terça-feira, 24 de abril de 2012

A Tragédia no Futebol e na Imprensa

A Tragédia no Futebol e na Imprensa



O futebol, com todos os seus personagens, pode ser entendido como uma perfeita metáfora da vida. Em uma profissão curta o jogador de futebol, quando bem sucedido, vive momentos de glória e trágédia. Alegria , tristeza, euforia, depressão, medo, sofrimento, dor, extrema visibilidade, ostracismo, raiva. O futebol é trágico e patético. O que dizer de um jogador , de joelhos em campo, desculpando-se diante do árbitro pela infração cometida. A emoção domina a lógica dos atores em cena, já que com batimentos cardíacos acima de  100 por minuto, qualquer razão fica condicionada ao estado do atleta.  E foram muitos   os personagens da bola que escreveram essa história. No momento, com forte estratégia de marketing, nem sempre trilhando os caminhos da ética, foi lançado um filme sobre um ilustre artista da bola.  Heleno  de Freitas, o jogador talentoso, o galã, o pavio curto, o bem sucedido entre as mulheres. Com todos esses requisitos Heleno tinha tudo para ser uma celebridade, e de fato assim aconteceu. Em tempos de um capitalismo , onde a voracidade sequer se imaginava como a dos dias atuais, Heleno era notícia. Vendia, dava lucro. Se envolveu em brigas, glórias, mulheres, drogas e morreu novo, vítima de sífilis que o levou a loucura. Para os dias atuais, onde através da engenharia genética virus são produzidos em laboratórios e epidemias são fabricadas, a sífilis pode ser vista com saudades e romantismo. Bons tempos aqueles, diriam alguns com a idade avançada. Que saudades da gonorréia, diriam outros. Heleno não foi o único no futebol. Assim como ele muitos nas artes, na política seguiram o mesmo caminho. Alguns ocuparam cargos de grande importância, como presidentes de seus países, grandes artistas ainda pipocam no noticiário com morte prematura, mas Heleno, foi Heleno.Bem maior que Heleno, Garrincha teve o mesmo caminho, independente de subjetividades bipolares. O mundo do futebol não contempla a neutralidade, principalmente para os atletas. A imprensa, como de costume, se alimenta dos artistas para garantir seu pão. Cria ídolos, reis, imperadores, jóias, príncipes, monstros sagrados e depois, num passe magistral, joga todos na mesma vala do esquecimento, pois não produzem mais o encantamento e, principalmente, o lucro. Das luzes dos holofotes , dos prêmios  recebidos, dos abraços e lágrimas pelas conquistas,  restam apenas lembranças, guardadas cuidadosamente em fotos, medalhas, troféus. Tudo isso para atletas com menos de quarenta anos de idade. Como manter a mesma adrenalina proporcionada pelos tempos de atleta, é chave da questão, é o que leva para uma nova vida, na terra, no céu ou no inferno. O romântico éter usado por Heleno, hoje é substituído pelo álcool, cocaína, crack e heroína e, certamente, esses novos personagens, ainda vivos e atuantes, um dia serão tema de filme, após suas mortes, claro. Para a imprensa são apenas produtos que serão vendidos enquanto existirem compradores, mesmo que entrando em endereço trocado. A tragédia que o futebol  proporciona é bem menor do que a criada pela imprensa.


 Nossa Imprensa Esportiva...

O ano era 1972. Comemorava-se no país os 150 anos da independência do país. O sequiscentenário, palavra que criou alguns constrangimentos na imprensa esportiva. Para comemorar a data o Brasil sediou uma competição de futebol, chamada de Mini Copa do Mundo ou Copa Independência. Participaram do evento 16 seleções de futebol, divididas em quatro grupos, assim como acontecia na Copa do Mundo na época. Por uma ironia do destino, chegam a para disputar a grande finalíssima as seleções de Brasil e Portugal. No dia da grande final, com o  maraca lotado, tribuna de honra repleta de autoridades, no momento em que as  seleções entravam em campo, um empolgado repórter de uma emissora de rádio saiu com essa :
" Brasil e Portugal em campo. Chega o grande momento do Brasil reafirmar sua independência, esse país que tem o presidente gente como a gente"
Detalhe : O presidente era o general Médici.

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