terça-feira, 29 de maio de 2012

Cafézinho a Três, Mentiras e Videotape

Cafézinho a três, Mentiras e Videotape



O estardalhaço que a grande imprensa brasileira, mundialmente conhecida como PIG, vem fazendo por conta do cafézinho a três no escritório de Nelson Jobim, ultrapassa, em muito, mas muito mesmo, os limites do ridículo. Vamos a sequência dos fatos :
1 - Lula vai se encontrar com Jobim;
2 - a reunião é no escritório de Jobim;
3-  a reunião acontece no início de abril;
4 - ao chegar no escritório, Lula , lá encontra conversando com Jobim o ministro Gilmar Mendes;
5- quase dois meses depois da reunião, a revista veja apresenta matéria denúncia, de capa, em que Gilmar acusa Lula;
6 - A matéria afirma que Lula fez insinuações para que Gilmar aliviasse no caso do julgamento do chamado mensalão;
7- mensalão, ao que parece pelo desdobramento das apurações da quadrilha cachoeira, foi uma armação da mesma quadrilha para derrubar o então presidente Lula;
8- A manada do PIG repercute, imediatamente, a matéria de veja;
9- veja aparece, nas gravações divulgadas,como parte da quadrilha de cachoeira;
10- Jobim, ao tomar conhecimento da denúncia de veja, afirma que não aconteceu nada do que a revista publicou;
11- veja afirma que o cafézinho foi na cozinha;
12 - Jobim afirma, que ninguém foi prá cozinha;
13- Jobim e Lula tem a mesma versão;
14 - a única versão diferente é de Gilmar Mendes
15-  mesmo assim o PIG não aceita.
16 - a imprensa ignora as versões de Lula e Jobim e continua defender a versão de Gilmar;
17- sabe-se, agora, que gravações da quadrilha cachoeira, incluem uma carona de jatinho, de Berlim para São Paulo, para Demóstenes e um certo Gilmar;
18- as gravações vazaram  ,para os envolvidos, dias antes da matéria de veja;
19- Gilmar, como ministro do STF, a Alta Corte, diante de uma suposta insinuação grave, não seguiu os caminhos condizentes com o cargo que ocupa;
20- Gilmar procurou a imprensa, e justo um veículo da imprensa envolvido na quadrilha, assim como um certo Gilmar em Berlim, segundo as gravações;
21- a imprensa, não desiste. Globo gasta tintas, em letras garrafais, para falar do cafézinho
22- a imprensa omite, distorce e manipula.
23- o desdobramento da matéria de veja deixa claro que são versões;
24- o time imprensa/Gilmar perde de 2x1 nas versões apresentadas;
25- a imprensa tenta transformar versões, em que ela imprensa perde, em fatos consumados;
25 - globo, veja, folha, band, estadão todos de braços dados, água abaixo, em uma tentativa desesperada de alterar os rumos das investigações,
26- o ridículo não tem limites.

O caso do mensalão, em que a imprensa se agarra como salvação, pode ser o seu próprio caixão . Os desdobramentos das apurações da quadrilha cachoeira, podem confirmar que todo o escândalo do mensalão foi obra da quadrilha, estando a mídia envolvida. O objetivo era derrubar o presidente Lula. Nessa onda de crimes, togas, tintas e supostos representantes da população, estão deseperados na tentativa de alterar os rumos das investigações. Factóides como esse de veja, flagrada em crimes e defendida por globo em editorial, tendem a surgir com maior intensidade. O tiro , na melhor das hipóteses vai para o próprio pé, quando não acerta a água. Vale lembrar que mesmo depois do mensalão, essa mesma imprensa golpista, não mediu esforços para inviabilizar a reeleição de Lula. Em 2006 surgiu uma armação com os chamados aloprados, nas vésperas do primeiro turno. A tv globo, cuidadosamente, empilhou uma quantia de dinheiro, para dar a impressão de uma montanha, para acusar os "aloprados" do PT em crimes de compra de um suposto dossiê. A armação foi ao ar no jornal nacional, em clima de pressão total para viabilizar o candidato da oposição ,Alckmim. Se isso não bastasse, a mesma emissora dos marinhos, omitiu o acidente com o avião da GOL, as vésperas da eleição. O acidente, na ocasião o maior da história da aviação brasileira, não foi ao ar no jornal nacional para não alterar o estado emocional dos eleitores, estado esse construído criteriosamente por globo e seus pares, para favorecer o candidato Alckmim. Uma notícia de impacto, como o acidente, naquele momento, seviria para desconcentrar a massa já manobrada para o pleito nos dias seguintes. E não ficou por aí. Em 2010 quem não se lembra, durante a campanha para presidente , das seguidas capas de veja onde um polvo corrupto tomara conta do palácio do panalto. Hoje, sabemos ao que veja se referia. E ainda a bolinha de papel que se transformou na maior comédia das eleições. O candidato Serra, foi atingido, nas ruas, por uma bolinha de papel. A tv globo transformou o episódio em um atentado a democracia, alegando que o candidato sofrera uma agressão ,motivada por um petardo atirado por militantes intransigentes do PT. Levou , inclusive, o candidato para uma clínica, onde uma tomografia computadorizada atestou que o mesmo não sofreu danos irreversíveis na cabeça. Se não bastasse, a tv globo escalou um perito em imagens, para avaliar e afrimar que a inofensiva bolinha de papel era de fato um objeto perigoso e de alto poder destrutivo. Tudo isso apresentado como jornalismo no jornal nacional da emissora. E, como de costume, repercutido  pelos demais veículos do PIG. Assim, o que se pode esperar de conjunto de empresas de comunicação envolvidas e flagradas em crimes ? Mentiras, carregadas pelo desespero de uma condenação. Não a condenação dos tribunais, mas a verdadeira, a do povo.



Nossa imprensa esportiva...

O ano de 1982. O brasiiiiil jogava na copa do mundo, disputada na Espanha, uma partida contra a seleção italiana. O brasiiiiiiiiil encantava com o futebol apresentado. A nossa alegre, empolgada e animada imprensa esportiva dava aquele titulo como certo. O adversário era a Itália, na fase de quartas de final. Uma Itália que chegou aos tropeços empatando os jogos, ou ganhando sem brilho. Já o Brasiiiiiiil,era a seleção dos sonhos. Bastava apenas um empate, no jogo contra a Itália, para que o Brasiiiiiiil avançasse na competição. O clima era de confiança e euforia total. Na tv que detinha os direitos de exclusividade para a transmissão dos jogos, um repórter, Ricardo Pereira, entrevistava o jogador Zico, na véspera do jogo, na piscina do hotel onde o Brasiiiiiiil estava concentrado. Repórter e jogador, ambos de sunga, dentro da piscina, com microfone e tudo, em total clima de oba-oba, já ganhou. Veio o jogo e o Brasiiiiil perdeu por 3x2. O dia cinco de julho de 1982 entrava para história como uma das maiores tragédias do país. Um dia de inverno, que no Rio de janeiro a temperatura chegava próximo dos quarenta graus, em um céu azul, limpo, e uma brisa confortante. Inconformados com o resultado, nossa alegre, empolgada e animada imprensa esportiva inventou uma tese que o jogo poderia ser anulado por conta de uma suposta irregularidade de um jogador da seleção italiana. Durante três dias, mais precisamente até a seleção italiana entrar em campo para a próxima partida, nossos briosos jornalistas discutiram, em mesas esportivas, debates e inúmeros programas esportivos as "reais" possibilidades de anulação da partida. Advogados especialistas no esporte, pessoas de notório saber deitaram falação ao extremo sobre o tema fictício, até  que a realidade falou mais alto, e a aceitação da derrota era inevitável, mesmo para os mais apaixonados. Durante três dias nossa alegre, empolgada e animada imprensa esportiva  surtou. Discutiu, com apoio dos patrocinadores, um tema que não tinha o menor fundamento e que fora motivado pela imensa frustração da derrota. Aquele 05/071982, aqui no Rio , pós-jogo  permitiu que cariocas mais atentos, pudessem vivenciar uma cidade sem vestígios do ruído urbano ( veículos sumiram das ruas , os aparelhos elétricos pareciam desligados, vozes altas não se ouviam, ruídos de obras despareceram e outros rúidos que compõem um barulho constante na cidade ). Nem mesmo um 25 de dezembro, domingo, com chuva, seria tão silencioso. Era possível ouvir os pássaros cantando. Paradoxalmente, um dia fantástico.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Encontros Cariocas - 2 A História que a Imprensa não Conta

Encontros Cariocas - 2     A História que a Imprensa Não Conta



Então, Carninha. Você falava do estreitamento, da manipulação  que a imprensa promove no debate. Mas isso não é novo, não é ?
- não. Mas hoje é muito mais acentuado.
Gandhi disse certa ocasião:
" Quando o mais fraco começa uma luta contra um sistema forte e poderoso, o sistema ignora o fraco. Se o fraco continua na luta e insiste, o forte passa, então , a ridicularizar o mais fraco. Se mesmo assim o fraco não desiste e continua na luta, o forte passa a lutar contra ele. Nesse ponto é sinal que o fraco venceu "
- o que você quer dizer com isso ?
- que é necessário um olhar na história, na nossa história recente. A grande imprensa no Brasil é o braço mantenedor do atraso e do retrocesso , no tocante as conquistas necessárias para o povo. A imprensa nunca esteve ao lado do povo .
Vamos partir de 1982, na eleição do Brizola. Naquela ocasião, a primeira eleição para governador depois do golpe de 1964, era inconcebível para o governo da ditadura que Brizola ganhasse aqui no Rio. Acreditavam, os militares e a imprensa, que Brizola era passado, teria ficado 15 anos no exílio  e as novas gerações não o conheciam. Com o desenvolvimento da campanha , o engenheiro começou a subir nas pesquisas e foi um deus nos acuda, nos palácios do atraso. Estávamos lá, lembra ? Com a proximidade do dia da eleição já se sabia que Brizola iria dispuar o primeiro lugar, e aí, entraram os golpistas de sempre. A empresa contratada para compilar os votos, Proconsult, em conluio com os militares e a tv globo, armou um esquema para evitar a vitória do engenheiro. Com o decorrer da apuração, grande parte dos votos destinados ao Brizola eram separados e não apresentados na contagem. Assim o candidato dos militares e da globo, aparecia em primeiro lugar e se distanciando  para a vitória. O objetivo era desmotivar a militância brizolista, e ganhar no grito. A tv globo funcionava como  o local para divulgação da farsa armada. Acontece que a militância não se desmotivou, e um jornalista da rádio JB descobriu a farsa, assim como a apuração paralela do PDT e mostraram que aquilo que a tv globo apresentava como resultado parcial era falso. A máscara caiu e imediatamente, e sem nenhuma explicação para os telespectadores , a tv globo passou a mostrar Brizola na frente. E não deu outra, ganhamos, mas ninguém foi punido. Seria o caso de retirar a concessão da tv globo, mas...
- Roberto Marinho e Figueiredo andavam de braços dados.
- é verdade. Passamos para 1983, um ano  depois, lá pelo final do ano, crescia a movimentação popular por eleições diretas para presidente da república. Um comício em Curitiba, en novembro daquele ano, reuniu 50 mil pessoas na rua. Nenhum comentário na grande imprensa. A campanha pelas diretas crescia e nada de informação. Um comício gigante em São Paulo, já em janeiro de 1984, foi noticiado pela tv globo como festa pelo aniversário da cidade de SP. A tv globo, que detinha uma audiência avassaladora na época ,escondia da população brasileira o que acontecia nas ruas. Como a campanha crescia mais e mais, não foi mais possível esconder, e aí o que fez a tv dos marinhos ? Passou  a noticiar o movimento como uma festa popular, uma festa da democracia, uma festa por eleições diretas. Ou seja, mudou o foco, e deu um caráter festivo. Falou em festa a burguesia se anima, e também foi para as ruas, passeatas e comícios, exibir suas jóias. Uma colunista social chegou a dizer que iria ao comício para cantar o hino nacional, pois era emocionante ouvir o povo cantar. Alugou um apartamento de um hotel em frente da candelária, onde acontecia o comício de 1 milhão de pessoas, para cantar o hino, bebendo vinho francês.
- que gracinha....
- e era irmã de cantora. Assim a tv globo aprontou mais uma, não noticiando  o que acontecia e manipulando os fatos. E continua. Em 1986, já com o fim dos governos militares, e com o governo de Sarney que assumiu em 1985, foi lançado  o plano cruzado, com o objetivo de sanear a economia e acabar com a inflação. O plano foi uma comédia. No ano de 1986 tínhamos eleições para governadores, e o plano foi lançado para eleger os candidatos do governo. Brizola, como sempre, foi o único a dizer que o plano era furado e que não daria certo. Foi massacrado pela imprensa, mas não desistiu.
- aquele não desistia nunca.
- é verdade .O governo Sarbey fez malabarismos para segurar o plano, com o auxílio, claro , da tv globo, que não informou a  populção que aquilo não iria a lugar nehum, garantindo, assim, a eleição dos candidatos do PMDB, partido de Sarney. Consolidada a eleição o plano cruzado desabou e tudo voltou a mesma zona de sempre, como previra Brizola que tinha Darcy Ribeiro como o candidato ao governo do Rio. Darcy perdeu a eleição e a tv globo mais uma vez enganou o povo.
- Sarney governou com Roberto Marinho, não foi ?
- é verdade. Como foi o primeiro governo civil depois do golpe, Roberto Marinho tentava preservar os ideais do golpe que ele tanto amava, ajudando a manipular o caminho para as eleições para presidente que só iriam ocorrer em,1989.
- os militares e a imprensa barraram as diretas em 1984 com medo do Brizola ganhar, não foi ?
- também por isso e talvez principlmente por isso , pois Brizola, em pesquisas, estava bem na fita. A nova armação aconteceu em 1988. Naquele ano aconteciam eleições para prefeito das cidades. Já tínhamos quase quatro anos do governo Sarney/Marinho, e as greves, que durante a ditadura foram proibidas, voltaram com a pré-democratização daqueles anos. E naturalmente. com anos de opressão, guando voltaram alguns excessos foram cometidos, tanto por patrões como por empregados. A mais emblemática foi a greve da CSN em Volta Redonda, quando a siderúrgica foi ocupada pelos operários . Houve conflito, o exército entrou em ação, com truculência desnecessária, e alguns operários foram mortos. O fato pegou mal para o governo federal, e devido a proximidade das eleições, a população brasileira deu a resposta nas urnas, proporcionando grande votação para os candidatos do PT em grandes cidades, principalmente Rio e São Paulo. E aí entra a tv globo. Após aquelas eleições a tv globo fez uma intensa campanha pela proibição de greves no país, o que seria um retrocesso no processo de pré-democratização que se vivia.
- sempre na contra mão da democracia.
- sempre. Mas não conseguiu colar, e as greves foram se acomodando sem excessos. E surgia com força a estrela do PT, o que foi motivo de reportagens preconceituosas e racistas por parte da imprensa brasileira.
- lembro que em um telejornal da globo, uma daquelas mediocridades, um repórter assim falou sobre a militância do PT; " eles se consideram petistas" alertando para um possível "perigo" no partido que crescia. lembra disso ?
- lembro, foi motivo de piada lá no diretório.  E a história continua. Chegamos no ano de 1989 e a campanha para presidente.
- foi um ano fantástico.
- com certeza, não apenas aqui no Brasil , mas em todo mundo. Por aqui a campanha ferveu. Foram momentos cômicos , dramáticos, patéticos protagonizados pelos candidatos. Quem não se lembra do surgimento do Dr, Enéas, ou o Dr Aureliano que no debate não sabia o preço de um pão francês, ou os recursos de computação gráfica amplamente utilizados por Collor, certamente com assessoria dos profissionais da globo, e as tiradas inteligentes e bem humoradas de Lula e Brizola.  Foram , de fato, dias fantásticos. Porém a coisa ficou feia foi no segundo turno. Definidos Collor e Lula, aqule segundo turno foi uma briga de foice. A tv globo apoiava abertamente Collor, e tinha arrepios em imaginar um operário  oriundo do nordeste na presidência da república. A campanha de Lula crescia e a militância petista foi importantíssima. Próximo do dia da eleição, as pesquisas encomendadas pelo PT, que não apareceiam na imprensa, apontavam Lula em crescimento e Collor em declinio, se aproximando de um empate. Mais precisamente, três dias antes da eleição, quando a propaganda na tv se encerrara. uma pesquisa do PT apontava empate entre Lula e Collor , com Lula numa ascendente. Era a possibilidade de vitória. Na tv globo, as pesquisas indicavam Collor com vantagem, sem mesmo apresentar a posssibilidade de empate técnico. O que fez a militância do PT. Em tempos sem internete, e sem espaço nos meios de comunicação, a militância foi para as ruas, em pontos estratégicos da cidade portanto cartazes que apontavam a real situação dos candidatos nas pesquisas e indicando uma possível vitória de Lula. No mesmo dia, o jornal nacional da tv globo, apresentado pelo Alexandre Garcia
- o machão que posou nu para a revista gay ??
- ha, ha, ele mesmo. Mas como dizia, o jornal nacional noticiou que Lula e Collor estavam técnicamente empatados, contrariando as pesquisas que eles mesmos apresentaram no dia anterior. Por quê isso ? O jornal nacional respondia aos militantes nas ruas com os cartazes, tentando desmentir que Lula estava  subindo, mas ao mesmo tempo assumindo que mentiam nas pesquisas anteriores. Nós percebemos isso, mas a maioria da população não sacou. Aí veio a manipulação e edição do debate entre Lula e Collor. O jornal nacional escolheu e editou uma matéria com os melhores momentos de Collor no debate e os piores de Lula, no mesmo debate, distorcendo os fatos e induzindo a opinião pública a vitoria de Collor.
- estava tudo armado para evitar a vitória de lula.
- claro. Logo no início do segundo turno, quando Collor e Lula já estavam definidos, o general Geisel , foi a público dizer, em alto e bom som, que não seria ainda o momento para uma vitória da esquerda no Brasil.
- deu a senha para fraudes , se necessário fosse.
- claro. E assim aconteceu. Lula foi roubado. No dia da eleição , cidades no interior da Bahia e de outros estados , onde Lula teria expressiva votação, tiveram os ônibus retirados de circulação, impedindo milhares de pessoas de votar. E mais uma vez, a tv globo esteve presente em um atentado contra a democracia e os interesses do povo brasileiro, desinformando manipulando e mentindo. E não parou por aí. Em 1992, aqui no Rio, na eleição para prefeito, a tv dos marinhos aprontou mais uma. O PT, através da candidata Benedita da Silva, liderava as pesquisas e tudo indicava que venceria no primeiro turno. Cinco dias antes da eleição, Cesar Maia, na época pelo PMDB, tinha apenas traços nas pesquisas de intenção de votos. Iniciou-se um violenta campanha contra Benedita, campanha coordenada e conduzida pela tv globo. Apelando para o racismo, o preconceito, chamaram Benedita de analfabeta, favelada e que , caso eleita, traria a escória das favelas para a cidade. Ao mesmo tempo, essa campanha enaltecia Cesar Maia, com economista, culto, branco e competente. Não ficou por aí. Para espalhar  pânico, principalmente na classe média, a tv globo incitou a criminalidade a agir na cidade. Foram dias de invasões de prédios residenciais, destruição de portas de garagem de edifícios e assaltos em profusão. Tudo incitado pela tv dos marinhos.
- assim como aqueles arrastões nas praias em que sempre tinha um cinegrafista deles presente para registrar as cenas.
- é por aí. Eles espalharam o preconceito e o pâncio na cidade. Não deu outra , Cesar Maia cresce nas pesquisas, foi para o segundo turno com Benetida , usou e abusou do preconceito e venceu as eleições. Isso naquele ano de 1992, que o então presidente da república, Fernando Collor não mais servia aos marinhos.
- a história dos caras pintadas...
- por aí, Ocorre que bem antes disso , o PT, logo depois da eleição de 1989, criou um governo paralelo, que tinha por objetivo fiscalizar, denunciar e propor soluções para os problemas do país. Quando aconteceu o movimento dos caras pintadas, o PT e outros partidos de esquerda , já estavam na estrada há um bom tempo pedindo o fora Collor. Os caras pintadas foi mais uma da tv globo e de toda a imprensa que resolveu abandonar o Collor e apoiar uma manifestação pelo seu impeachement. Foi então que o pessoal foi para as ruas, muitos, inclusive, eleitores do Collor, outros que nunca tinham votado, se juntaram aqueles que já estavam na luta. A tv globo aproveitou, que naquele ano  e naquele momento, estava apresentando uma mini novela sobre os anos 60, quando os jovens foram as ruas lutar contra  a ditadura militar.
- não só aproveitou para fazer propaganda de sua novela, como a usou para levar a garotada para as ruas
- é isso aí. A maior parte dos caras pintadas foi massa de manobra, mesmo porque o afastamento de Collor aconteceria com ou sem eles. O mérito foi para o governo paralelo do PT e as esquerdas,que ficaram diluídas na manifestação maior dos caras pintadas, mas não foi essa a história contada. Então, já em 1992, sem o socialismo real, e com a eleição de Clinton, criavam-se as condições para uma intensa propaganda pelo novo que surgia, o neoliberalismo vencedor, o progresso, a vanguarda.
- ha, ha que piada.
- Clintou chegou ao poder substituindo Bush I. O vice de Clinton, Al Gore  tinha afinidades com o movimento ambientalista e lutara na guerra do Vietnan. Saía Bush I, veterano da segunda guerra mundial, ator durante o período da guerra fria, e entrava o jovem Clinton, simbolizando a chegada da era de aquário ao poder.
- tudo perfeito para mostrar o novo.
- exato. Entretanto Clinton tinha os mesmos compromissos com o neoliberalismo, e atuava da mesma forma como os anteriores, talvez até pior. Iniciou-se uma intensa propaganda pelo ideário neoliberal, com amplo apoio dos meios de comunicação, sem a possibilidade de qualquer análise crítica. As prefeituras, com a daqui do Rio, a partir de 1992, transformaram-se em balcões de negócios, com grande favorecimento para a iniciativa privada. As obras, que quase sempre de impacto visual para a população, favoreciam grandes empresas.
- é o caso do projeto Rio Cidade , que foi utilizado para passar os cabos subterrâneos da tv a cabo da rede globo..
- é por aí. Tudo com grande favorecimento para a inicativa privada, privatizações de empresas estatais, favorecimento da indústria da construção civil
- mas nada de saneamento básico, sáude de qualidade e educação.
- é verdade. Saneamento não aparece, já um obelisco...
- ha, ha.
- Os anos da década de 1990 foram do besteirol neoliberal, fim da história, sem qualquer possibilidade do contraditório e com intensa propaganda. No período, as empresas de propaganda e marketing tiveram grande expansão. Porém, chegava, o verdadeiro novo, o renovador, o revolucionário, que era a rede mundial de computadores, internete. Aqui no Brasil apartir de 1994, sem nenhuma análise de fundo por parte da imprensa. Em 1999, o poder da internete se fez presente. Pela primeira vez uma grande manifestação foi organizada pela internete, o que chamou a atenção de todos, A reunião da OMC em Seattle, nos EUA, foi palco de uma gigantesca manifestação popular, gerada e organizada através da internete. Nada disso foi comentado pela imprensa  que se limitou a apresentar a manifestação como , festa, barulho ou hippyes deslocados da realidade. Mas a partir dalí outras se sucederam, nos anos seguintes em Genova, onde tivemos a primeira morte de um ativista anti-globalização. Algo de novo acontecia, e a imprensa omitia os fatos. A primeira reunião do Forum Social Mundial , em 2001, foi ignorada pela imprensa, em um momento de  expansão da internete e das redes sociais. No ano de 2002, aqui no Rio, o governador , Antony Garotinho, deixava o governo do estado para se candidatar a presidência da república. Em seu lugar assumiu o vice, Benedita da Silva, que governaria até o final de 2002. Mais uma vez a tv globo aprontou. Em perseguição clara a governadora, e exalando preconceito por todos os lados, a tv dos marinhos criou um clima de guerra no Rio de Janeiro. Usando suas táticas de terrorismo, incitou a criminalidade a prática de violência, transformando a cidade em um caos. Acuada, mas determinada a enfrentar a violência dos marinhos, Benedita gritou, clamou pelas forças de segurança pública, e disse estar a democracia em perigo pela ação de poderes que incitam o crime  e o caos na cidade. A atitude de Benedita intimidou a TV globo, que recuou. No dia seguinte, o jornal do Brasil, em editorial de primeira página, elogiou a atitude da governadora com o seguinte título; " O dia da Bené". As mídias dos marinhos ignoraram a atitude da governadora. Mais uma vez a tv globo espalhava o caos e o terror na cidade do Rio de Janeiro. Entretanto, a internete, já com força naquele ano, não deixava nenhuma mentira impune. Na eleição de 2002, que elegeu Lula, mais uma vez a tv globo destilou preconceitos de toda sorte na tentativa de evitar a eleição do candidato do PT. Nos anos seguintes, da primeira década do século, a internete se consolidou como o palco das grandes transformações, da organização de protestos, de fonte de excelentes conteúdos e trincheira de resistência para as mentiras da imprensa decadente.
- e essa grande imprensa não viu nada disso ?
- claro que viu, mas não soube e ainda não sabe como atuar nesse novo paradigma de produção e divulgação de conteúdos. A grande imprensa ainda está atrelada ao quantitativo. Ela necessita,sobre a internte, informações de visibilidade e audiência para expandir com seus parceiros comerciais, assim como ocorre em outras mídias. Acontece que na internete as percepções não seguem o padrão de tv's , rádios, jornais e outdoors.  A tv globo, por exemplo, quer saber quantas pessoas são impactadas pelos anúncios de seus parceiros, quando na internete o que importa é de que maneira um assunto vai ganhar ou não divulgação e correr pelas redes sociais. Na internete o que importa não é apenas o anúncio, mas como ele pode correr pelas redes sociais ,ser comentado, virar referência. Isso é o qualitativo, que também oferece informações sobre a quantidade pessoas que comentam. O que a grande imprensa quer é o quantitaitvo, mas as ferramentas usadas para essa métrica são inadequadas e impróprias para a avaliação.
- estão querendo levantar voo com um navio, não é ?
- ha, ha. é por aí. Eles se parecem com aquele personagem do filme do Herzog que atravessou um navio pela montanha
- será que eles se preocupam se o navio tem ou não chaminés ?
- ha, ha, isso é com o Teo.
- quando estou na internete eu vejo os anúncios até mesmo para saber quem financia aquele portal, aquele blogue. Meu foco é esse. Não guardo o conteúdo do anúncio .
- mas a maioria não é assim. Não vê, vẽ e ignora, vê e se interessa. A internete é um boca a boca turbinado, é assim que funciona, como no antigo boca a boca, apenas com uma velocidade muito maior , tanto na aceitação como no descarte. Tudo surge e desaparesce em pouco tempo. Trabalhar essas características para se manter no foco é o desafio.
- e as empresas de publicidade não veem isso ?
- parece que não. Estão focadas em quantas pessoas vão ver o anúncio em um portal ou em um site e não de que maneira o anúncio pode se tranformar em algo mais comentado. É um tremendo desafio, pois exigirá dessa turma um vigor intelectual e criativo gigantesco, considerando também o tempo de exposição que é menor que nas outras mídias.Tem que mudar rápido, e sempre fazendo algo impactante. É agora que nós vamos ver quem é bom.
- esses caras de publicidade são umas figuraças. Usam paletó e gravata com bermudas, calvice com rabo de cavalo, suspensórios, barba sem bigode.
- eles devem se inspirar na essência do negócio deles e devem se achar como criação deles mesmos. Então. A grande imprensa está em decadência, não sabe como lutar com a internete, e vem sofrendo deliciosas derrotas. As mentiras que produzem não duram nem um dia e , atualmente,,estão envolvidas em crime de formação de quadrilha, corrupção e até mesmo participação de assassinatos para eliminar adversários.
- ainda como nos tempos da ditadura..
- pois é. a diferença atualmente é que se sabe , se comprova e esse é o momento perfeito para se passar esse passado golpista e antidemocrático a limpo, resgatar e apresentar a verdadeira história do período da ditadura, dar nome as empresas que participaram e financiaram os crimes contra o povo, desmascarar e acabar com a prática de associação de empresas , inclusive de imprensa, com o crime organizado para promover golpes e atentados contra a democracia, regulamentar o setor da comunicações no Brasil, eliminando monopólios, garantindo a pluralidade, garantindo espaço para produção e divulgação de conteúdos nacionais valorizando nossa cultura, manter um controle social sobre os meios de comunicação, criar e aplicar regras claras para punição e cassação de emissoras de tv e rádios.
- uma boa hora...
- então. No início dos anos da década de 1990 éramos totalmente ignorados. Se falássemos de socialismo nos davm as costas. Diziam que estávamos ressucitando defuntos. Na virada do século, lá pelo ano 2000, não mais nos ignoravam, mas nos ridicularizavam. Diziam que éramos saudosistas , neo hyppies, jurássicos, ultrapassados. Hoje, lutam contra a gente no debate de idéias, na produção de conteúdos. Perseguem glogues, processam internautas. Tudo isso , claro, tentanto estreitar o debate, mas não é mais possível. A resposta, em todo o mundo vem das urnas, das redes sociais e das ruas. Eles, os mais fortes,os neoliberias, estão lutando contra nós, os mais fracos. O gigante caiu. Eles perderam.




Nossa imprensa esportiva...

Poucos meses atrás todos nós lamentamos o falecimento de um grande jogador de futebol e , principalmente, de  um grande homem. Morreu o Doutor Sócrates.
Vítima de complicações hepáticas, oriundas de consumo excessivo de bebidas alcoólicas, como assumido por ele mesmo, o doutor deixa saudades. Saudades de seu elegante futebol e de suas firmes posições no campo político, sempre na defesa dos ideais democráticos. No dia de seu falecimento, ocorria um jogo do Corinthians, time que lhe deu grande expressão nacional. A partida era transmitida pela emissota que detêm a exclusividade de transmissão de jogos de futebol. No início,  o  minuto de silêncio teve os atletas do Corinthians repetindo o gesto do Doutor quando comemorava seus gols. Um braço com o punho cerrado para o alto e outro atrás  nas costas. No momento da homenagem, forte e marcante nas telas de tv de todo país, apareciam logotipos, no alto do vídeo, das empresas que patrocinam as transmissões esportivas da tv que detêm a exclusividade de transmissão. Um deles era de cerveja.


terça-feira, 22 de maio de 2012

A Imprensa Jurássica

A Imprena Jurássica



Os jornais impressos diários, de amplo espectro, estão em extinção. Quando chegam as bancas, todo o conteúdo que apresentam já foi amplamente discutido e debatido, principalmente no domínio da internete. O que acontece agora, 12:08h de terça- feira, e se for notícia, amanhã , quando sair em um jornal é passado. Isso é fato. Os jornais impressos diários não devem desaparecer mas irão buscar a especialização de conteúdos. O jornalismo de tv, que prioriza as imagens como notícia, parou no tempo, parou no espaço e até mesmo no espaço-tempo. Com um formato de apresentação das notícias, que sempre inclui um casal de apresentadores simpáticos, que cuidadosamente trabalha o gestual dos apresentadores para evitar compreensões indesejadas pelos editores, ganhou um formato de vídeo clip. Não existe espaço para reflexão, tamanha é a velocidade com que são apresentadas as notícias. Os apresentadores produzem gestos compatíveis com o entendimento que a edição deseja. Gestos livres, com muito movimento do corpo, levam a inúmeras interpretações pelos telespectadores, desde que , o apresentador esteja falando a verdade. Como na grande imprensa, a verdade não existe, é obra de ficção, romantismo de saudosistas, tudo é devidamente preparado para colocar na cabeça das pessoas o que a empresa de tv deseja. Via de regra, o tronco do corpo dos apresentadores não produz movimentos. Apenas braços, mãos e expressões faciais são cuidadosamente usadas. Os movimentos do tronco, região pélvica, e pernas, dizem muito sobre o conteúdo da fala, sobre a sexualidade da pessoa e sua maturidade. Uma corridinha , um apressar de um passo, falam muito. Quando se é sincero e maduro, esses movimentos se transformam em pontos favoráveis para o orador, pois a assertividade se faz presente na apresentação. Grandes oradores sabem como falar e se movimentar bastante em público , e com isso obter excelentes resultados. Propositalmente nada disso acontece com telejornais, estejam os jornalistas de pé ou sentados escondidos pelas mesas. Esse formato se esgotou, tanto que em alguns países já se tenta apresentar os telejornais com o jornalistas de pé, o que não muda muita coisa , pois a manipulação da informação é o que comanda as edições. A tv , assim como os diários impressos, perde também para a internete, não apenas pela velocidade na rede, mas , e principalmente, pelas múltiplas abordagens da notícia e espaços para debates. E de fato é o que se observa. Os telejornais envelhecidos, como o jornal nacional da tv globo, vem perdendo audiência ao longo dos anos. A quantidade de versões , opiniões e abordagens de um acontecimento, assim como o tempo para digerir e voltar ao assunto fizeram da internete um amplo espaço para debates e, ao mesmo tempo, dos telejornais, um ridículo teatro da informação. Por último o rádio. Com a agilidade de se colocar no ar uma notícia, o velho rádio ainda ganha dos impressos e da tv, no tocante ao furo, aos debates e detalhamento do fato. Perde, claro, por usar somente o áudio. Na internete  áudio, video e texto se harmonizam, em múltlipas vozes, o que certamente faz da rede o campo mais avançado para a busca das informações, esclarecimentos, pesquisas, debates e entretenimento. Devido a esse momento, o desespero vem se manifestando nos veículos de nossa grande mídia, mundialmente conhecida como PIG. Desmascaradas em suas armações, orientação política, mentiras, crimes em quadrilha, elegeram os portais da internete e alguns blogues como seus inimigos, fato que revela a importância desses portais e blogues na apresentação de notícias, opiniões relevantes e espaços de debates. O PIG, atrasado, ultrapassado e tentanto se agarrar em uma hegemonia cada dia mais corroída, perdeu sua vez. A sociedade não pode mais conviver com montadores de factóides, cozinheiros de fatos, atores da notícia. O debate e criação de novas regras para os meios de comunicação não pode esperar. O abre alas da nova realidade das comunicações  não pediu passagem  e  desfila alegremente diante do desespero dos dinossauros midiáticos.



Nossa imprensa esportiva...

Estávamos no ano de 1993. A seleção brasileira, que na tv que detêm a exclusividade das transmissões é conhecida como Brasiiiiil entrava em mais uma eliminatória para a copa do mundo de futebol. Vinte e três anos do último título mundial de 1970, deixavam nossa alegre, empolgada e animada imprensa preocupada com tamanho jejum. O Brasiiiiil  caiu nas eliminatórias em um grupo com Uruguai, Bolívia , Equador e Venezuela com duas vagas para a copa. Barbada!, diziam nossos animados especialistas . No jogo contra a seleção do Equador, que até então nunca disputara uma copa, em Quito, nosso Brasiiiil, comandado por Carlos Alberto Parreira, adotou uma postura defensiva e de respeito ao adversário, esperando o momento para o bote. Na tv, o narrador da partida, com sua equipe de respeitados comentaristas, demonstrava profunda irritação pelo comportamento da equipe brasileira. Dizia ele:
- narrador: O Brasiiiiiil não pode jogar assim. Somos tricampeões do mundo. Temos que agredir o adversário. Aí, o Brasiiiiil está com medo. Esse time do Equador tirando onda com a gente. Esse jogadorzinho do Equador..... Bate nele.
- comentarista de arbitragem: ele está provocando nossos a atletas.
narrador: ele é folgado. issso é porque o time deles está empatando como o Brasiiiiiil . Se esse time do Brasiiiiiiil jogar asssim está arriscado de não se classificar para a copa do mundo e, caso classifique não vai ganhar nada.
A seleção brasileira de futebol, ao final das eliminatórias se classificou em primeiro lugar no seu grupo, tendo a seleção boliviana ficado com a segunda vaga. Na copa do mundo, em 1994, a seleção brasileira ganhou a competição sagrando-se tetra campeão mundial de futebol. Nosso narrador da tv com exclusividade nas transmissões de futebol, ficou empolgadísssimo com a conquista do Brasiiiiiil. Ao seu lado, na naração estava Pelé como comentarista. Ao se confirmar a dramática conquista do titulo, comemorada com um penalty que o  adversário bateu para fora, nosso narrador agarrou Pelé pelo pescoço, deu-lhe uma gravata, e com gritos intensos dizia;
- é tetra !!! é tetra "!!!! é téééééééétra! é tééééééééééééééétra!
 Uma imagem registrou a cena  e mostrou os demais profissionais de imprensa assustados com a comemoração de nossa alegre, empolgada e animada imprensa. O mesmo narrador que disse que o Brasiiiiiil não iria ganhar nada, naquele momento vibrava com a conquista. Conquista que certamente assegurou melhores índices de audiência na emissora que detêm a exclusividade das transmissões de futebol, melhores audiências de programas esportivos, maior interesse das pessoas por futebol, mais  jornais sendo vendidos, e consequentemente mais verbas de patrocínio para os jornais, tv e rádios. Verbas que também garantiram o emprego  de muitos   profisssionais de nossa animada, empolgada e alegre imprensa esportiva, para que eles pudessem seguir falando e escrevendo as asneiras de sempre.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Verdades e Passos

Verdades e Passos


O país assiste estarrecido a podridão que brota, diariamente, dos dados apresentados pela CPMI que investiga a atuação da quadrilha formada pelo crime organizado, políticos e a imprensa. Todos aqueles comprometidos com o avanço da democracia querem a verdade dos fatos, doa a quem doer. Verdade também é o nome da comissão que a presidenta Dilma instalou para apurar o que aconteceu no período da ditadura militar. A sincronicidade se faz presente. O tema, a verdade. Os abusos e crimes cometidos pela  quadrilha cachoeira não estão dissociados da verdade, que ainda não se fez presente, que a comissão irá apurar. Como afirmou em seu discurso na instalação da comissão, a democracia se constrói passo a passo, em uma longa caminhada, para que se conheçam os homens. " Para conhecer um homem é necessário calçar suas andálias usadas na caminhada " Um sábio provérbio dos índios xavantes da América do Norte. Mais um passo do grande passo que começou com a chegada de Lula a presidência em 2003. O governo Dilma, assim avança, como já o fez na questão dos juros bancários, em novas políticas para erradicar a pobreza, passo a passo, no caminho da verdadeira democracia. Um outro passo , sem o qual as liberdades democráticas não avançam , diz respeito a regulamentação dos meios de comunicação no país. Fica claro, para todos, que a imprensa é parte atuante nos crimes cometidos pela quadrilha cachoeira. O que se chama de fonte, cria armadilhas para incriminar adversários, com a participação  da imprensa. Se não bastasse o envolvimento da revista veja, todos os demais veículos da chamada grande imprensa, com raríssimas exceções , reproduziam as armações, sem nenhuma abordagem crítica. Com isso, diversos servidores públicos foram acusados de crimes, pelo bloco da imprensa,  sendo demitidos por conta da pressão exercida, sem que fossem apresentadas provas objetivas. Tudo isso vem a tona, no momento. Momento de verdades,  momento de passos, momento de consolidar a democracia. Assim sendo  o próximo passo é a regulamentação dos meios de comunicação, de maneira que as liberdades de expressão e opinião sejam restauradas, que os veículos de imprensa cumpram o papel que de fato, e de direito, lhes cabe na sociedade. O país não pode conviver com a brutal e criminosa concentração de poder dos meios de comunicação, que em duas décadas, em função daquela que seria a nova ordem mundial, assumiram o papel de defensores dos interesses dominantes, não dando margem ao contraditório, manipulando os fatos, distorcendo a realidade e, agora, diante das provas irrefutáveis, comprovam aquilo que corajosos meios de comunicação , principalmente na internete, vem afirmando há anos, ou seja, a imprensa mente. Se não bastassem as mentiras, estratégias foram utilizadaas para derrubar governos democraticamente eleitos, confundir e embaralahar as percepções das pessoas e ainda, consolidar a eleição de seus escolhidos. Verdades e passos. Calçar as sandálias dos caminhantes será um trabalho árduo para as comissões instaladas e outras que virão, porém esperamos, e também participaremos , para que a ordem seja reestabelecida e tais acontecimentos, sejam  plenamente conhecidos e varridos para sempre. E ainda, que os culpados sejam exemplarmente punidos.



Nossa imprensa esportiva....

Estávamos na metade da década de 1970. Um jogador do Flamengo, jovem,  com um futuro promissor, apontado como uma nova estrela do futebol , veio a falecer. Internado em uma clinica no bairro de ipanema, no Rio de Janeiro, para uma corriqueira cirurgia de extração de amígdalas, faleceu por conta de uma reação alérgica ao anestésico. A notícia correu rápido e a nossa imprensa, sempre pronta para trazer as informações precisas, dirigiu-se ao local. A rua Farme de Amoedo, local da clínica. ficou congestionada e logo o local foi interditado ao tráfego. Acostumados com o jargão médico no âmbito esportivo, nossa imprensa , sempre insinuante assim se manifestou em uma emissora de rádio carioca;
-âncora : o que você tem aí ?
-repórter: realmente um fato lamentável. O atleta faleceu  logo após receber o anestésico
-âncora : o que houve ?
-repórter: não se sabe ao certo. segundo a coletiva dos médicos, o atleta recebeu uma injeção com o anestésico e começou a se sentir mal. Entrou em coma e logo faleceu. Segundo os médicos pode ter sido por causa de contaminação do anestésico, ou do frasco que acondicona o medicamento ou até mesmo da seringa usada. Entretanto acreditam que foi uma reação alérgica , raro, porém possível.
-âncora: que coisa !! Teria sido algo como um choque alérgico, é isso ?
-repórter: exatamente. Um choque que no jargão médico é chamado de choque profilático. Uma fatalidade. Lamentável.
âncora: É verdade.

choque profilático ????

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Encontros Cariocas - 1 Insano Mundo Novo

Encontros Cariocas - 1     Insano Mundo Novo




Entrava em um restaurante, na Praça Mauá, no centro da cidade do Rio de Janeiro, quando sinto alguém segurando meu braço. Olhei rapidamente para a pessoa e vi um rosto familar. Fiquei parado tentando me lembrar e ele me perguntou:
- e aí, perdeu a memória ?
- Carninha !!, respondi com alegria.
Carninha é um grande amigo. Passamos bons momentos no ano de 1982  na Brizolândia. Eram reuniões e mais reuniões para debater o cenário político e criar agitações para colocar o Brizola no governo da estado. Sempre depois das reuniões tudo mundo ia para um bar. Carninha, alto e bem gordo, com quase 150 kg, era o primeiro a sugerir algo para comer. Sempre sugeria uma carninha, fazendo um gesto com as mãos que imitava uma faca tirando um filé de um suculento churrasco. O apelido pegou. Seu nome é Leôncio da Silva Albuquerque, mas todo mundo conhecia como Leo Carninha.
- não consegui reconhecê-lo de imediato. Você emagreceu bem. É outra pessoa.
- nada disso. continuo o mesmo , apenas eliminei depósitos de lipídeos. falou e deu uma gargalhada.
Carninha era uma pessoa bem humorada e extremamente culto . Era psiquiatra e psicanalista. Quando o conheci trabalhava em um hospital psiquiátrico.
- e o trabalho ?
- me aposentei pelo hospital e atualmente tenho apenas meu consultório. Trabalho só dois dias por semana.
- até o trabalho ficou mais leve, perguntei rindo.
- é verdade. lá era barra pesada, meu caro. Lembra do Teo ?
- aquele teu amigo , também psiquiatra.
- ele mesmo. o que houve com ele ?
- pois é, você falou em barra pesada e o Teo pirou. Já estava achando que ele andava meio estranho quando se converteu àquela religião. Não pela religião propriamente, mas o movimento dele em direção a religião já anunciava alguma coisa. Em uma certa ocasião lá no hospital, uma paciente adulto e inofensivo, resolveu fazer uma barquinho de papel e ficou brincando com o barco no pequeno lago  da entrada. Quando Teo se aproximou, o paciente falou que aquele era o titanic. Teo , para surpresa de algumas pessoas , disse para o paciente que aquilo não era o titanic, pois o titanic tinha chaminés. O paciente falou que era o titanic sim. Teo iniciou uma discussão dizendo que não pois insistia nas chaminés. De repente, Teo pegou o barquinho, rasgou, amassou e pisoteou o que sobrou do papel. O paciente entrou em crise nervosa e partiu prá cima do Teo. Os seguranças conseguiram agir e evitar uma briga. Depois dessa , Teo foi chamado pela direção e sugeriram que ele se aposentasse, pois já tinha tempo suficiente de serviço. E foi o que aconteceu. Mas não parou por aí. Depois de aposentado se tornou pastor na igreja dele. Em um dos cultos, em um procedimento de exorcismo para retirar um diabo de uma pessoa, ele agiu com violência e feriu feio a cabeça de uma mulher. Outra confusão. Os familiares da vítima , supostamente tomada pelo demônio, não gostaram do que viram e o caso acabou numa delegacia de polícia. O delegado, um sujeito experiente e vivido, pois por ali passam deliquentes, descompensados , psicopatas, se assustou com a versão contada pelo Teo. Teo disse que agiu com um pouco de força porque viu nos olhos da mulher a presença do diabo, inclusive com fumaça saindo dos ohos. O caso não deu em nada, mas o delegado ficou mais assustado quando soube que ele era psiquiatra.
- é, muito estranho. Que tal se sentásemos ali, vou comer algo, sugeri.
- vamos lá.
- tem algum problema se for ali perto da chaminé das carnes ?
- isso é com o Téo, falou rindo. E tem mais. Outro dia fui visitar os colegas lá no hospital  e eles me disseram que o problema do Teo é excesso de sana.
- como é que é ? Sana significa sanidade, saudável, saúde. Excesso ???
- foi uma brincadeira. Eles criaram uma doença pro Teo por conta das chaminés, fumaça e brinquedos. Sana, seriam as iniciais de síndrome da ausência natalina adquirida, algo como reflexo de um trauma de infância no período natalino.
- não teve papai noel com brinquedo descendo pela chaminé , perguntei
- é por aí. É meu caro, as pessoas tem uma idéia equivocada sobre os médicos. Isso que aconteceu com Teo é muito comum entre médicos. Tem hora que não seguram a barra. Quando alguém procura um médico , normalmente é por conta de alguma doença, e doença sempre fragiliza a pessoa. Diante do médico, o paciente frágil deposita suas esperanças. Para ele, aquela figura de branco tem o poder sobre a vida e a morte. Com isso confere ao médico uma aura de poder e força, mas na realidade não é bem assim. Nós também temos os mesmos problemas, mesmo treinados para entender as angústias do outro. Chega um dia que a barra pesa. Um amigo meu, que você não conhece, trabalhou trinta anos como médico legista no IML. Passou a vida serrando crânio, metendo concha dentro do corpo para retirar sangue, enfiando as mãos para retirar órgãos, analisando matéria sem vida. Encontrei com o filho dele e perguntei sobre o pai. O filho disse que o pai tinha se aposentado e vivia em uma casa de campo. Disse que o estava achando meio estranho, pois o pai passava a maior parte do dia plantando, cuidando  e conversando com flores.
- dá prá entender, comentei.
- pois é.mudou radicalmente quatro das cinco referências sensoriais. O que tocava, o que via, o que ouvia e o que cheirava.
- trocou a morte pela vida. Não tá nada doido, disse.
- será ??? O que ele acumulou durante os anos de trabalho ? Talvez esse novo comportamento possa ser passageiro, fruto de algo que ele não mais aguentava, sonhos, reações. De qualquer forma ele trocou o morto e o feio, pela vida e o belo.
- mas vamos mudar de assunto. me fala como você perdeu tanto peso ?
- pois é. Lembrei de você várias vezes nas reuniões na Brizolândia. Na época achava que você era um pouco radical com suas obsessões de nutrição e saúde, mesmo porque éramos bem jovens. Não entendia suas preocupações como equivocadas, apenas um tanto obsessivas. Então. Um dia , já estava com quase 170 Kg, respirando mal, sem agilidade resolvi mudar. Fiz uma cirirugia de redução de estômago, mudei radicalmente meu hábitos alimentares.
- mas não abandonou a carninha, não é ?
- claro que não. mas só como carne vermelha , no máximo uma vez por semana. e , também, fui reeducado para comer pouco e com qualidade. O resultado é esse. Perdi quase 80 kg, hoje tenho um  índice de massa corporal dentro dos limites saudáveis, e , melhor, tenho saúde, alegria. Aquele tempo, nunca mais. Era dificuldade para tudo, ônibus, avião, roletas. O mundo não é feito para gordos.
- mas o mundo incentiva e cria condições para que as pessoas fiquem gordas e obesas, não é ? Como é que fica ?
- você continua cortante como um bisturi, hein ?
- é verdade. Se você prestar atenção nos comerciais de alimentos e  bebidas que saturam as  telas de tv, verá que só se incentiva porcaria. Refrigerantes, biscoitos vagabundos, carnes gordurosas,  embutidos, doces, bebidas alcoólicas, fast food. São alimentos de baixo valor nutricional e altamente calóricos. E o que acontece ? Surgem, então, os programas de tv para educar as pessoas em hábitos saudáveis. É comum , nas manhãs, programas com médicos, e são muitos inclusive com desenvoltura de apresentadores de programas de auditório, ensinado como viver melhor. Quando chamam o intervalo comercial, a propaganda de alimentos sugere o oposto. O mesmo em novelas. Essa novela para adolescentes da tv globo, quando coloca cenas de alimentação , põe os jovens comendo sanduiches com refrigerantes em praças de alimentação de shoppings centers.
- essa novela é uma putaria e pegação entre crianças, comentei.
- também tem isso. Então. Aparece o médico e depois o monstro. Os médicos de tv, nesses programas  aproveitam para apresentar medicamentos que possam combater males da obesidade.
-- Hummmm. Propagandistas midiáticos. Nova modalidade de propagandistas de laboratórios farmacêuticos ?
- Isso aí. A força desses segmentos , alimentícios e bebidas, impõe as mídias os estilos de vida  desejados por eles e, esses estilos nada tem de saudáveis.
- os médicos do programa fazem um teatrinho de saúde, não é ?
- é isso aí. O lucro dessas empresas tem que crescer cada vez mais, é a lógica do modelo capitalista. Por outro lado, os lucros com a doença também tem que crescer cada vez mais. Se uma pessoa  é intoxicada pela ingestão de metais pesados, comum nos dias de hoje por conta de contaminação dos mananciais hídricos, todo o foco na mídia é para o tipo de tratamento médico a ser seguido. Pouco, muito pouco se fala sobre o que motiva a contaminação.
- o capitalismo e suas práticas não podem ser questionadas, comentei.
- exato. banaliza-se a poluição ambiental e a contaminação de solos e recursos hídricos. colocando o foco no tratamento. Nas propagadas de ofertas de supermercados, comuns nas tvś, raramente aparecem ofertas de frutas , legumes , verduras ou alimentos saudáveis.
- só produto industrializado, comentei.
- exato. A quem interessa esse estilo de vida ?
- a mim nunca interessou.
- mas a maioria das pessoas não percebe e acredita que isso é o certo, saudável, porque as mídas fazem parte do esquema do lucro e saturam todas as pessoas com suas falsas verdades.
- e se você questiona, é rotulado como maluco.
- é uma outra questão. Nada pode ser questionado. Com a ascenção e hegemonia do neoliberalismo, a partir da década de 1990, começou-se a criação de  padrões. Padrão de consumo, padrão na economia, padrão de entretenimento, padrão de comportamento, padrão de relações interpessoais. Qualquer idéia fora dos padrões deve ser combatida e eliminada, e a mídia está aí, também para fazer esse papel. Por que Cuba é perseguida? Por que é uma outra experiência, diferente dos padrões homogneizados,  não pode florescer, não pode ser um exemplo bem sucedido. Nada pode ser diferente do capitalismo neoliberal. Essa conversa de bolqueio por conta de violação de direitos humanos é balela. Os direitos humanos estão sendo corroídos, em larga escala no mundo capitalista e ninguém, no caso a grande imprensa e mídias, fala em defendê-los. A obesidade é uma grave epidemia mundial. Está associada aos valores do capitalismo, do sucesso pessoal ( se tenho dinheiro como sem parar o que quiser ) do hedonismo.
- a gula é um dos sete pecados capitais, comentei
- pois é. No tocante a esse pecado a Igreja faz vista grossa para não contrariar os lucros das empresas. Mas acusa de crime e pecado, políticas a favor do aborto.
- é a tal história de se ajustar aos padrões, comentei.
- é verdade. O neoliberalismo criou um estreitamento na produção intelectual, de idéias, no entretenimento, nas artes e óbvio na economia. Quando existiam os dois polos, capitalismo e socialismo, a amplitude era bem maior. Atualmente essa padronização, para blindar um modelo que já agoniza, tem criado sérios problemas nas relações interpessoais. O aumento da violência , da intolerância são decorrentes desse estreitamento produzido pela propaganda neoliberal. Nada pode ser diferente. Isso tem dsdobramentos nas religiões e no conflito religioso, pois todas, de alguma forma, também querem a hegemonia. Ontem, mesmo presenciei uma discussão, em um bar entre duas pessoas. Um deles dizia pro outro que era importante que ele aceitasse Jesus em sua vida. O outro dizia que nunca tinha duvidado de Jesus. O primeiro insistia que ele estava equivocado e que no momento do julgamento ele teria que aceitar e seria punido. Por pouco não saíram no tapa por causa de um provável verdicto oriundo de notáveis de um tribunal na esfera celeste, pós morte.
- iriam brigar por isso, comentei.
- quer expressão maior da irracionalidade que nos rodeia. As pessoas não são estúpidas ou burras . Eles estão dominadas e eclipsadas por um grande sistema, com o apoio das grandes mídas, que tem por objetivo ditar regras e padrões em prol dos interesses das grandes corporações. Assim a intolerância vai aumento, o mesmo com a violência nas relações  interpessoais, pois o espaço para opiniões e idèias é cada vez mais estreito. Minha esperança são as mídias sociais, que de alguma forma, conseguem quebrar essa barreira.
- nós conhecemos o enredo é já vimos esse filme antes. O estreitamento começa no campo das idéias, avança com xenofobia, depois com racismo, depois são os pobres, mais adiante os velhos e doentes, depois os negros, depois todos aqueles que não fazem parte da religião dominante, não é ?
- essa é exatamente a realidade que vivemos. Agora, você acredita que a maioria das pessoas percebe a realidade dessa maneira ? Estão sendo conduzidos. O entretenimento , o esporte são estratégias para condução, quando deveriam ser caminhos para cultura, conhecimento e formação de pessoas.
Nossa refeição acabara de chegar. Fizemos uma pausa para o almoço. Olhei , de relance pela janela do restaurante, e vi um transatlântico ancorado no pier da Praça Mauá. Ele tinha três chaminés.



Nossa imprensa esportiva...
Estávamos no ano de 1969 ( acho  ) O jogo, amistoso, acontecia entre a seleção Brasileira e seleção inglesa, atual campeã do mundo, em pleno maraca lotado. Na época , nossa alegre , animada   e sempre empolgada imprensa esportiva, discutia diariamente os rumos do futebol. Com a derrota do Brasil na copa do mundo de 1966, surgia a tese do futebol força, com velocidade, muitos músculos,  ou como dizia Nelson Rodrigues, o touro búlgaro, referindo-se ao futebol europeu da época. Muitos diziam que nosso estilo de jogar futebol estava ultrapassado e que deveríamos partir, também ,para a força. No jogo os ingleses fazem 1x0 , Nossa seleção empatou , virou e venceu por 2x1. Um dos gols brasileiros foi marcado pelo genial Tostão. E foi um gol atípco. O jogador estava caído, sentado, na área inglesa e mesmo assim girou as pernas para chutar e colocar a bola dentro das redes. Fez tudo isso sentado. Esse gol motivou um comentário, empolgado, sobre o nosso estilo dejogar, como sendo o mesmo o mais criativo. Vamos lá:
-comentarista : Sensacional ! Esse é o futebol brasileiro. Estamos todos, durante anos, discutindo os destinos de nosso esporte favorito. Alimentando ideais estranhos a nossa origem a nossa arte maior. Escuto, e não aguento mais ouvir, especialistas dizerem que temos que mudar. Mudar para o quê ? Para a burrice, para a força burra. Somos brasileiros, temos jogo de cintura, ginga, malandragem, jogo de corpo. Temos a arte do drible, da boa molecagem, da improvisação da flexibilidade , da volatilidade, da maleabildade. Eles que devem aprender conosco. Esse gol é a prova de nossso talento único.
narrador : Muito bem !!!!


volatilidade ?????

terça-feira, 8 de maio de 2012

Rio de Janeiro - 8 Terra Brasileira

Rio de Janeiro - 8      Terra Brasileira


  foi no Simpatia que eu te conheci
 e desde esse dia nunca tiva paz
 esperei um ano para ver meu país
 de amarelo e lilás
 quem dera fosse uma novela o ano que passou
 mas vai ser pior, vai ficar muito pior
 quem dera eu tivesse um avião particular
 para me refugiar em Seychelles ou em Maceió
  e de lá só voltar no carnaval,
  para desfilar no Simpatia é Quase Amor
 prá te amar e festejar e esquecer toda nossa dor.

 Os versos são parte da letra do samba de enredo de um dos mais  tradicionais blocos de carnaval do Rio de janeiro. O ano foi 1990. Golpeado pelos inúmeros acontecimentos da cena política, nacional e internacional, o Simpatia cantou sua dor. Reduto de uma  ilha intelectual de uma  Ipanema na época já conservadora, o samba falava da frustração pela derrota nas eleições presidenciais de 1989. Também, em 1989, em plena campanha eleitoral, assistimos a queda dos regimes socialistas. Sem medo de ser feliz se transformava em uma alegria dolorosa no desfile daquele ano. A manipulação escandalosa do último debate entre os candidatos a presidência, elaborada cuidadosamente pela tv globo para favorecer o candidato dos Marinhos, ainda era um assunto que reinava nas ruas , areias, baterias e botecos. Um misto de perplexidade e revolta tomava conta de todos, mas uma certeza de que o pior ainda estaria por vir, era algo assustador. E de fato o pior aconteceu. Como de costume, a sociedade sempre turvada pela discurso midiático, festejava o seu próprio fracasso, acreditando em dias fantásticos. Nós, naquele momento, éramos os dinossuros, a esquerda delirante, os pessimistas, os ultrapassados. Os anos de 1990 e 1991 foram de profundas costuras, ajustes, acúmulos de forças. Mas com o passar dos anos , mais uma vez não estávamos errados, ou melhor acertamos. A década de 1990, com todo o repertório do delírio neoliberal, esfacelou o estado brasileiro, reduziu as conquistas trabalhistas, nublou a esperança, trouxe o retrocesso. Não foi apenas o bloco de Ipanema que retratou pela arte o que acontecia. Nas telas de cinema, o longa, Terra Estrangeira, retratou o sofrimento de famílias com as políticas do início daquela década. Ainda nas telas, o curta, Átimo, também falava da esperança e tristeza daqueles anos. Vale ressaltar que a grande imprensa brasileira sempre esteve ao lado dos governantes com suas políticas nocivas ao povo. Ocultando, manipulando, mentindo, editando, e , pasmem, até pondo fim na História.  Vinte e dois anos daquele triste carnaval de 1990, ou 22 rosas depois , como citou um colunista de Carta Maior, o mundo vê uma realidade bem diferente. A derrota, nas urnas , do modelo econômico, na Europa, a realidade descolada da América Latina,  apontam outros caminhos. Enquanto isso, por aqui, a direita e a imprensa sofrem grandes derrotas, não apenas pelo sucesso dos governos de Lula e Dilma, mas por terem sido desmascaradas, em crimes de corrupção, formação de quadrilha, dentre outros, Ficou claro, até para os turvados, a necessidade de uma profunda reforma nas regras de comunicação do país de maneira que se possa ter uma imprensa confiável, plural , democrática e livre. Sim, as poucas famĺias que dominam os meios de comunicação do país, não querem a liberdade de vozes. Ainda temos denúncias bombásticas de crimes do período da ditadura militar, onde os personagens da imprensa também se fazem presentes como criminosos. A hora para passar a limpo e enterrar esse passado golpista e essa imprensa anacrônica é agora. Certamente, as vejas , folhas , globos e outras coisas nocivas a sociedade brasileira, no próximo ano, cantarão:
" quem dera fosse uma novela o ano que passou
  mas vai ser pior, vai ficar muito pior"



Nossa imprensa esportiva...

O fato aconteceu no final da década de 1960 ou início da década de 1970. Acredito que foi no final de 1960. Necessário confirmação.
O jogo era entre Bangu e vasco, mas também necessita confirmação.
O personagem o goleiro do Vasco, que também necessita confirmação. Acredito que seu nome era Valdir. Já os fatos são exatamente a realidade. O jogo corria morno e desinteressante  quando o goleiro do Vasco, resolveu repor uma bola em jogo.  Como de costume , os goleiros seguram a bola com uma das mãos e arremessam para um companheiro de equipe. Foi o que fez o goleiro Valdir. Acontece que quando ele já estava no procedimento de arremessar a bola , ele, Valdir, identifica um adversário próximo ao  atleta que receberia a bola. Valdir resolve abortar o arremesso. Entretantanto, como já estava adiantado, ele gira o braço , com a mão que segurava a bola, em direção ao seu próprio corpo fazendo com que a bola saia de sua mão e caia dentro de seu próprio gol. Uma tragédia. Uma cena patética. Nossa imprensa esportiva, de uma emissora de rádio, assim comentou:
narrador : O que é isso ? Ele jogou a bola prá dentro de seu próprio gol?
                   Eu, hein ! Tem coisa aí.
repórter  : Impressionante ! Nunca vi nada igual. Ele foi repor  a bola 
                em jogo, mas parece que não viu o adversário. Quando
                percebeu o adversário ele resolveu voltar. Se desequilibrou
                e acabou jogando a bola para trás, dentro de seu gol.
comentarista : Exatamente. Foi um desequilíbrio. Ele recebeu um 
                comando cerebral para executar uma tarefa . Organizou as
                ações e colocou em prática .Durante a execução das ações
                ele recebeu um outro comando cerebral para interromper ,
                   porém, como já estava adiantado no primeiro comando,                         se desequilibrou. Uma fatalidade.
narrador :Perfeito! Mas dava prá você fazer um resumo para os nossos
               ouvintes ?
comentarista : Imagina um carro. Você entra, liga a chave, dá a partida.
                Engata uma primeira e acelera com vontade. Aí você percebe
                que é obrigado a freiar. Mete o pé com força no freio. O carro
                derrapa para o lado. Foi o que aconteceu.
narrador : Agora sim ! Como o ouvinte entendeu, o goleiro do Vasco
                perdeu o freio.


entendeu ????   perdeu o freio ?????      

  
      

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Incinerados com Açúcar e sem Afeto

Incinerados com Açúcar e sem Afeto



Já se vão alguns anos do lançamento do filme , O Que É Isso Companheiro ?, baseado em romance de mesmo nome. O filme contou com diversos atores  que ficaram marcados por participações em programas humorísticos da tv globo. Esses atores, no filme em questão, representavam papéis de jovens militantes que lutavam contra a ditadura militar dos anos de 1960 e 1970. Assisti ao filme, no cine Leblon, no Rio de Janeiro, na companhia de duas amigas. Sala lotada e para minha surpresa, uma parcela da platéia dava gargalhadas, onde não conseguia encontrar qualquer graça. Por outro lado, uma mulher na poltrona atrás da minha, chorava copiosamente, chamando a atenção das pessoas próximas. Minhas amigas, uma séria e atenta, e a outra comendo pipoca, produzia risadas  ao ponto de levantar as pernas. Naquela confusão de percepções , emoções e sentimentos opostos, me concentrei no filme, pois já tinha lido o livro, e também nas reações do público. Ao término da sessão as expressões do público variavam da alegria, predominante entre os mais jovens, a tristeza profunda no caso entre os mais velhos. Guardei aquelas vivências. Dias depois, lendo os críticos de cinema e os iniciados na sétima arte em alguns jornais reuni alguns elementos para entender o comportamento da platéia. Diziam os críticos e iniciados: " a escolha, pela direção, de atores com perfil humorístico, representando os militantes da luta armada, foi interessantísssimo para o bom andamento da trama. Estiveram perfeitos em seus papéis e, certamente devido ao excelente laboratório que fizeram, representaram muito bem os militantes daqueles anos " Como não sou crítico de cinema e muito menos iniciado na sétima arte, vi exatamente o oposto. Os atores da tv globo, em nenhum momento retrataram o perfil de um militante. Seus personagens, carregados com a marca humorística de seus atores, foram totalmente indequados para os papéis, já que alguns são , ao mesmo tempo, eles mesmos e os personagens que representam. Inclusive, retrataram os militantes como ingênuos, como é possível observar em várias passagens, Uma passagem do filme retrata um agente da ditadura em crise existencial por estar envolvido em trabalho sujo, com crimes e assassinatos. O torturador e assassino, ganhava uma aura de humanidade na trama. Tudo isso percebido por diferentes gerações, alguns que viveram a história, outros que desejavam conhecê-la e outros tantos que vivem com pipocas na frente de uma aparelho de tv. Os mais jovens, já engajados em novas lutas , como a questão ambiental, queriam conhecer um passado ainda oculto. Os mais velhos na esperança de ver a história passada a limpo e, uma geração internediária, perdida, alienada, dominada pela cultura de massa. Entendi as risadas, o choro profundo e a curiosidade por conhecer nossa história. Certamente se os risonhos conhecessem o que realmente se passou naquele período não estariam a sorrir e, compreenderiam por que nosso aparato policial, até hoje, continua violento e praticanto torturas e atos de barbárie contra a população. Entenderiam, também, por que o estado brasileiro é palco de falcatruas constantes com o envolvimento da iniciativa privada no comando de setores  sensíveis ao desenvolvimento da nação. Entenderiam ,ainda, por que essa parcela bloqueia a transparência e a participação popular.  São heranças do período que não foram ainda passadas a limpo e que agora explodem com denúncias de torturas similares as barbaries dos campos de concentração nazista da segunda guerra mundial. E pensar que alguns jornais rotularam a ditadura brasileira de branda. O momento para a instalação da comissão da verdade é agora. Aos humoristas espera-se que saibam  fazer humor.




Nossa imprensa esportiva...

Uma partida de futebol, sem muita importância, como é a maioria, rolava no maraca. Um Fluminense x Bangu de dar sono, a não ser pela participação do narrador e do comentarista da tv. O time do Fluminense estava em decadência e o Bangu, sequer estava em alguma coisa. Terminado o primeiro tempo e o placar apontava vitória de 2x0 para o tricolor. Poucos minutos antes do início do segundo tempo, um diálogo sério e compenetrado , sim o diálogo foi sério e compenetrado, entre o narrador e comentarista. Vamos lá:
narrador : E aí *****, como está o jogo?
comentarista: Tá uma moleza só, tá certo ? Alí no meio passa tudo, tá entendendo ? O meio do Fluminense tá metendo todas nas costas do Bangu. Só tem baranga naquela defesa, tá certo ? É só encostar, tranquilo, toca a bola, tá certo ?, que mete mais . Agora, tem que tocar. Tocando é mais fácil.
narrador: Quer dizer que tá de bom tamanho ou cabe mais ?
comentarista; Cabe, cabe. Cabe mais sim. Olha aqui, o que não pode é forçar. Tem que tocar, tá entendendo? Agora, por enquanto tá de bom tamanho, mas se se chegar junto, ali no meio, mete todas. Tem que trabalhar ali no meio e encostar, tá certo ?
narrador : Taí o que você queria. Bola rolando para o segundo tempo.