terça-feira, 30 de outubro de 2012

O Cientista e o Feiticeiro

O Cientista e o Feiticeiro




E assim aconteceu mais uma eleição. Mais uma vez, como sempre ocorre em todas as vezes, candidatos se expandem em retóricas e sentimentalismos pela sedução do eleitor. A grande imprensa, através de seus especialistas, quase sempre os mesmos de outros anos produzindo as mesmas análises nitidamente liquefeitas em escolhas políticas pessoais,  solidifica tendências que na maioria dos casos se evaporam com os resultados das urnas. Os institutos de pesquisa de opinião, marcados por resultados de opiniões nada confiáveis em outras eleições, retiram sedimentos de opção política de suas análises em uma estratégia de sobrevivência. O cidadão tão desejado pelos truques voláteis dos publicitários nas propagandas políticas, caminha em um vai e vem pelas ruas das cidades produzindo um tráfico de veículos e pessoas específico, único, do dia do voto. Para alguns jornalistas é a festa da democracia, declaração sempre proferida por aqueles que viram seus candidatos serem derrotados. E assim aconteceu mais uma eleição. Como em toda eleição alguém perde e alguém ganha, e se espera que isso aconteça entre os partidos políticos e os candidatos aos cargos, afinal são, ou deveriam ser, os principais atores do espetáculo da democracia. Na prática a realidade é um pouco, ou até muito , diferente.  Na eleição de ontem, independente dos briosos candidatos, alguns translúcidos outros opacos, outros viscosos alguns fluidos, alguns mais concentrados outros tantos diluídos,  dois projetos estavam em disputa. Um representado pelo Partido dos Trabalhadores - PT - e sua base aliada e o outro representado pelos fragilizados partidos de oposição e sua base aliada, a grande imprensa. Na guerra violenta em que as eleições vem se transformando, em sintonia com outros aspectos da vida brasileira - relações interpessoais,  campeonatos de futebol, concorrência entre empresas, religiões, etc.. - o vale tudo é entendido como estratégia política e , até mesmo assassinatos são validados como táticas. Nesta eleição, como tem ocorrido nas anteriores, o processo não foi diferente , continuando a barbárie em uma curva ascendente, de braços dados com a falta de civilidade, por um lado, e com a violação do processo democrático, por outro. Em uma eleição onde o eleitor, tão desejado por tantos em um curto período de tempo e tão esquecido  pelos mesmos tantos por longos períodos de tempo, deveria discutir, debater, ou pelo menos ouvir, aspectos de sua cidade, seu bairro e de suas necessidades mais próximas, recebeu uma enxurrada de assuntos desprovidos de quaisquer conteúdos relevantes para decidir sobre os seus candidatos. Se não bastasse a aberração dos temas colocados na pauta da eleição, a grande imprensa, assumidamente como partido político de oposição, mentiu, manipulou, distorceu e omitiu fatos relevantes e necessários para um entendimento sadio da vida brasileira. Na guerra de 2012 o arsenal utilizado pela oposição, lançou sobre o Partido dos Trabalhadores e sua base aliada cruzes medievais, togas deslumbradas, bíblias aladas, fetos humanos, éticas de ocasião  e, principalmente, sem ser mais ou menos importante que os anteriores, uma retórica ácida e altamente tóxica com o intuito de confundir e conduzir o eleitor. Independente, mas nem tanto, dos candidatos vitoriosos na eleição, dois projetos estavam em disputa e tinham como principais representantes o ex-presidente Lula  e a grande imprensa. O primeiro o cientista, o segundo o feiticeiro. Condutor de um projeto vitorioso que há dez anos vem transformando positivamente o país e a vida dos brasileiros, Lula mais uma vez, com base nos fatos, no conhecimento do povo e em cenários reais, locais , nacionais e regionais  bem construídos acertou nas escolhas e mais uma vez foi o vencedor. Do outro lado, a grande imprensa, encastelada na casa grande e saudosista das quarteladas, apostou em poções mágicas, cuidadosamente elaboradas mas nem por isso eficientes, extraídas das entranhas mais conservadoras e retrógradas da sociedade brasileira como sendo o elixir do golpe, do retrocesso , do atraso, que proporcionaria a vitória de um projeto que atualmente agoniza pelo mundo. A ciência política venceu a fantasia medieval, a verdade derrotou a mentira, o conhecimento derrotou a ignorância.

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