sexta-feira, 30 de março de 2012

O Quinto Poder

O Quinto Poder
Repercute nas mídias alternativas, em portais e em blogues sujos a matéria do último domingo do programa fantástico da tv globo. A armadilha criada por um repórter da emissora, para demonstrar possíveis casos de corrupção em órgãos da administração pública, teve um efeito contrário, atingindo em cheio a emissora e colocando em discussão o papel da chamada grande imprensa assim como as práticas utilizadas pelo jornalismo. Não é de hoje que o jornalismo, principalmente na televisão, tenta pautar os poderes da república e influenciar decisões que não são de sua competência, independente de casos de flagrantes ou outros. A lista é extensa, não configurando em ações pontuais da imprensa, daí a necessidade do debate. Vale lembrar alguns casos. Em um passado próximo, um caso marcante foi o assassinato de uma mulher da sociedade mineira , no então distrito de Búzios, litoral fluminense. Na metade da década de 1970 , Angela Diniz foi assassinada por seu companheiro, conhecido como Doca Street, ambos membros da sociedade. O motivo do crime ( vários tiros de  revólver a queima roupa) teria sido um flagrante de Doca quando Angela  mantinha relações sexuais com uma amiga do casal. O caso ganhou grande repercussão na mídia e foi a julgamento popular na Comarca de Cabo Frio. Independente da habilidade do advogado de Doca, o julgamento foi marcado , e ocorreu em meio a uma intensa propaganda machista e religiosa,  conduzida pela mídia e  que , certamente influenciou a decisão dos jurados. Doca foi absolvido, considerado inocente pela tese de defesa da honra, e na saída do tribunal foi aplaudido e ovacionado pelos populares na porta do Fórum.. Em um segundo julgamento, já que os familiares da vítima recorreram, aí sem os holofotes da imprensa, Doca foi condenado a passou boa parte de sua vida na penitenciária. Um outro caso de influencia da imprensa. teve contornos patéticos. Na campanha presidencial de 2010, o candidato apoiado ostensivamente pela imprensa, foi atingido por uma inofensiva bolinha de papel quando caminhava por um local de forte reduto de seu adversário na disputa. Imediatamente  quando recebeu a bolinha , funcionários da tv globo orientaram o candidato para simular um grave atentado, levando-o, inclusive, para uma clínica médica para ser submetido a uma tomografia , tudo isso acompanhado nos mínimos detalhes por câmeras da tv globo. Foi , inclusive, chamado para analisar  o "atentado" um perito em imagens que forneceu um  parecer, definitivo, da gravidade do caso. A tv globo, porém não contava que sua concorrente, o sbt, estava no local e gravou imagens por um outro ângulo diferente das imagens da tv globo, revelando que se tratava apenas de uma bolinha de papel inofensiva  que tinha atingido a parte mais frágil , visível e desprotegida do candidato e que tudo aquilo não passava de uma farsa para conduzir a opinião pública. Na internete, a reação foi imediata, fazendo com que a tv globo recuasse, e com sua cara de pau costumeira ignorasse o assunto. Um outro caso refere-se ao crime  que envolveu o casal  Nardoni, onde uma menina de sete anos, foi assassinada. A imprensa abraçou o caso de forma histérica, disponibilizando  análises e comentários a exaustão,  e exigindo a condenação do casal Nardoni. Ocorre que o tempo da tv não é o mesmo da polícia técnica, o que causou um descompasso na cobertura mas não retirou a imprensa de cena. O casal foi julgado culpado e condenado pelo crime, porém,  agora passados alguns anos, os advogados tentam recorrer pois alegam que o julgamento ocorreu sob forte influência da mídia, que "determinou" os culpados a priori.  Mais um caso envolveu um repórter do jornal extra, o popular dos Marinhos. Ao que se revelou para todos, o repórter, apenas por questões pessoais, teria participado de uma tentativa de ameaça física a um jogador de futebol. Em conluio com membros de uma torcida organizada do time do jogador em questão, o repórter passou a vigiar, diariamente, os passos do jogador informando aos membros da torcida o local  em que ele se encontrava, a noite, com um grupo de pessoas. O jogador chegou a ser ameaçado pelos supostos torcedores, pelo simples fato de sair as noites. O caso ganhou repercussão na internete, e para infelicidade do repórter, o atleta já desconfiava das intenções do repórter. Em vez de se sentir acuado com as "denúncias" de que estaria na farra, o atleta partiu prá cima do repórter, convocou coletivas de imprensa e desmascarou a farsa. A imprensa, de uma maneira geral, percebendo a mancada do jornal extra, calou-se em conjunto, como de costume. Entretanto a internete vive, e o assunto foi amplamente debatido. No momento que vimos jovens de torcida sendo assassinados em brigas, o comportamento da imprensa tem sido deplorável, revelando bandidos com microfone. Vale lembrar que o programa esportivo da tv bandeirantes, que acontece na hora do almoço, foi indiciado por incitar briga entre torcidas. Diante dos fatos , pode-se concluir que a imprensa no Brasil não é boa nem má, é irresponsável e vive relação harmônica com o banditismo. O caso agora do programa fantástico, mais uma vez as empresas dos Marinhos revela um comportamento que vem se acentuando desde a década de 1990. A imprensa , chamada como quarto poder, deseja se manter acima dos três  poderes da república, tentando influenciar e definir decisões, infelizmente, na minoria dos caso , com participação promíscua de pessoas desses poderes . Por outro lado, cresce o poder popular, principalmente com o advento das novas mídias, fazendo com que as trapaças, mentiras, manipulações  e outros crimes que a imprensa pratica sem qualquer pudor, sejam de imediato desmascarados, impondo, desta maneira, vergonhosas derrotas a um setor que , para o bem da democracia, necessita , urgente, de um novo marco regulatório. O quinto poder chegou, agiu e disse ao que veio.

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