terça-feira, 22 de maio de 2012

A Imprensa Jurássica

A Imprena Jurássica



Os jornais impressos diários, de amplo espectro, estão em extinção. Quando chegam as bancas, todo o conteúdo que apresentam já foi amplamente discutido e debatido, principalmente no domínio da internete. O que acontece agora, 12:08h de terça- feira, e se for notícia, amanhã , quando sair em um jornal é passado. Isso é fato. Os jornais impressos diários não devem desaparecer mas irão buscar a especialização de conteúdos. O jornalismo de tv, que prioriza as imagens como notícia, parou no tempo, parou no espaço e até mesmo no espaço-tempo. Com um formato de apresentação das notícias, que sempre inclui um casal de apresentadores simpáticos, que cuidadosamente trabalha o gestual dos apresentadores para evitar compreensões indesejadas pelos editores, ganhou um formato de vídeo clip. Não existe espaço para reflexão, tamanha é a velocidade com que são apresentadas as notícias. Os apresentadores produzem gestos compatíveis com o entendimento que a edição deseja. Gestos livres, com muito movimento do corpo, levam a inúmeras interpretações pelos telespectadores, desde que , o apresentador esteja falando a verdade. Como na grande imprensa, a verdade não existe, é obra de ficção, romantismo de saudosistas, tudo é devidamente preparado para colocar na cabeça das pessoas o que a empresa de tv deseja. Via de regra, o tronco do corpo dos apresentadores não produz movimentos. Apenas braços, mãos e expressões faciais são cuidadosamente usadas. Os movimentos do tronco, região pélvica, e pernas, dizem muito sobre o conteúdo da fala, sobre a sexualidade da pessoa e sua maturidade. Uma corridinha , um apressar de um passo, falam muito. Quando se é sincero e maduro, esses movimentos se transformam em pontos favoráveis para o orador, pois a assertividade se faz presente na apresentação. Grandes oradores sabem como falar e se movimentar bastante em público , e com isso obter excelentes resultados. Propositalmente nada disso acontece com telejornais, estejam os jornalistas de pé ou sentados escondidos pelas mesas. Esse formato se esgotou, tanto que em alguns países já se tenta apresentar os telejornais com o jornalistas de pé, o que não muda muita coisa , pois a manipulação da informação é o que comanda as edições. A tv , assim como os diários impressos, perde também para a internete, não apenas pela velocidade na rede, mas , e principalmente, pelas múltiplas abordagens da notícia e espaços para debates. E de fato é o que se observa. Os telejornais envelhecidos, como o jornal nacional da tv globo, vem perdendo audiência ao longo dos anos. A quantidade de versões , opiniões e abordagens de um acontecimento, assim como o tempo para digerir e voltar ao assunto fizeram da internete um amplo espaço para debates e, ao mesmo tempo, dos telejornais, um ridículo teatro da informação. Por último o rádio. Com a agilidade de se colocar no ar uma notícia, o velho rádio ainda ganha dos impressos e da tv, no tocante ao furo, aos debates e detalhamento do fato. Perde, claro, por usar somente o áudio. Na internete  áudio, video e texto se harmonizam, em múltlipas vozes, o que certamente faz da rede o campo mais avançado para a busca das informações, esclarecimentos, pesquisas, debates e entretenimento. Devido a esse momento, o desespero vem se manifestando nos veículos de nossa grande mídia, mundialmente conhecida como PIG. Desmascaradas em suas armações, orientação política, mentiras, crimes em quadrilha, elegeram os portais da internete e alguns blogues como seus inimigos, fato que revela a importância desses portais e blogues na apresentação de notícias, opiniões relevantes e espaços de debates. O PIG, atrasado, ultrapassado e tentanto se agarrar em uma hegemonia cada dia mais corroída, perdeu sua vez. A sociedade não pode mais conviver com montadores de factóides, cozinheiros de fatos, atores da notícia. O debate e criação de novas regras para os meios de comunicação não pode esperar. O abre alas da nova realidade das comunicações  não pediu passagem  e  desfila alegremente diante do desespero dos dinossauros midiáticos.



Nossa imprensa esportiva...

Estávamos no ano de 1993. A seleção brasileira, que na tv que detêm a exclusividade das transmissões é conhecida como Brasiiiiil entrava em mais uma eliminatória para a copa do mundo de futebol. Vinte e três anos do último título mundial de 1970, deixavam nossa alegre, empolgada e animada imprensa preocupada com tamanho jejum. O Brasiiiiil  caiu nas eliminatórias em um grupo com Uruguai, Bolívia , Equador e Venezuela com duas vagas para a copa. Barbada!, diziam nossos animados especialistas . No jogo contra a seleção do Equador, que até então nunca disputara uma copa, em Quito, nosso Brasiiiil, comandado por Carlos Alberto Parreira, adotou uma postura defensiva e de respeito ao adversário, esperando o momento para o bote. Na tv, o narrador da partida, com sua equipe de respeitados comentaristas, demonstrava profunda irritação pelo comportamento da equipe brasileira. Dizia ele:
- narrador: O Brasiiiiiil não pode jogar assim. Somos tricampeões do mundo. Temos que agredir o adversário. Aí, o Brasiiiiil está com medo. Esse time do Equador tirando onda com a gente. Esse jogadorzinho do Equador..... Bate nele.
- comentarista de arbitragem: ele está provocando nossos a atletas.
narrador: ele é folgado. issso é porque o time deles está empatando como o Brasiiiiiil . Se esse time do Brasiiiiiiil jogar asssim está arriscado de não se classificar para a copa do mundo e, caso classifique não vai ganhar nada.
A seleção brasileira de futebol, ao final das eliminatórias se classificou em primeiro lugar no seu grupo, tendo a seleção boliviana ficado com a segunda vaga. Na copa do mundo, em 1994, a seleção brasileira ganhou a competição sagrando-se tetra campeão mundial de futebol. Nosso narrador da tv com exclusividade nas transmissões de futebol, ficou empolgadísssimo com a conquista do Brasiiiiiil. Ao seu lado, na naração estava Pelé como comentarista. Ao se confirmar a dramática conquista do titulo, comemorada com um penalty que o  adversário bateu para fora, nosso narrador agarrou Pelé pelo pescoço, deu-lhe uma gravata, e com gritos intensos dizia;
- é tetra !!! é tetra "!!!! é téééééééétra! é tééééééééééééééétra!
 Uma imagem registrou a cena  e mostrou os demais profissionais de imprensa assustados com a comemoração de nossa alegre, empolgada e animada imprensa. O mesmo narrador que disse que o Brasiiiiiil não iria ganhar nada, naquele momento vibrava com a conquista. Conquista que certamente assegurou melhores índices de audiência na emissora que detêm a exclusividade das transmissões de futebol, melhores audiências de programas esportivos, maior interesse das pessoas por futebol, mais  jornais sendo vendidos, e consequentemente mais verbas de patrocínio para os jornais, tv e rádios. Verbas que também garantiram o emprego  de muitos   profisssionais de nossa animada, empolgada e alegre imprensa esportiva, para que eles pudessem seguir falando e escrevendo as asneiras de sempre.

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