sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Caras de Pau

Caras de Pau




Tem início, na tv, a propaganda eleitoral. Pelo que se vê , logo no início,  vai ser grande o carnaval.
As emissoras de tv, sempre democráticas, disponibilizam tempos iguais para os candidatos. Respeitável público, abrem-se as cortinas para o primeiro ato. Na rede tv satisfaction, os tempos para entrevista e as perguntas foram as mesmas para todos os candidatos. Na globo old fashion os tempos foram os mesmos para todos, já as perguntas levaram em conta a orientação política da emissora. É o circo da democracia midiática, a liberdade total e equilibrada,  na produção de informações  relevantes para todas as caras. A ilha da credibilidade e da verdade continua cercada , por todos os lados, por falsas democracias, mentiras despudoradas e interesses empresariais. Inatingível para a maioria de caras mortais.  No circo das ilusões transgressoras, o trapézio é o destino para os que buscam a verdade.   Na avenida do Brasil democrático, distante, porém não diferente, da ilha da credibilidade, ficção e realidade fantasiosa forjam verdades absolutas, inequívocas, inquestionáveis. A mulher cospe fogo e o palhaço informa ao público a próxima atração. Na passarela dos delírios, onde a cultura popular explode por todos os poros, o palhaço simula um enredo. A fama da cultura transgressora, dá lugar, no picadeiro, para uma cultura de fama, fugaz, sem rosto e repleta de caras. As celebridades levam a lona ao êxtase, sem levar o êxtase fútil que proporcionam às lonas. O picadeiro se expande, e vai para as ruas, em um cortejo de democracia, cultura , transgressões e, principalmente, interesses comerciais controladores, manipuladores, verdadeiros. Arrancam-se as cortinas para o segundo ato. O circo é pequeno, não mais comporta  a força da cultura eletromagnética, desfila para o mundo revelando sua cultura, sua arte e , principalmente seu produto disponível para venda. Na antropofagia transgressora e cultural, artistas, oportunistas, mendigos , socialityes ,ladrões, jornalistas, caras, celebridades, cervejas, refrigerantes e emissoras de tv, se devoram na passarela do Brasil, onde nem sempre, ou quase sempre o que está escrito  vale, pois é astutamente manipulado, direcionado. Na ilusão do carnaval das verdades ocultas, o povo e a cultura são os que menos ganham, quando ganham algo. A propaganda eleitoral, seus candidatos, as emissoras de tv  proporcionam meios e discutem as prioridades para a vida de todas as caras da passarela Brasil. No decorrer do segundo ato, o delírio vai construindo , de forma sólida, uma cadeia produtiva , econômica e cultural  que alimenta bocas, de caras famintas por toda sorte de alimentos e moedas, gerando milhões e milhões de reais para a economia. A platéia se levanta, bate palmas e canta. As imagens do grande circo profano e místico correm por todas as latitudes e longitudes , revelando os diferentes temas, seus atos e principalmente seus produtos. O circo ganha dimensões gigantescas, não há mais lona para indicar seus limites, se reproduz por outras latitudes e faz crescer os olhos para aqueles que nada tem de saudáveis atitudes. O palhaço, de câmera em punho e microfone entre os dentes, lidera o espetáculo para que todas as caras possam ver e se ver no picadeiro da passarela Brasil. Chama o público, bate com as mãos, dança, vende cerveja, cobra ingresso , escolhe enredos, define  resultados e cria novas caras, que criarão outras caras que em breve não serão lembradas nem como caras. Do primeiro ato de limites, ao segundo de expansão, chega-se ao terceiro, de resultados. O picadeiro da passarela Brasil não mais cabe no próprio Brasil, uma boa palhaçada, ou boa propaganda, pode render muitos frutos, desde que os recursos para o gigantesco espetáculo, de fontes governamentais, , não sofram qualquer tipo de restrição garantindo, desta forma, um retorno fantástico para os donos ocultos do grande circo. Começou o terceiro ato. Candidatos a prefeito, emissora de tv, gente do carnaval, artistas, vagabundos , vagabundas, criminosos, moradores de rua, jornalistas, políticos, empresários, veados, putas, leprosos, lucianos hucks, e toda a fauna manifesta sua opinião. Deve a prefeitura financiar um enredo para a passarela dos delírios transgressores, ou seja dinheiro público, que visa fazer propaganda de um produto de um conglomerado de mídia ? E se esse produto for do conglomerado que detém a exclusividade dos direitos de transmissão do delírio circense ?  Em se tratando de uma manifestação cultural poderosa, com origem no povo, estaria o conglomerado midiático tentando minimizar a força dessa cultural, mercantilizando o delírio ?

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