terça-feira, 25 de setembro de 2012

Diários de Motocicleta - 5 A Ressurreição de Madalena

Diário de Motocicleta - 5    A Ressurreição de Madalena





Depois de um dia em uma cidade da região dos lagos no estado do Rio de Janeiro, saí bem cedo,  na manhã de uma sábado , com destino ao Rio de Janeiro. Na segunda-feira próxima retornaria ao trabalho. Fazia frio e uma chuva fina me acompanhou durante as duas horas de viagem. Chegando em casa, ao estacionar a motocicleta na garagem, me lembrei do lugar mais distante que tinha alcançado naqueles dias de férias. Por algum tempo, enquanto desfazia a bagagem, passava um filme da viagem. Foi quando o telefone tocou. Era Madalena, amiga que vive na cidade de São Paulo  de onde me ligava. Estava me convidando para passar o final de semana em sua casa, em São Paulo, como já fizera de outras vezes. Expliquei que tinha acabado de chegar de uma longa viagem, mas que talvez fosse uma boa ideia. Estava se aproximando das 10 horas e então combinei que pegaria a ponte aérea das 13 horas, no que ela disse que me aguardaria no aeroporto de Congonhas. Disse para que fosse bem agasalhado pois o dia era típico de São Paulo, com muito frio e chuva fina. Desliguei o telefone, e ainda repleto de estrada comecei a reunir uma nova bagagem. Madalena é uma pessoa especial. Filha única, de uma família de imigrantes italianos,  é herdeira de um grupo de industrias do setor metal mecânico localizadas na grande São Paulo. Formada em Administração de Empresas, com mestrado em uma universidade dos EUA, conduzia os negócios da família ao lado do pai, um sujeito conservador e autoritário, tanto na condução dos negócios quanto na relação com a filha. Conheci Madalena, já há quase três anos, por ocasião de uma auditoria que conduzi em uma das indústrias do grupo. Na ocasião, ela era , como ainda é hoje, responsável pela implementação e condução de um programa de gestão da qualidade nas empresas. Na auditoria me chamou a atenção o fato de que aquela mulher, mesmo com toda a resistência do pai, implantava com competência e de forma cuidadosa e criteriosa uma cultura democrática e participativa nas empresas. Para mim, que já conhecera dezenas de empresas, a visão de Madalena era algo raro no setor, entretanto coincidia com a compreensão que tinha sobre uma cultura para a Qualidade nas empresas.  O padrão dominante nas indústrias, no tocante a  uma cultura para a Qualidade, era meramente cartorial, objetivando a certificação que garantiria o trânsito livre nas relações comerciais empresa-empresa, sendo a Qualidade apenas um discurso da moda, desprovido de profundidade e até mesmo para muitos empresários, algo ameaçador e perturbador da ordem nas empresas. Assim como eu, Madalena não via dessa forma. Acreditava que democratizando  a gestão e dando voz aos empregados, que ela  tratava de fato como colaboradores, poderia ter sucesso na modificação de uma cultura autoritária vertical para uma cultura horizontal participativa. Mesmo sendo uma pessoa endinheirada, sem qualquer tipo de preocupação financeira, não se identificava com os valores predominantes nas elites econômicas do país. Eleitora do Partido dos Trabalhadores, defensora de um socialismo democrático, sua opção política produzia arrepios  no pai e nos amigos milicos do velho naqueles tempos de final da ditadura militar. Entretanto a sua competência na condução dos negócios da família , a satisfação dos acionistas, o respeito e adoração que recebia de seus colaboradores, intimidavam, mas não eliminavam nunca, os arrepios do pai. Nesse eterno conflito em que a relação pai- filha e chefe -subordinada se misturavam no dia-a dia da empresa, Madalena conseguia equilibrar e manter uma relativa distância sobre o autoritarismo do pai, conduzindo o programa com uma determinação exemplar. Nossa afinidade se manifestou logo na primeira vez em que auditei a empresa, durante três dias. A partir dali mantivemos contatos frequentes sobre congressos, seminários , mesas redondas de interesse comum. Trocávamos, também, informações sobre livros e novas tendências na administração de empresas em que  a visão alternativa emergente predominava. Apesar de seus trinta e poucos anos era dona de uma cultura vastíssima. Com o tempo nossa amizade foi ganhando novas cores e como meu trabalho exigia deslocamentos constantes para a cidade de São Paulo, nossos encontros se tornaram cada vez mais frequentes. Apaixonada pelas artes e totalmente alinhada com a visão alternativa emergente, acreditava que aquele era um caminho sem volta e que o tempo seria o revelador daquela nova compreensão da realidade. Com uma aparência simples, próximo ao casual, circulava com desenvoltura em todas as situações. Avessa ao exibicionismo e a ostentação dos endinheirados, pois como ela mesmo dizia " já nasci rica em ambiente de dinheiro e cultura"  tinha como marca o bem viver e o bom gosto. Foi com Madalena que conheci uma cidade de São Paulo que não aparece na tv.  Uma cidade para todos, pobres e ricos . A São Paulo de Madalena não tinha pobreza nem riqueza extremas, fosse na escolha de um restaurante, numa exposição de arte, em um show musical. Uma cidade fascinante que transbordava cultura, bom gosto e até mesmo um toque artesanal, em todas os locais por onde circulávamos. Morava só, em uma confortável cobertura em um prédio próximo ao Parque do Ibirapuera, onde sempre podia ser vista nas caminhadas ou mesmo em reuniões de trabalho com colaboradores, para desespero de alguns poucos engravatados e de algumas de saias justas. Principal executiva de um grupo empresarial onde a cultura é predominantemente machista em um universo de arquétipos masculinos, Madalena não se rendia e com rara habilidade fazia valer suas ideias, exercitando tais arquétipos através de um filtro feminino, sem abandonar  suas características.  Fora do trabalho levava uma vida em defesa de seus ideais humanistas e socialistas, o que, como ela mesmo dizia, dava um leve caráter esquizofrênico na totalidade de sua vida.  Aspecto esse que também se fazia presente em nossa amizade, pois assim como ela, trabalhava em uma empresa que construía uma central nuclear mas era  contrário ao uso da energia nuclear. Sua casa dizia muito de sua personalidade. Apesar de morar em uma confortável cobertura, as dimensões do imóvel eram modestas para quem dispunha de tantos recursos. A decoração combinava o pós moderno com o antigo, tanto nas peças do mobiliário como nas obras de arte, valorizando em todos os casos a originalidade e a produção limitada. A primeira vista qualquer pessoa teria dificuldade de entender o ambiente entretanto,  com um pouco tempo ficava marcante que o aspecto impessoal e padronizado não se manifestava naquele ambiente. Tudo foi cuidadosamente elaborado, funcional e de bom gosto que no conjunto produziam uma harmonia, as vezes cult, outras non sense e até um pouco brega, mas que transbordava arte. Cheguei no aeroporto Santos Dumont ainda um tanto tonto de tanta estrada, as vezes me questionando como poderia estar embarcando para São Paulo, para passar um pouco mais de 24 horas naquela cidade. Comprei o bilhete e telefonei para Madalena confirmando o horário de embarque. Embarquei no barulhento confortável electra e decolamos. A viagem , com o tempo chuvoso em todo o percurso, não foi muito diferente dos últimos dias, até mesmo no tocante  aos trancos e solavancos devido aos buracos da estrada. Felizmente o electra pousou em Congonhas e depois de fazer seu habitual estardalhaço no momento de reversão dos motores, parou na pista para desembarque. O frio estava de rachar, o céu cinzento e uma chuva bem fina. Estava em São Paulo. Cruzei o setor de desembarque para o saguão do aeroporto e avistei Madalena. Quando me viu abriu um belo sorriso. Enfiada em uma calça jeans e cheia de agasalhos e casacos deixava a mostra a pele bem clara de seu rosto com seus cabelos castanhos, soltos, a altura dos ombros. Estava um pouco mais magra do que da última vez que nos encontramos, o que certamente a deixa mais feliz pois vive brigando com a balança por causa de sua inclinação incontrolável pela culinária italiana.
- que cor bonita, disse ela se referindo ao meu bronzeado
- mudei de emprego. agora trabalho como salva-vidas. disse em meio a um abraço.
Caminhamos para o estacionamento do aeroporto trocando elogios sinceros a cerca de nossas aparências, o que não poderia ser diferente em se tratando de Madalena. Já em sua casa, saboreando um  providencial chá, bem quente, disse que tinha muitas novidades para me contar. Posicionou-se no sofá, cruzou as pernas, inclinou-se para o meu lado e começou a falar.
- você não imagina os resultados que estamos alcançando com as equipes. De início foi uma tremenda dificuldade para dar início ao processo. Primeiro vencer as resistências de papai, depois encontrar um horário para que as equipes pudessem fazer as reuniões. Não tinha como pedir aos colaboradores para que ficassem depois do horário de expediente na empresa e também não seria produtivo depois de um dia de trabalho discutir assuntos relativos ao trabalho. Durante o horário do expediente seria o ideal, mas se o fizesse , papai invadiria a fábrica. Consegui que os grupos passassem a funcionar antes do início da jornada de trabalho.
- de madrugada, Madalena ?
- não é bem assim. A jornada inicia às 07:15 e começamos as reuniões ás 06:15. Achei por bem fazer as reuniões em um ambiente de café da manhã. Você sabe, antes de entrar no trabalho todos tem o café da manhã na empresa e o que fiz foi transformar o café em algo mais prolongado e farto. O pessoal aprovou e os grupos funcionam bem.
- e todos os colaboradores gostaram da ideia de discutir questões relativas ao trabalho ?
- tive algumas surpresas nesse aspecto. Durante o estágio preparatório, através de consultas e palestras que fiz com todos, notei que um número significativo de colaboradores, longe de ser a maioria mas mesmo assim significativo, não se sente bem em um ambiente participativo, preferindo a postura passiva e cômoda de receber ordens e executar.
- não correm risco em se expor, não é isso ?
- um pouco disso e outras questões até mesmo de foro íntimo, mas o elemento predominante é  a identificação , ou a falta de identificação, com o trabalho fazendo com que essas pessoas minimizem suas responsabilidades apenas para aquilo que executam. Qualquer ordem  que recebam, eles executam e caso venha a ocorrer um erro , não na execução mas no conceito daquilo que foi pedido e executado, eles de imediato dizem estar cumprindo ordens.
- é como disse , não querem se expor.
- em parte, mas o principal elemento  que move esse tipo de comportamento é a falta de identificação com a empresa e com o trabalho, e em segundo lugar  os conflitos com os supervisores ou gerentes imediatos. E foi aí que consegui reverter boa parte dessa resistência colocando operários e gerentes nos grupos discutindo assuntos relativos ao trabalho sem que os aspectos de hierarquia prevalecessem na discussões. Foi ótimo.
- e os gerentes e supervisores, como se comportaram ?
- então, de início, nas primeiras reuniões, ainda tentavam impor a condição de superiores perante os operários, mas com as  intervenções dos moderadores de grupos  essa postura praticamente desapareceu . E a partir daí os resultados tem sido fantásticos. Apenas um exemplo, na linha de fabricação de fixadores para trilhos  e dormentes, tivemos um ganho de produtividade de 20%, uma redução fantástica do índice de acidentes, um índice de sucata perto de zero, e uma melhor maneira de executar as tarefas. São impressionantes a qualidade e profundidade das sugestões apresentadas pelos colaboradores. No caso dessa equipe, que é a mais antiga, as reuniões estão evoluindo até mesmo para o crescimento pessoal dos envolvidos .Uma vez esgotado os assuntos mais técnicos são abordados aspectos do relacionamento interpessoal, tanto entre colaboradores como entre colaboradores e supervisores e gerentes. Em alguns casos , até mesmo as relações familiares crescem e evoluem, pois são os motivadores e significantes para determinados tipos de comportamento no trabalho. É uma revolução.
- e seu pai, o que acha disso tudo ?
- então, como estamos tendo excelentes resultados , e para ele só interessa o resultado financeiro, ele não reprova , mas também não diz que aprova. Você sabe, ele fica dizendo que minhas ideias são de comunista, que isso é coisa de socialista...
- seu pai lê o globo ?
- não. lê outros jornais daqui, mas assiste todos os telejornais da tv globo.
- está explicado.
- então, as equipes estão crescendo, os colaboradores mais satisfeitos, a participação na tomada de decisões ainda que apenas nos aspectos produtivos operacionais se faz naturalmente.
- mas tenho uma dúvida. Com a participação de todos nas tomadas de decisões o processo decisório não fica mais lento ?
- com certeza. Democracia participativa exige muita discussão, mas aí entra a importância dos moderadores , dos gerentes e dos supervisores , para evitar que se tergiverse ou que se volte para um ponto que já foi decidido. Eles foram treinados para esses aspectos. Outro dado importante é que a qualidade das decisões melhorou muito, fazendo com que sejam duradouras as ações decorrentes de decisões tomadas neste ambiente. Aquilo que foi decidido raramente sofre modificação com o tempo, o que não acontecia quando a decisão era de uma única pessoa, ou de um único degrau da hierarquia. Visões diferentes  enriquecem o processo decisório e , com o passar do tempo também produz um ganho na produtividade. Então, aquilo que parece lento  no início, e de fato é mais lento, produz um resultado melhor no curto prazo devido a solidez, precisão e completeza do processo decisório. Seria tão bom se toda a empresa , em todos os processos, se envolvesse nesse ambiente. Seria melhor ainda, se todos os governos, municipais, estaduais e federal  exercitassem  a participação popular nas tomadas de decisões. Isso é a verdadeira democracia, o verdadeiro e mais autêntico poder, pois emana do povo e por ele também é exercido. Infelizmente ainda estamos em uma ditadura, agonizante, mas ainda estamos longe do povo no poder. Então, estou satisfeita e acredito que iremos evoluir muito mais. Como já disse pra você, esse é um caminho sem volta. Mas tem outras coisa que quero dividir com você. Recentemente estive nos EUA para fóruns e palestras. Adoro esses encontros , servem como uma ressurreição , um renascimento para mim .Primeiro estive com o pessoal de um fórum econômico e de negócios e depois em um outro encontro com pensadores em uma universidade. Foi fantástico, você não imagina. O pessoal do fórum econômico alertou, como já vinha fazendo em outras ocasiões, para o processo em curso  de desregulamentação da economia mundial nesta década.
- exacerbação de práticas mercadológicas ?
- pode ser mas o principal é que tudo isso eles já tinham alertado na última reunião e você sabe, aqui na ditadura agonizante  não temos a melhor ideia do vem pela frente, mesmo sendo um governo civil com acreditamos que vai acontecer. Por isso que tenho que viajar com frequência para os fóruns para conhecer os rumos e tendências.
- mas tem alguma coisa que não entendo. Você está empolgada com democracia participativa, com os resultados que consegue na empresa, fala que é um caminho sem volta, que é a emergência de uma nova cultura etc... mas o que que você aponta como tendência para o futuro, fruto de suas participações nos fóruns, é exatamente o oposto. Com é que fica ?
- então, a visão do fórum econômico está correta, no tocante aos rumos da economia , mas não tem profundidade como dizem os pensadores dos fóruns acadêmicos. Segundo os pensadores da academia o mundo nas próximas duas décadas, seguindo a tendência em curso,produzirá uma riqueza jamais vista em outras épocas, mas com um custo social e ambiental devastador. As massas monetárias serão gigantescas mas cada vez mais poucos irão desfrutar da riqueza. A exclusão e a pobreza irão aumentar. Eles acreditam que esse processo em curso, que aqui no Brasil ainda nem se sonha sobre ele, não pode se sustentar por mais de duas décadas e, que certamente todas as idéias bloqueadas há poucos anos atrás vão voltar , mas com novas maquiagens e embalagens. Você sabe, aquilo que emerge, como estrutura de conceitos científicos solapa grande parte dos conceitos dominantes. A própria compreensão da natureza se modifica, onde o feminino prevalece sobre o masculino.
- que história é essa , Madalena ?
- o conceito de natureza passa a ser cooperativo, bem diferente de tudo que se sabe e vivencia no dias atuais.
- e o que isso tem a ver com o feminino ?
- então, quando me refiro ao feminino falo de arquétipos, aliás já conversamos sobre isso. Essa nova versão do capitalismo , e até mesmo o capitalismo, é baseado na competição, vai ser um salve-se quem puder. A competição, em todos os aspectos, é uma expressão masculina, assim como a liderança, a chefia , o comando, independente de quem esteja envolvido com esses processos , homem ou mulher. No momento em que estou no comando de minhas empresas, dirigindo, estou exercendo arquétipos masculinos de direção, sem que para isso eu tenha que ser igual aos homens nessas expressões. Se me comportasse como um homem se comporta nessas questões, estaria em desvantagem pois sendo mulher os homens fariam melhor. Ao comandar, mesmo sendo um arquétipo masculino, o faço através de meu filtro feminino. E essa emergência do feminino vem desde as novas estruturas do conhecimento científico, obviamente  até em uma nova forma de poder.
- você fala de uma emergência do feminino. Não consigo enxergar nada disso a minha volta.
- e nem pode. Falo de uma cultura que ainda não nasceu, mas que é um caminho sem volta e que em pouco tempo será dominante.
- agora também é profeta ?
- você sabe que não dou a mínima para essas bobagens de profecias. Falo de pensadores, acadêmicos que trabalham com cenários e modelos. Profecia deixo para aquela turma daquela palestra que fomos, lembra?
- aqueles teus amigos etruscos ?
- não é pelo fato que sejam italianos e místicos que são etruscos.
- mas você me mostrou uma representação , em uma pintura, que seria de figuras etruscas.
- sim. eles são depositários de uma parte da cultura etrusca, mas não seguem nenhuma prática daquele povo. Eles é que gostam de profecias. Lembra que naquela palestra eles falaram que o ano 2000 viria a emergência do feminino ?
- Lembro e acho que essa história do feminino emergente ainda vai dar muito pano prá manga.
- hummmmm, isso está me cheirando a machismo. Parece até meu pai  ?
- me comparando com teu pai.  Que bandeira.
- deixa de bobagem. você é meio mandão, mas não tem nada de papai. Então. Os movimentos de emancipação e libertação da mulher caminham nesse sentido, de uma maior participação do feminino. Vocês homens, vão ter que reaprender a serem homens.
- que papo é esse. colocando a gente na fita, dizendo que tem que  reaprender. Disse com um expressão saindo de banda.
- vocês não sabem fazer nada, ou quase nada. Foram condicionados, ao longo do tempo, a matar um leão por dia para sustentar a família. Fora isso, necessitam de cuidados das mães e das mulheres. Com a emancipação da mulher novos desafios se apresentam para o homem, e a maioria em expressões de arquétipos femininos.
você não fala essas coisas para os seus funcionários, fala ? Se falar vão meter você numa laminadora e você vai virar trilho.
- claro que não, isso eu converso com pessoas próximas. É ai que eu digo que é um caminho sem volta.
- mas essa história do feminino vem de longa data. Se a tua tese de emergência do feminino estiver correta , como é que fica a religião. Já tem toda essa polêmica sobre a história da tua homônima, que foi uma história plantada  de prostituta etc e tal. E ai, com fica, vai ser uma confusão dos diabos, ou melhor, dos santos. São quase dois mil anos do masculino.
- Isso é uma outra história, você está misturando as coisas. Tudo bem que que pode ter respingos, mas não entro nessa esfera. De fato , sei, que o que emerge é feminino. Essas confusões com Madalena não me interessam.  Então, me diga o que você acha de tudo isso .
- não dá. é muita coisa, muito conceito. você passa semanas com feras do pensamento científico, político, econômico e filosófico e quer que eu tenho uma opinião sobre tudo isso.Vou precisar de um bom tempo para analisar, refletir e ter uma opinião própria. E ainda estou chegando de viagem, onde vivi experiências impactantes...
- Tudo bem, então me conta sobre sua viagem. disse e já se posicionou no sofá para ouvir
- não posso.
- como ? Não pode ?
- ainda não terminou.

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