de dois dormitórios , de classe média, na cidade de São Paulo.
O valor correspondia ao patrimônio de Luiza Erundina, um apartamento de dois dormitórios da cidade de São Paulo, que se não fosse pela ajuda de amigos teria que vender seu únicó imóvel para pagar a quantia encontrada pela sanha hipocritamente moralista da auditoria do TCM.
A história agora se repete, colocando em cena os mesmos atores, PT, Direita e Imprensa, porém em escala nacional, na esfera federal.
Imagine, meu caro leitor, se na gestão de Erundina o TCM encontrasse as falcatruas do funcionário da prefeitura de São Paulo que atende pelo nome de Aref.
O Sr, Aref, na gestão Kassab, foi flagrado em atos de corrupção e ainda descobriu-se que seu patrimônio ultrapassa a casa de 30 milhões de reais, issso para um reles funcionário público. O prefeito Kassab, como de costume, disse não sabia de nada e que não poderia se responsabilizar por ações isoladas de um funcionário.
A imprensa, timidamente defendeu seu aliado, o prefeito, e o domímino do fato, a responsabilidade maior por malfeitos, aplicada a Erundina, não valeu para Kassab. Cabe ainda ressaltar que a auditoria do TCM na gestão Erundina, avaliou todo o trabalho da prefeita durante quatro anos, e o Sr. Aref, em apenas um flagrante da gestão Kassab, colocou em cena valores absurdos
A moral e a ética quando interessam
Assim sendo, meu caro leitor, o jornal nacional escondendo notícia e manipulando um feito importante para o povo tornou-se uma prática corriqueira, imoral, amoral  e totalmente desprovida de qualquer conteúdo ético, pois o que está em jogo é a destruição de do PT e principalmente de Lula, que depois de fazer mais das suas , elegendo o até então desconhecido Haddad para  a prefeitura da maior cidade do país, mostrou sua pujança política e sua força no cenário que se desenha para 2014.
Diante do fato, a imprensa passou a vomitar resíduos sólidos de fúria contra o PT, Dilma e Lula, pois a vitória da PT na prefeitura de São Paulo também foi mais uma humilhante derrota, dentre muitas ,nos últimos dez anos, sofrida pela oposição de direita e pela imprensa
Enquanto Bonner e Poeta, no sofrível, medíocre e irrelevante jornal nacional da tv globo, escondem e manipulam as notícias, o povo brasileiro vivencia a realidade.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Elites - A Traumática Aceitação da Realidade

Elites .  A Traumática Aceitação da Realidade

Nunca houve tanto ódio na mídia conservadora do Brasil


Os textos de Demétrio Magnoli, Ricardo Noblat, Merval Pereira, Reinaldo Azevedo, Augusto Nunes, Eliane Catanhede, entre outros, são fontes preciosas para as futuras gerações de jornalistas e estudiosos da comunicação entenderem o que Perseu Abramo chamou apropriadamente de “padrões de manipulação” na mídia brasileira.

Por Jaime Amparo Alves


Os brasileiros no exterior que acompanham o noticiário brasileiro pela internet têm a impressão de que o país nunca esteve tão mal. Explodem os casos de corrupção, a crise ronda a economia, a inflação está de volta, e o país vive imerso no caos moral. Isso é o que querem nos fazer crer as redações jornalísticas do eixo Rio – São Paulo. Com seus gatekeepers escolhidos a dedo, Folha de S. Paulo, Estadão, Veja e O Globo investem pesadamente no caos com duas intenções: inviabilizar o governo da presidenta Dilma Rousseff e destruir a imagem pública do ex-presidente Lula da Silva. Até aí nada novo.

Tanto Lula quanto Dilma sabem que a mídia não lhes dará trégua, embora não tenham – nem terão – a coragem de uma Cristina Kirchner de levar a cabo uma nova legislação que democratize os meios de comunicação e redistribua as verbas para o setor. Pelo contrário, a Polícia Federal segue perseguindo as rádios comunitárias e os conglomerados de mídia Globo/Veja celebram os recordes de cotas de publicidade governamentais. O PT sofre da síndrome de Estocolmo (aquela na qual o sequestrado se apaixona pelo sequestrador) e o exemplo mais emblemático disso é a posição de Marta Suplicy como colunista de um jornal cuja marca tem sido o linchamento e a inviabilização política das duas administrações petistas em São Paulo.

O que chama a atenção na nova onda conservadora é o time de intelectuais e artistas com uma retórica que amedronta. Que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso use a gramática sociológica para confundir os menos atentos já era de se esperar, como é o caso das análises de Demétrio Magnoli, especialista sênior da imprensa em todas as áreas do conhecimento. Nunca alguém assumiu com tanta maestria e com tanta desenvoltura papel tão medíocre quanto Magnoli: especialista em políticas públicas, cotas raciais, sindicalismo, movimentos sociais, comunicação, direitos humanos, política internacional… Demétrio Magnoli é o porta-voz maior do que a direita brasileira tem de pior, ainda que seus artigos não resistam a uma análise crítica.

Agora, a nova cruzada moral recebe, além dos já conhecidos defensores dos “valores civilizatórios”, nomes como Ferreira Gullar e João Ubaldo Ribeiro. A raiva com que escrevem poderia ser canalizada para causas bem mais nobres se ambos não se deixassem cativar pelo canto da sereia. Eles assumiram a construção midiática do escândalo, e do que chamam de degenerescência moral, com o fato. E, porque estão convencidos de que o país está em perigo, de que o ex-presidente Lula é a encarnação do mal, e de que o PT deve ser extinguido para que o país sobreviva, reproduzem a retórica dos conglomerados de mídia com uma ingenuidade inconcebível para quem tanto nos inspirou com sua imaginação literária.

Ferreira Gullar e João Ubaldo Ribeiro fazem parte agora daquela intelligentsia nacional que dá legitimidade científica a uma insidiosa prática jornalística que tem na Veja sua maior expressão. Para além das divergências ideológicas com o projeto político do PT – as quais eu também tenho -, o discurso político que emana dos colunistas dos jornalões paulistanos/cariocas impressiona pela brutalidade. Os mais sofisticados sugerem que a exemplo de Getúlio Vargas, o ex-presidente Lula cometa suicídio; os menos cínicos celebraram o “câncer” como a única forma de imobilizá-lo. Os leitores de tais jornais, claro, celebram seus argumentos com comentários irreproduzíveis aqui.

Quais os limites da retórica de ódio contra o ex-presidente metalúrgico? Seria o ódio contra o seu papel político, a sua condição nordestina, o lugar que ocupa no imaginário das elites? Como figuras públicas tão preparadas para a leitura social do mundo se juntam ao coro de um discurso tão cruel e tão covarde já fartamente reproduzido pelos colunistas de sempre? Se a morte biológica do inimigo político já é celebrada abertamente – e a morte simbólica ritualizada cotidianamente nos discursos desumanizadores – estaríamos inaugurando uma nova etapa no jornalismo lombrosiano?

Para além da nossa condenação aos crimes cometidos por dirigentes dos partidos políticos na era Lula, os textos de Demétrio Magnoli , Marco Antonio Villa, Ricardo Noblat , Merval Pereira, Dora Kramer, Reinaldo Azevedo, Augusto Nunes, Eliane Catanhede, além dos que agora se somam a eles, são fontes preciosas para as futuras gerações de jornalistas e estudiosos da comunicação entenderem o que Perseu Abramo chamou apropriadamente de “padrões de manipulação” na mídia brasileira. Seus textos serão utilizados nas disciplinas de ontologia jornalística não apenas com o exemplos concretos da falência ética do jornalismo tal qual entendíamos até aqui, mas também como sintoma dos novos desafios para uma profissão cada vez mais dominada por uma economia da moralidade que confere legitimidade a práticas corporativas inquisitoriais vendidas como de interesse público.

O chamado “mensalão” tem recebido a projeção de uma bomba de Hiroshima não porque os barões da mídia e os seus gatekeepers estejam ultrajados em sua sensibilidade humana. Bobagem! Tamanha diligência não se viu em relação à série de assaltos à nação empreendidos no governo do presidente sociólogo! A verdade é que o “mensalão” surge como a oportunidade histórica para que se faça o que a oposição – que nas palavras de um dos colunistas da Veja “se recusa a fazer o seu papel” – não conseguiu até aqui: destruir a biografia do presidente metalúrgico, inviabilizar o governo da presidenta Dilma Rousseff e reconduzir o projeto da elite "sudestina" ao Palácio do Planalto.

Minha esperança ingênua e utópica é que o Partido dos Trabalhadores aprenda a lição e leve adiante as propostas de refundação do país abandonadas com o acordo tácito para uma trégua da mídia. Não haverá trégua, ainda que a nova ministra da Cultura se sinta tentada a corroborar com o lobby da Folha de S. Paulo pela lei dos direitos autorais, ou que o governo Dilma continue derramando milhões de reais nos cofres das organizações Globo e Abril via publicidade oficial. Não é o PT, o Congresso Nacional ou o governo federal que estão nas mãos da mídia.

Somos todos reféns da meia dúzia de jornais que definem o que é notícia, as práticas de corrupção que merecem ser condenadas, e, incrivelmente, quais e como devem ser julgadas pela mais alta corte de Justiça do país. Na última sessão do julgamento da ação penal 470, por exemplo, um furioso ministro-relator exigia a distribuição antecipada do voto do ministro-revisor para agilizar o trabalho da imprensa (!). O STF se transformou na nova arena midiática onde o enredo jornalístico do espetáculo da punição exemplar vai sendo sancionado.

Depois de cinco anos morando fora do país, estou menos convencido por que diabos tenho um diploma de jornalismo em minhas mãos. Por outro lado, estou mais convencido de que estou melhor informado sobre o Brasil assistindo à imprensa internacional. Foi pelas agências de notícias internacionais que informei aos meus amigos no Brasil de que a política externa do ex-presidente metalúrgico se transformou em tema padrão na cobertura jornalística por aqui. Informei-lhes que o protagonismo político do Brasil na mediação de um acordo nuclear entre Irã e Turquia recebeu atenção muito mais generosa da mídia estadunidense, ainda que boicotado na mídia nacional. Informei-lhes que acompanhei daqui o presidente analfabeto receber o título de doutor honoris causa em instituições européias, e avisei-lhes que por causa da política soberana do governo do presidente metalúrgico, ser brasileiro no exterior passou a ter uma outra conotação. O Brasil finalmente recebeu um status de respeitabilidade e o presidente nordestino projetou para o mundo nossa estratégia de uma America Latina soberana.

Meus amigos no Brasil são privados do direito à informação e continuarão a ser porque nem o governo federal nem o Congresso Nacional estão dispostos a pagar o preço por uma “reforma” em área tão estratégica e tão fundamental para o exercício da cidadania. Com 70% de aprovação popular, e com os movimentos sociais nas ruas, Lula da Silva não teve coragem de enfrentar o monstro e agora paga caro por sua covardia.Terá a Dilma coragem com aprovação semelhante, ou nossa meia dúzia de Murdochs seguirão intocáveis sob o manto da liberdade de e(i)mprensa?

(*) Jaime Amparo Alves é jornalista, doutor em Antropologia Social, Universidade do Texas em Austin – amparoalves@gmail.com

Fonte: Sul21 / Pragmatismo Político
O Ódio e o Espelho
Lula foi um retirante nordestino.
Foi operário metalúrgico.
Líder sindical.
Um dos fundadores do PT.
Deputado constituinte em 1988.
Presidente da Republica em dois mandatos.
Fez seu sucessor.
Teve , e tem a aprovação da maioria do povo brasileiro.
É reconhecido em todo o mundo como um líder.
Minimizou as drámaticas desigualdades sociais no país.
Lula não é do grupo das elites brasileiras.
Não governou apenas, para as elites
Gosta de festas juninas e futebol
Chora em público.
É um excelente orador.
Tem uma inteligência privilegiada.
Fala com o povo e para o povo.
É de um partido de esquerda.
Não é sociólogo, formado em faculdade.
Imagine, agora, uma elite que ainda tem suas raízes em uma casa grande com tons de verde oliva ?
Uma elite, que engatinha pelos caminhos de uma democracia  ainda jovem.
Imagine, você, caro leitor, uma elite que vivenciou o ressurgimento da democracia no Brasil ao mesmo tempo em que o muro de Berlim desabava, junto com o socialismo real e o capitalismo reinava soberano.
Imagine essa elite que não suporta qualquer alternativa popular, vivendo um período em que governava absoluta.
Imagine uma elite sempre de quatro para os interesses externos e que vê o país e o povo como sub pessoas , subalternos, neo escravos que devem apenas se contentar com pão e circo.
Imagine uma elite que tem em seu dna a vergonha de ser o último país a abondanar a escravidão.
Imagine uma elite separatista, provinciana, que acredita que o seu trabalho só pode render frutos em sua região.
Imagine uma elite que não gosta de pagar impostos, pois estaria subsidiando sub pessoas, preguiçosos, incompetentes e gente vulgar.
Imagine uma elite que rejeita a cultura popular.
Imagine uma elite que rejeita pretos e índios.
Imagine uma elite que defende que o país tenha sempre um papel subalterno, de fornecedor de matérias -primas.
Imagine uma elite que defende que a educação, assim como a saúde devem ser de qualidade somente para aqueles que podem pagar por esses serviços.
Imagine uma elite que acredia que a inicativa privada pode suprir todas as necessidades do país.
Imagine uma elite que acredita que o estado é um impecílio para o desenvolvimento.
Imagine uma elite que defende que governos sejam apenas balcões de negócios para que seus interesses sejam atendidos.
Imaginou ?
Essa é a elite brasileira. Agora você pode, em parte e como ponto de partida, entender o ódio por Lula ,Dilma e o PT.
Como vencedores, sim , Lula, Dilma e o PT são vencedores, isso é inaceitável para os membros do principado do sudeste.
Uma transferência de poder, ainda que limitada, não estava nos planos dos membros do principado.
O povo trabalhando, sendo incluido na sociedade, viajando de avião ( ainda em companhia das elites) é percebido pelos senhores e senhoras do principado como um rebaixamento de seus status.
Onde esse gentio quer chegar ?, questionam sempre os senhores e senhoras da elite.
Lula proporcionou essa inclusão, mesmo com a carta ao povo brasileiro, dentro dos padrões macroeconômicos.
A possibilidade, real e concreta, de que se sintam como brasileiros durante todos os anos, e não apenas em momentos de copa do mundo de futebol , faz com que as elites entrem em desespero.
Lula apontou o espelho para eles.
O maior problema das elites, e é um problema grave e desagregador da sociedade, é que eles não se identificam com as raízes e cultura do país, mas, por outro lado, não são aceitos culturalmente como aquilo que gostariam de ser em relação a outros povos e culturas.
No que são, rejeitam. No que desejam ser, não o são.
Assim sendo vivem em um profundo complexo de identidade que se agravou com a chegada, vitoriosa, do PT e Lula , ou seja do povo, ao poder. 
O ódio pode ser , em parte, compreendido desta forma, já que se veem como o que são : Nada nadando em dinheiro.
Por outro lado, o poder no Brasil sempre foi fonte de enriquecimento ilícito e de favores para os mesmos de sempre, as elites, e com Lula essa gente não largou o osso , mas teve algum trabalho para roer.
E se o povo quiser mais do que vem conseguindo ? Onde vamos parar ? Devem se perguntar diariamente as senhoras e senhores do principado do sudeste.
A ódio não pode ser explicado por apenas um caminho, mas o sucesso de Lula, do povo, é inaceitável.
Foram tantos anos de estudo , no Brasil e no exterior, e um operário que nem o inglês fala, como disse o dono do jornal Folha de SP, vem ensinar para todos nós, os senhores do principado, o caminho certo ?
Não sabe o pobre menino do jornal que a cultura e o conhecimento são construídas pela vida, e recursos financeiros de família muito contribuem para isso, mas a inteligência e até mesmo a genialidade, não escolhem o berço para se manifestar.
São muitos, talvez milhares, os doutores cultos mas de limitadas conexões em suas sinapses.
O ódio pode ser entendido como um encontro deles mesmos com suas realidades, negadas por séculos.

O Medo da Democracia

 O Medo da Democracia

 

Leandro Fortes: Saudades de 1964

publicado em 26 de dezembro de 2012 às 10:11

por Leandro Fortes, na CartaCapital, reproduzido pelo site do IHU
Em 1º de março de 2010, uma reunião de milionários em luxuoso hotel de São Paulo foi festejada pela mídia nacional como o início de uma nova etapa na luta da civilização ocidental contra o ateísmo comunista e a subversão dos valores cristãos. Autodenominado 1º Fórum Democracia e Liberdade de Expressão, o evento teve como anfitriões três dos maiores grupos de mídia nacional: Roberto Civita, dono da Editora Abril, Otávio Frias Filho, da Folha de S.Paulo, e Roberto Irineu Marinho, da Globo.
O evento, que cobrou dos participantes uma taxa de 500 reais, foi uma das primeiras manifestações do Instituto Millenium, organização muito semelhante ao Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes), um dos fomentadores do golpe de 1964.
Como o Ipes de quase 50 anos atrás, o Millenium funda seus princípios na liberdade dos mercados e no medo do “avanço do comunismo”, hoje personificado nos movimentos bolivarianos de Hugo Chávez, Rafael Correa e Evo Morales. Muitos de seus integrantes atuais engrossaram as marchas da família nos anos 60 e sustentaram a ditadura. Outros tantos, mais jovens, construíram carreiras, principalmente na mídia, e ganharam dinheiro com um discurso tosco de criminalização da esquerda, dos movimentos sociais, de minorias e contra qualquer política social, do Bolsa Família às cotas nas universidades.
Há muitos comediantes no grupo.
No seminário de 2010, o “democrata” Arnaldo Jabor arrancou aplausos da plateia ao bradar: “A questão é como impedir politicamente o pensamento de uma velha esquerda que não deveria mais existir no mundo?” Isso, como? A resposta é tão clara como a pergunta: com um golpe. No mesmo evento brilhou Marcelo Madureira, do Casseta & Planeta. Como se verá ao longo deste texto, há um traço comum entre vários “especialistas” do Millenium: muitos se declaram ex-comunistas, ex-esquerdistas, em uma tentativa de provar que suas afirmações são fruto de uma experiência real e não da mais tacanha origem conservadora.
Madureira não foge à regra: “Sou forjado no pior partido político que o Brasil já teve”, anunciou o “arrependido”, em referência ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), o velho Partidão. Após a autoimolação, o piadista atacou, ao se referir ao governo do PT de então: “Eu conheço todos esses caras que estão no poder, eram os caras que não estudavam”. Eis o nível.
O símbolo do Millenium é um círculo de sigmas, a letra grega da bandeira integralista, aquela turma no Brasil que apoiou os nazistas. Jabor e Madureira estão perfilados em uma extensa lista de colaboradores no site da entidade, quase todos assíduos freqüentadores das páginas de opinião dos principais jornais e de programas na tevê e no rádio. Montado sob a tutela do suprassumo do pensamento conservador nacional e financiado por grandes empresas, o instituto vende a imagem de um refinado clube do pensamento liberal, uma cidadela contra a barbárie. Mas a crítica primária e o discurso em uníssono de seus integrantes têm pouco a oferecer além de uma narrativa obscura da política, da economia e da cultura nacional.
Replica, às vezes com contornos acadêmicos, as mesmas ideias que emanam do carcomido auditório do Clube Militar, espaço de recreação dos oficiais de pijama.
Meio empresa, meio quartel, o Millenium funciona sob uma impressionante estrutura hierárquica comandada e financiada por medalhões da indústria. Baseia-se na disseminação massiva de uma ideia central, o liberalismo econômico ortodoxo, e os conceitos de livre-mercado e propriedade privada. Tudo bem se fosse só isso. No fundo, o discurso liberal esconde um freqüente flerte com o moralismo udenista, o discurso golpista e a des qualificação do debate público.
Criado em 2005 com o curioso nome de “Instituto da Realidade”, transformou-se em Millenium em dezembro de 2009 após ser qualificado como Organização Social de Interesse Público (Oscip) pelo Ministério da Justiça. Bem a tempo de se integrar de corpo e alma à campanha de José Serra, do PSDB, nas eleições presidenciais de 2010. Em pouco tempo, aparelhado por um batalhão de “especialistas”, virou um bunker antiesquerda e principal irradiador do ódio de classe e do ressentimento eleitoral dedicado até hoje ao ex-presidente Lula.
O batalhão de “especialistas” conta com 180 profissionais de diversas áreas, entre eles, o jornalista José Nêumanne Pinto, o historiador Roberto DaMatta e o economista Rodrigo Constantino, autor do recém-lançado Privatize Já. A obra é um libelo privatizante feito sob encomenda para se contrapor ao livro A Privataría Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr., sobre as privatizações nos governos de Fernando Henrique Cardoso que beneficiaram Serra e seus familiares. E não há um único dos senhores envolvidos com as privatizações dos anos 1990 que hoje não nade em dinheiro.
Os “especialistas” são todos, curiosamente, brancos. Talvez por conta da adesão furiosa da agremiação aos manifestantes anticotas raciais. A tropa é comandada pelo jornalista Eurípedes Alcântara, diretor de redação da revista Veja, publicação onde, semanalmente, o Millenium vê seus evangelhos e autos de fé renovados. Alcântara é um dos dois titulares do Conselho Editorial da entidade. O outro é Antonio Carlos Pereira, editorialista de O Estado de S. Paulo.
Alcântara e Pereira não são presenças aleatórias, tampouco foram nomeados por filtros da meritocracia, conceito caríssimo ao instituto. A dupla de jornalistas representa dois dos quatro conglomerados de mídia que formam a bússola ideológica da entidade, a Editora Abril e o Grupo Estado. Os demais são as Organizações Globo e a Rede Brasil Sul (RBS).
O Millenium possui uma direção administrativa formada por dez integrantes, entre os quais destaca-se a diretora-executiva Priscila Barbosa Pereira Pinto. Embora seja a principal executiva de um instituto que tem entre suas maiores bandeiras a defesa da liberdade de imprensa e de expressão — e à livre circulação de ideias Priscila Pinto não se mostrou muito disposta a fornecer informações a CartaCapital. A executiva recusou-se a explicar o formidável organograma que inclui uma enorme gama de empresas e empresários.
Entre os “mantenedores e parceiros”, responsáveis pelo suporte financeiro do instituto, estão empresas como à Gerdau, a Localiza (maior locadora de veículos do País) e a Statoil, companhia norueguesa de petróleo. No “grupo máster” aparece a Suzano, gigante nacional de produção de papel e celulose. No chamado “grupo de apoio” estão a RBS, o Estadão e o Grupo Meio & Mensagem.
Há ainda uma lista de 25 doadores permanentes, entre os quais, se incluem o vice-presidente das Organizações Globo, João Roberto Marinho, o ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga e o presidente da Coteminas, Josué Gomes da Silva, filho do falecido empresário José Alencar da Silva, vice-presidente da República nos dois mandatos de Lula. O organograma do clube da reação possui também uma “câmara de fundadores e curadores” (22 integrantes, entre eles o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco e o jornalista Pedro Bial), uma “câmara de mantenedores” (14 pessoas) e uma “câmara de instituições” com nove membros. Gente demais para uma simples instituição sem fins lucrativos.
Uma das atividades fundamentais é a cooptação, via concessão de bolsas de estudo no exterior, de jovens jornalistas brasileiros. Esse trabalho não é feito diretamente pelo instituto, mas por um de seus agregados, o Instituto Ling,mantido pelo empresário William Ling, dono da Petropar, gigante do setor de petroquímicos. Endereçado a profissionais com idades entre 24 e 30 anos, o programa “Jornalista de Visão” concede bolsas de mestrado ou especialização em universidades dos Estados Unidos e da Europa a funcionários dos grupos de mídia ligados ao Millenium.
Em 2010, quando o programa se iniciou, cinco jornalistas foram escolhidos, um de cada representante da mídia vinculada ao Millenium: Época (Globo), Veja (Abril), O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo e Zero Hora (RBS). Em 2011, à exceção de um repórter do jornal A Tarde, da Bahia, o critério de escolha se manteve. Os agraciados foram da Época (2), Estadão (1), Folha (2), Zero Hora (1) e revista Galileu (1), da Editora Globo. Neste ano foram contemplados três jornalistas do Estadão, dois da Folha, um da rádio CBN (Globo), um da Veja, um do jornal O Globo e um da revista Capital Aberto, especializada em mercado de capitais.
Para ser escolhido, segundo as diretrizes apresentadas pelo Instituto Ling, o interessado não deve ser filiado a partidos políticos e demonstrar “capacidade de liderança, independência e espírito crítico”. Os aprovados são apresentados durante um café da manhã na entidade, na primeira semana de agosto, e são obrigados a fazer uma espécie de juramento: prometer trabalhar “pelo fortalecimento da imprensa no Brasil, defendendo os valores de independência, democracia, economia de mercado, Estado de Direito e liberdade”.
O Millenium investe ainda em palestras, lançamentos de livros e debates abertos ao público, quase sempre voltados para assuntos econômicos e para a discussão tão obsessiva quanto inútil sobre liberdade de imprensa e liberdade de expressão. Todo ano, por exemplo, o Millenium promove o “Dia da Liberdade de Impostos” e organiza os debates “Democracia e Liberdade de Expressão”. Entre os astros especialmente convidados para esses eventos estão Marcelo Tas, da Band, e Diogo Mainardi e Reinaldo Azevedo, ambos de Veja. Humoristas jornalistas. Ou vice-versa.
O que toda essa gente faz e quanto cada um doa individualmente é mantido em segredo. Apesar da insistência de CartaCapital, a diretora-executiva Priscila Pinto mandou informar, via assessoria de imprensa, que não iria fornecer as informações requisitadas pela reportagem. Limitou-se a enviar nota oficial com um resumo da longa apresentação reproduzida na página eletrônica do Millenium sobre a missão do instituto. Entre eles, listado na rubrica “código de valores”, consta a premissa da transparência, voltada para “possibilidade de fiscalização pela sociedade civil e imprensa”. Valores, como se vê, bem flexíveis.
Josué Gomes e Gerdau também não atenderam aos pedidos de entrevista. O silêncio impede, no caso do primeiro, que se entenda o motivo de ele contribuir com um instituto cuja maioria dos integrantes sistematicamente atacou o governo do qual seu pai não só participou como foi um dos mais firmes defensores. E se ele é contra, por exemplo, a redução dos juros brasileiros a níveis civilizados. O industrial José Alencar passou os oito anos no governo a reclamar das taxas cobradas no Brasil. A turma do Millenium, ao contrário, brada contra o “intervencionismo estatal” na queda de braço entre o Palácio do Planalto e os bancos pela queda nos spreads cobrados dos consumidores finais.
No caso de Gerdau, seria interessante saber se o empresário, integrante da câmara de gestão federal, concorda com a tese de que a tentativa de redução no preço de energia é uma “intervenção descabida” do Estado, tese defendida pelo instituto que ele financia. Gerdau e Josué se perfilam, de forma consciente ou não, ao Movimento Endireita Brasil,defensor de teses esdrúxulas como a de que os militares golpistas de 1964 eram todos de esquerda.
O que há de transparência no Millenium não vem do espírito democrático de seus diretores, mas de uma obrigação legal comum a todas as ONGs certificadas pelo Ministério da Justiça. Essas entidades são obrigadas a disponibilizar ao público os dados administrativos e informações contábeis atualizadas. A direção do instituto se negou a informar à revista os valores pagos individualmente pelos doadores, assim como não quis discriminar o tamanho dos aportes financeiros feitos pelas empresas associadas.
A contabilidade disponível no Ministério da Justiça, contudo, revela a pujança da receita da entidade, uma média de 1 milhão de reais nos últimos dois anos. Em três anos de funcionamento auditados pelo governo (2009, 2010 e 2011), o Millenium deu prejuízos em dois deles.

Em 2009, quando foi certificado pelo Ministério da Justiça, o instituto conseguiu arrecadar 595,2 mil reais, 51% dos quais oriundos de doadores pessoas físicas e os demais 49% de recursos vindos de empresas privadas.
Havia então quatro funcionários remunerados, embora a direção do Millenium não revele quem sejam, nem muito menos quanto recebem do instituto. Naquele ano, a entidade fechou as contas com prejuízo de 8,9 mil reais.

Em 2010, graças à adesão maciça de empresários e doadores antipetistas em geral, a arrecadação do Millenium praticamente dobrou. A receita no ano eleitoral foi de 1 milhão de reais, dos quais 65% vieram de doações de empresas privadas. O número de funcionários remunerados quase dobrou, de quatro para sete, e as contas fecharam no azul, com superávit de 153,9 mil reais.
Segundo as informações referentes ao exercício de 2011, a arrecadação do Millenium caiu pouco (951,9 mil reais) e se manteve na mesma relação porcentual de doadores (65% de empresas privadas, 35% de doações de pessoas físicas). O problema foi fechar as contas. No ano passado, a entidade amargou um prejuízo de 76,6 mil reais, mixaria para o volume de recursos reunidos em torno dos patrocinadores e mantenedores. Apenas com verbas publicitárias repassadas pelo governo federal, a turma midiática do Millenium faturou no ano passado 112,7 milhões de reais.


A inspiração
O Ipes e o Ibad reuniram a fina flor da reação ao governo João Goulart e foram a base dos movimentos que lançaram o Brasil em 21 anos de escuridão e atraso

As duas fontes de inspiração do Millenium datam do fim dos anos 1950, início dos 60.
Fundado em 1959, o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (Ibad) foi criado por anticomunistas financiados pela Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos, a CIA, como o primeiro núcleo organizado do golpismo de direita nacional.
0 Ibad serviu de inspiração para a instalação, dois anos depois, do Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes), responsável pelo aparato midiático e propagandístico que viabilizou o golpe de 1964.

Tanto o Ibad quanto o Ipes serviram, como o Millenium, para organizar um fórum multidisciplinar, com forte financiamento empresarial, calcado no anticomunismo e na ideia de que o Brasil, como o mundo, estava prestes a cair na mão dos subversivos.
À época os alvos eram João Goulart, Fidel Castro e Cuba.
Os institutos serviram ainda como central de financiamento, produção e difusão de programas de rádio, televisão e textos reproduzidos em jornais por todo o País. 0 material era anticomunista até a raiz e, como hoje, tinha como objetivo disseminar o medo entre a população e angariar simpatia para os golpistas, anunciados como salvadores da pátria ameaçada pelos ateus e baderneiros socialistas.
Em 1962, a farra de dinheiro em torno do Ibad, sobretudo recursos vindos do exterior, começou a irrigar campanhas eleitorais e obrigou o Congresso Nacional a tomar uma atitude. Um ano depois, uma CPI foi instalada na Câmara dos Deputados para investigar a origem do financiamento. Apesar de boa parte da documentação do instituto ter sido queimada antes da ação policial, ainda assim foi possível constatar um sem-número de doações iiegais captadas pela entidade, principalmente  de empresas norte-americanas.
Em 1963, com base nas conclusões da CPI, o presidente João Goulart conseguiu dissolver o Ibad, mas era tarde demais.

Na cola de Jango continuava o Ipes, fincado na zona central do Rio de Janeiro, como o Millenium. Enquanto o Ibad se desfazia, o Ipes, presidido pelo general Golbery do Couto e Silva, conseguiu integrar os movimentos sociais ligados à direita e estendeu seus tentáculos até São Paulo. Golbery agregou à entidade mais de 300 empresas financiadoras, inclusive alguns dos gigantes econômicos da época, como a Refinaria União, a companhia energética Light, a companhia aérea Cruzeiro do Sul e as Listas Telefônicas Brasileiras.
Assim como o Millenium, o Ipes reunia empresários, jornalistas, intelectuais e políticos, principalmente da conservadora UDN. Durante a ditadura, o instituto ficou responsável pela produção de documentários ufanistas. Fechou as portas em 1972, quando os generais da linha-dura decidiram que não precisavam mais de linhas auxiliares para manter o regime de pé.

O Amigo da Onça


A direita saindo do armário.
Assim como há 50 anos atrás a direita se organiza para tentar mais um golpe.  Nos distantes anos da década de 1960, a preocupação da direita da época, hoje representada pelos filhos, era o comunismo , já que vivíamos na guerra fria.
Atualmente o comunismo não é ameaça e a democracia se consolida no mundo através da exportação, como declarou Bush II.
Então, qual a ameaça ?
A ameaça, que a direita do milleniun tanto fala ,não existe. Assim como as notícias da grande imprensa são produtos de criação das redações, a ameaça para que a direita destile ódio em seus encontros, também é um produto de grupos de direita como o mileniuun.
Alega, esse grupo da direita, que o bolivarianismo é uma ameaça aos seus interesses. Tal declaração chega a ser ridícula. A Venezuela é o país onde todas as decisões são tomadas pelo povo, em eleições, plebiscistos e referendus, em um claro avanço da democracia participativa.
Seria esse o medo , a ameaça, que a direita mileniun brasileira tanto teme ?
Certamente que sim. Essas organizações e pessoas reunidas sob a rubrica de mileniun, são historicamente avessas a qualquer democracia. Se dizem democráticos e defensores das liberdades, principalmente de expressão, mas na pŕatica são anti democracia e contrários a existência de quaisquer vozes contrárias a sua ideologia.
No momento que a América do Sul avança no processo democrático, eles, a direita mileniun,  criam falsas ameaças para inviabilizar a democracia e as conquistas populares. A direita mileniun não gosta de democracia, não gosta do povo, não gosta de pluralidade. Aliás em seus encontros, como relatou o autor do artigo, não existem pretos. O mileniun não gosta de pretos.
Fazem parte do instituo dos golpes vários artistas sempre presentes nos programas de tv. O entretenimento, na tv, também é uma ferramenta para disseminar os valores do mileniun, seja através da dramaturgia, do humor ou mesmo de programas de auditório, já que o jornalismo tem se mostrado cada vez mais irrelevante e uma parcela da população ainda se deixa levar pelos valores embutidos na programação de entretenimento.
Assim, figuras como Marcelo Madureira, do casseta&planeta, Marcelo Tas, do cqc, Pedro Bial e outros contribuem , com a sua visibilidade para disseminar os valores do mileniun. Além desses Nelson Mota, Carlos Vereza, Arnaldo Jabor também estão sempre presentes nas mídias em apoio a causa.  Orbitando frequentemente esse grupo podem ser vistos Ronaldo, ex jogador de futebol, Jô Soares, Luciano Huck, Caetano Veloso e outros.
Na esteira saudosista de 1964 a Tradição, Família e Propriedade hoje soam um tanto ridículas como bandeiras golpistas.
No tocante a família, o instrumento com grande poder de desagregação é a própria mídia, e não os valores democráticos dos governos populares. Haja visto a campanha empreendida pela mídia em não aceitar a classificação indicativa para programas de tv, principalmente para crianças, em total desrespeito ao estatuto da criança e do adolescente. Cabe lembrar que nas democracias civilizadas, onde a mídia foi domesticada, a classificação indicativa de programas de tv é amplamente aceita.
No tocante a propriedade não há o menor risco para os proprietários, mesmo se o governo fizesse a reforma agrária e o estado brasileiro marca sua presença em setores da economia onde o peso estratégico é significativo.
Atualmente, mais precisamente na semana do natal, o isntituo data folha produziu uma pesquisa que foi amplamente alardeada pela mídia. A pesquisa afirmava que o brasileiro é conservador.
 Você acha, caro leitor ?
 O brasileiro pode ser extremamente conservador no momento de responder perguntas sobre pesquisa de opinião sobre o conservadorismo.Aí, com certeza , ele será o maior dos conservadores e em seguida , dará uma entrevista para uma emissora de tv, completamente nu, falando sobre sua fantasia naquele momento. A verdade do brasileiro não está no que ele diz, mas sim no que ele faz. Atualmente ele está em uma cruzada contra a corrupção. Ele nunca foi tão ético como agora.
No tocante a um golpe de estado, o perigo se concentra em um golpe jurídico, a exemplo do que ocorreu em Honduras e no Paraguai, e também no Brasil por ocasião do julgamento da ação penal 470 que foi escancaradamente conduzida pela mídia mileniun. Aí sim existe um perigo real. No mais apenas manifestações cômicas como " Cansei" podem ocorrer. Aliás, hoje, o jornal folha de SP pede uma ampla reforma em tudo no país. Reforma para onde, cara pálida ? Seria uma volta para os anos da década de 1990 ? O delírio está no ar. Alías dos anos da década de 1990, de importante, mesmo, somente as manifestações supostamente artísticas  que trouxeram novas  formas e entendimentos sobre essa figura complexa que é o brasileiro. A explosão, na decada do grupo musical  " É O Tchan " , com sua bailarinha de short curto e movimentos frenéticos e sugestivos da região pélvica, foi um fenômeno nacional. Mereceu , inclusive , um belo artigo de L. F. Verísssimo, com o seguinte título; " Era o que Estávamos Esperando". A década do neoliberalismo, onde o país quebrou três vezes, com o sociológo a frente foi também marcada por um acontecimenhto aguardado desde tempos imemoriais por todos os brasileiros. Tal acontecimento foi o que de melhor simbolizou o que aconteceu com o povo brasileiro durante aqueles anos de governo tucano. Folha, a reforma que o país precisa, de fato e com urgência, é de um novo marco para as comunicações no país.
Como escreveu o autor, o instituto mileniun é a versão contemporânea, mas jamais moderna, dos golpistas do passado. Enquanto ancorada no saudosismo golpista daqueles anos, e atualmente repleta de humoristas, a versão mileniun poderia trazer como mascote o personagem amigo da onça.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

O Povo Não É Bobo


O   POVO  NÃO  É  BOBO






*A AGENDA POLÍTICA DO ANO NOVO:

TARSO GENRO: O ESQUEMÃO NÃO DEU CERTO
"O 'esquema' visivelmente não deu certo: Dilma, Lula e o PT, vão ganhar as eleições em 2014 pelo que já legaram ao país. Com isso, não estou dizendo que o Poder Judiciário entrou em algum esquema previamente concebido, mas que foi devidamente instrumentalizado e "aceitou" esta instrumentalização ora falida.Trata-se, agora, nós da esquerda e do PT, de nos prepararmos para as próximas eleições de 2014 com Dilma, mas inaugurando uma nova estratégia. Descortinando -já a partir das próximas eleições presidenciais- os traços largos e os largos braços de um programa destinado a reestruturar a democracia brasileira, para mais democracia com participação cidadã, mais transparência com as novas tecnologias infodigitais, mais combate às desigualdades sociais e regionais. Sobretudo partindo da compreensão que todos "querem mais da vida do que pão e manteiga". (Tarso Genro; leia a análise nesta pág.)  Publicado em Carta Maior em 24.12.12.



A HORA E A VEZ DE RADICALIZAR NA DEMOCRACIA PARTICIPATIVA


O governador Genro foi direto ao ponto.

O esquema criado pelas oposições e a grande imprensa utilizou o Poder Judiciário como ferramenta para , mais uma vez, tentar eliminar o PT e seus principais quadros.
Entretanto, isso não elimina a possibilidade, real, de existir no Judiciário sob os holofotes atuais, quadros simpáticos a ação das oposições e da grande imprensa.
Independente de algumas molecagens , até mesmo de Procuradores da República, e exibições  de togados diante  das generosas cameras do partido da grande mídia,  a ação foi colocada em prática.
Isso abre um espaço para outras ações, no caso pelo governo.

O discurso dominante na grande imprensa, e também nas oposições, neste momento de pós julgamento da ação penal 470, exalta o surgimento de um novo marco no país, onde a ética , a justiça e a transparência são palavras usadas a exaustão. Fala-se , inclusive, em heróis no judiciário por terem cumprido o seu dever. Há também um lado cômico neste momento de desespero da grande imprensa.

Em sendo assim, como bem colocou o governador Genro, cabe ao PT abraçar e expandir o novo marco que tanto a imprensa exalta.

De início reestruturar a democracia brasileira radicalizando o  processo democrático com ampla , total e irrestrita participação cidadã. A cidade de São Paulo, pode  e deve, ser o motor dessa nova fase, implementando o orçamento participativo  e criando espaços para a participação da população nas decisões do governo. e radicalizando na democracia participativa.

Cabe, e deve, ao PT implementar mídias , inicialmente impressas, de amplo  alcance no território nacional de maneira a introduzir novas visões da realidade do país. Cabe também, ao atual governo, em consonância com a nova fase do país tão alardeada pela grande imprensa, regulamentar os artigos da constituição que dizem respeito a democratização dos meios de comunicação.

Todas as ações do governo , assim como de empresas e instiutições envolvidas  de alguma forma com o estado brasileiro, devem ser motivo de ampla transparência, principalmente por meio das mídias digitais.

E por fim, mas sem esgotar o assunto, o combate às desigualdades sociais e regionais deve ser impulsionado. Em alguns casos, as experiêcnias de vizinhos latino americanos podem ser utilizadas na realidade brasileira. Como exemplo o caso da Venezuela que diariamente fornece 100 mil barris de petróleo para Cuba e em troca recebe os serviços de profissionais em alfabetização, saúde pública , emgenharia, defesa e outros . No caso brasileiro, os profisssionais cubanos , na área social, medicina e organização comunitária poderiam prestar relevantes e importantes serviços ao pais em regiões de alto risco social, contribuindo na consolidação do programa Brasil Sem Miséria.

São oportunidades extraordinárias que o governo brasileiro não pode deixar ao lado. Nesses casos praticar o comércio justo.

Como bem colocou o governador Genro, traços largos e largos braços para muito além de uma política de consumo interno.

Para começar o ano novo que se inicia, de volta para as ruas.