segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A Imprensa Que Impede o Processo Civilizatório


A Imprensa que Impede o Processo Civilizatório




Existem caminhos em que não se pode voltar. A democratização dos meios de comunicação é um deles. A história da imprensa na América Latina, em sua maioria, sempre esteve ao lado, no colo, a reboque, em defesa dos interesses dos endinheirados dos países do continente. Essa imprensa , sempre se posicionou, claramente, no campo ideológico da direita, sendo que alguns veículos de mídia, e não são poucos, apoiavam, e ainda apoiam, ideias daquilo que se convencionou chamar de extrema direita. Isso é fato, histórico, e corresponde a realidade atual. A democracia  nos países do continente sofreu um duro golpe, um assassinato, nos anos das décadas de 1960 e 1970.  A utopia libertária e democrática daqueles anos foi interrompida em vários países. Foram os golpes militares, as quarteladas de generais empolgados com a possibilidade de terem , também, cartões de crédito do mundo capitalista, mesmo que para isso derrubassem , com a força, governos democráticos e legítimos. Claro que tudo isso foi patrocinado pelos EUA e sua patética agência de inteligência.  A maioria das mídias da América Latina apoiou os golpes de estado. Isso também é fato. Com os governos dos militares dos óculos escuros, talvez não tivessem colírio,
o assustador fantasma do comunismo não teria espaço na América Latina. " Dias gloriosos e democracia teremos pela frente" escreveu Roberto Marinho no editorial do O Globo de 01/04/64 logo após o golpe. O estrago dos golpes de estado se fizeram sentir até os dias atuais, causando um grande retrocesso. Com o esgotamento dos regimes militares na região com suas baixas popularidades, se fazia necessário uma transição para democracia, que por sua vez deveria estar sempre controlada para evitar "excessos" de liberdade democrática para o povo. Assim começavam a surgir , já na década de 1980, os primeiros presidentes eleitos pelo voto direto na região. Quase todos alinhados com o ideário capitalista e responsáveis por reintorduzir nos países da região a democracia segura. Com estes presidentes, e com essa "nova democracia", estavam os meios de comunicação e a imprensa, alardeando a democracia e a "liberdade". Não havia mais espaço para golpes de estado com generais e armas de guerra. A democracia e civilidade não mais permitiriam violências explícitas. Por baixo das panos a violência continuava a mesma, assim como o assalto a democracia. Reintroduzida a "festa da democracia", o voto livre e direto , o período de transição terminou e chegou a "salvação ideológica" também conhecida como neoliberalismo. Ao lado desse pensamento, que hoje sabemos que é delirante, estava a imprensa da região , apoiando todos aqueles que defendiam um modelo onde o povo ficava a margem de qualquer desenvovimento. Uma intensa propaganda foi colocada em prática no início e durante a década dos anos de 1990. ficando as esquerdas da região com pouco espaço  e voz. Era o Consenso de Washington, um acordo de submissão ao regime neoliberal. Ou, a democracia segura, sem riscos, para os poucos de sempre. Passados os anos da década de 1990, o neoliberalismo, que já fazia muita água, começou a afundar na região, com países quebrados , aumento da miséria , pobreza e desemprego galopante. Para desespero daqueles que criaram  a estratégia de conter a democracia, incluindo aí a imprensa, surgiam os primeros governos de esquerda, já no final da  década de 1990, mais precisamente com Hugo Chavez na Venezuela.  A reação foi imediata. Como nos velhos tempos, de dias gloriosas  como escreveu Roberto Marinho, uma tentativa de golpe ao estilo anos 60  aconteceu na Venezuela. A novidade foi a ampla e escancarada participação da imprensa daquele país,e também do continente, para consolidar o  golpe que, felizmente para a verdadeira democracia, fracassou. A partir da década de 2000, a maioria dos países da região passou a ser governada por governos de esquerda, o que desagradou a imprensa sulamericana, pois a "democracia ideal" estava saindo do controle. Sem generais e armas de fogo, novos atores entrariam em cena para uma nova modalidade de golpe de estado. Com as urnas falando para  esquerda, os generais no quartel, surgem, , na década de 2000 e 2010, a imprensa e o judiciário, como poderes de validação dos novos velhos golpes. Atentos ao perigoso movimento em curso na região, os governos verdadeiramente democráticos identificaram o problema e constataram que a legislação sobre os meios de comunicação nos países da região era uma das mais atrasadas do mundo democrático e favorecia a concentração de pequenos grupos que controlovam a informação na maioria dos países. Esse controle, vem tentando derrubar , ou inviabilizar os governos de esquerda na região. Democraticamente os governos vem aprovando novas leis para os meios de comunicação, em  que a pluralidade, a diversidade de visões sejam preservados e garantidas, para aqueles verdadeiramente democráticos.  Esse é o motivo da gritaria de Clarín, Globo e outros , escondidos em uma SIP, na tentativa de preservar , e ainda conter, qualquer avanço  civilizatório e democrático na região. Assim entendo, que a regulamentação dos meios de comunicação, aqui no Brasil é uma questão de tempo, pouco tempo, pois é um caminho sem volta, o caminho da democracia  que ainda estamos restaurando desde as violências cometidas na década de 1960.  Em paralelo, algo, de urgente, deve ser feito para civilizar o Judiciário.

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